2.07.2015

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco disse que o esquema de corrupção na Petrobras vem desde o governo Fernando Henrique (1997)


Informações usadas pela Justiça estão no depoimento de novembro do ano passado, feito no acordo de delação premiada.

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco detalhou o que seria a atuação dos operadores no desvio de dinheiro da empresa. As informações usadas pela Justiça estão no depoimento de novembro do ano passado, feito no acordo de delação premiada.
Nos pedidos que levaram à nona fase da Operação Lava Jato, o Ministério Público Federal argumentou que havia um imenso esquema criminoso para desviar bilhões da Petrobras. E que foi colocado em prática com a ajuda de intermediários.
Segundo os procuradores, as empreiteiras pagavam propina a então diretores da Petrobras para conseguir os contratos. E para receber o dinheiro sem deixar rastros, os diretores precisavam dos chamados operadores. Eram pessoas ligadas a construtoras que abriam contas no exterior, principalmente na Suíça, e também faziam pagamentos em dinheiro vivo.
Segundo o Ministério Público, um dos operadores era o tesoureiro nacional do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto. Era ele quem viabilizava o repasse de propina à legenda a partir de contratos da Petrobras. A investigação relaciona duas construtoras nas negociações diretas com o PT.
O documento afirma que os então presidentes da OAS, Leo Pinheiro, e da Queiroz Galvão, Idelfonso Collares, tratavam sobre pagamento de propinas diretamente com Joao Vaccari.
Na delação premiada, o ex-gerente executivo da Petrobras, Pedro Barusco, revelou que João Vaccari não era a única pessoa que operava para o PT. Havia também Zwi Skornicki, representante oficial do estaleiro Keppel Fels, entre 2003 e 2013. Ele era responsável pelas transferências bancárias de propina ao PT e a Barusco, em uma conta no Banco Delta, na Suíça.
O Ministério Público acusa os 11 operadores de oito crimes. Entre eles, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva e fraude em licitações. O Ministério Público Federal chegou a pedir o bloqueio de contas do tesoureiro do PT, João Vaccari, e dos outros dez operadores. Mas a Justiça negou, alegando que ainda é cedo.
A investigação revelou, ainda, que o operador Zwi Skornicki tinha bens de alto valor em casa, como joias e carros. E que ele também pagou propina ao ex-diretor de serviços Renato Duque, mesmo depois de ele ter saído da Petrobras. Foram US$ 14 milhões.
Desse total, US$ 12 milhões foram transferidos para Suíça e divididos entre Duque e seu então auxiliar, Pedro Barusco. Barusco também revelou na delação premiada que ele e Duque receberam propina em outro caso de corrupção na Petrobras.
O suborno da empresa holandesa SBM em contratos para fornecer plataformas. Barusco confessou que começou a receber propina da SBM em 97 ou 98, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. E que os pagamentos se tornaram sistemáticos no ano 2000, ainda no governo FHC. Barusco disse que recebia, nessa época, de US$ 25 mil a US$ 50 mil por mês.
Mas, na delação, Barusco não esclareceu se o dinheiro recebido naquela época era destinado ao PSDB, partido do então presidente da República, ou a alguma aliança que o apoiava.
A defesa de João Vaccari negou as acusações de que seria um operador no esquema de desvio de dinheiro na Petrobras. E afirmou que faz parte da atribuição do tesoureiro do PT a solicitação de contribuições à legenda. E que elas, quando feitas, foram todas de forma regular, com as contas prestadas às autoridades competentes.
A defesa de Vaccari negou que ele tenha se recusado a receber a polícia na quinta-feira (5). Disse que ele não ouviu as palmas. E que só escutou a movimentação quando os agentes já tinham pulado o muro da casa dele.
O Partido dos Trabalhadores afirmou que recebe apenas doações legais, declaradas à Justiça Eleitoral.
A Queiroz Galvão afirmou que não comenta investigações em andamento que todos os seus contratos seguem a legislação e que está à disposição das autoridades.
A OAS refutou veementemente as alegações.
Zwi Skornicki não quis se manifestar sobre a reportagem. O Jornal Nacional não conseguiu contato com a empresa Kepell Fels.
A SBM Offshore afirmou que as questões estão sob análise e, por isso, não poderia comentar. Mas alegou que está cooperando com as autoridades brasileiras.
A defesa de Renato Duque afirmou que ele nega todas as acusações e que nunca trabalhou ilicitamente na Petrobras ou fora dela.
O PSDB alegou que a posição do partido é sempre em defesa das investigações da Operação Lava Jato. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está viajando e não foi localizado.
Barusco disse que recebia, nessa época, de US$ 25 mil a US$ 50 mil por mês.
Mas, na delação, Barusco não esclareceu se o dinheiro recebido naquela época era destinado ao PSDB, partido do então presidente da República, ou a alguma aliança que o apoiava.
A defesa de João Vaccari negou as acusações de que seria um operador no esquema de desvio de dinheiro na Petrobras. E afirmou que faz parte da atribuição do tesoureiro do PT a solicitação de contribuições à legenda. E que elas, quando feitas, foram todas de forma regular, com as contas prestadas às autoridades competentes.
A defesa de Vaccari negou que ele tenha se recusado a receber a polícia na quinta-feira (5). Disse que ele não ouviu as palmas. E que só escutou a movimentação quando os agentes já tinham pulado o muro da casa dele.
O Partido dos Trabalhadores afirmou que recebe apenas doações legais, declaradas à Justiça Eleitoral.
A Queiroz Galvão afirmou que não comenta investigações em andamento que todos os seus contratos seguem a legislação e que está à disposição das autoridades.
A OAS refutou veementemente as alegações.
Zwi Skornicki não quis se manifestar sobre a reportagem. O Jornal Nacional não conseguiu contato com a empresa Kepell Fels.
A SBM Offshore afirmou que as questões estão sob análise e, por isso, não poderia comentar. Mas alegou que está cooperando com as autoridades brasileiras.
A defesa de Renato Duque afirmou que ele nega todas as acusações e que nunca trabalhou ilicitamente na Petrobras ou fora dela.
O PSDB alegou que a posição do partido é sempre em defesa das investigações da Operação Lava Jato. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está viajando e não foi localizado.

O segredo do caixa 2 de FHC

Morrem com Andrade Vieira os detalhes da campanha do ex-presidente tucano
Rodrigo Trevisan
José Eduardo Andrade Vieira
Seu Bamerindus acabou liquidado
A morte, no domingo 1°, do ex-ministro e ex-senador José Eduardo Andrade Vieira, aos 76 anos, por causa de uma parada cardíaca, mantém na penumbra alguns episódios importantes da política e da economia na década de 1990.
Em 2000, o titular da Agricultura entre 1995 e 1996 revelou detalhes do caixa de campanha de Fernando Henrique, alimentado com significativo volume de aportes em espécie feitos por empresas e indivíduos para driblar a identificação dos doadores à Justiça Eleitoral.
O ex-presidente acompanhava minuciosamente a arrecadação e cerca de 100 milhões de reais nunca apareceram na contabilidade oficial da campanha, declarou Andrade Vieira ao Ministério Público.
Ele participou ativamente do esquema de arrecadação e isso, provavelmente, aumentou o seu ressentimento em relação a FHC quando o Banco Central, em 1997, liquidou o Bamerindus, uma das maiores instituições financeiras do País, controlado por sua família. Atribuiu a intervenção do BC às preocupações do tucano em relação às suas ambições políticas.
Em 1994, o ex-banqueiro tentou lançar-se candidato à Presidência, nas eleições vencidas por FHC. O Bamerindus, desmembrado pelo BC, foi adquirido parcialmente pelo HSBC.
O negócio, facilitado pela intervenção, foi ruim para a família Andrade Vieira, controladora da instituição, e não pareceu bom para Brasil. Em 2008, o lucro das operações locais do HSBC, devidamente remetido à matriz, foi o quarto maior no mundo, atrás de Hong Kong, China e Reino Unido

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