2.02.2015

Vírus do ebola pode estar mais contagioso, dizem cientistas

Epidemia

Mutações foram identificadas por pesquisadores franceses. Doença continua a ser transmitida por fluidos corporais, não pelo ar

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Profissionais de saúde do grupo Médicos Sem Fronteiras trabalham na Libéria, um dos países mais afetados pelo ebola, em 18 de outrubro de 2014
Profissionais de saúde do grupo Médicos Sem Fronteiras trabalham na Libéria, um dos países mais afetados pelo ebola, em 18 de outrubro de 2014 - Zoom Dosso/AFP
O vírus do ebola sofreu mutações e pode ter se tornado mais contagioso. O alerta foi feito nesta quinta-feira por pesquisadores do Instituto Pasteur, na França, os primeiros a identificar a epidemia do ano passado.
Os cientistas analisaram 200 amostras de sangue de pessoas infectadas na Guiné, na África, e monitoraram as mudanças do vírus, a fim de descobrir se ele consegue passar de uma pessoa para outra mais facilmente. Mais 600 amostras devem ser estudadas nos próximos meses.
Não é raro que vírus se transformem com o tempo. O do ebola é um vírus de RNA, como o HIV e o da gripe, com grande capacidade de mutação. Por esse motivo, ele tem mais facilidade de se adaptar e de aumentar seu potencial de contágio.
O geneticista Anavaj Sakuntabhai, do Instituto Pasteur, disse à rede BBC que os cientistas têm observado muitos casos assintomáticos da doença. “Esses podem ser os infectados que mais transmitem o vírus. Nosso temor é que o ebola se torne menos mortal, mas mais contagioso”, disse o pesquisador. Apesar de ter sofrido mutações, o vírus continua a ser transmitido por fluidos contaminados (como sangue, fezes e urina), e não pelo ar. Para que isso acontecesse, dizem os pesquisadores, ele teria de passar por uma mutação “muito grande”.
Atualmente, o Instituto Pasteur trabalha em duas vacinas contra o ebola, com expectativa de começar os testes em humanos no fim do ano.
Epidemia — O número de novos casos de ebola confirmados totalizou 99 na semana encerrada em 25 de janeiro, o menor registro desde junho de 2014, informou a Organização Mundial da Saúde nesta quinta-feira. Ainda assim, a organização reforça que a epidemia não foi erradicada. "Os diagnósticos caem semana após semana e tendem a zerar, mas a doença ainda está presente em um terço das zonas dos três países afetados [Guiné, Libéria e Serra Leoa]", disse David Nabarro, coordenador da ONU para a luta contra a febre hemorrágica.
O Centro Africano de Controle de Doenças que a União Africana decidiu criar em 2015 permitirá reagir com mais rapidez no caso de uma nova epidemia, destacou Nabarro. "Levamos muito tempo para nos prepararmos. Precisamos de meios melhores de intervenção."
A comunidade internacional e a União Africana foram acusadas de passividade ante a epidemia que matou quase 9.000 pessoas em um ano. A epidemia evidenciou o estado desastroso dos sistemas de saúde em alguns países africanos.
(Com Reuters e Agência France-Presse)

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