Ex-presidente americano Bill Clinton diz que o País tem muito do que se orgulhar no campo ambiental, mas alerta que não dá para descarbonizar sozinho
Edson Franco, enviado especial a Manaus
Depois, por cerca de uma hora, o ex-presidente desfilou números, falou da sua experiência à frente do governo americano, lembrou histórias no mundo e revelou alguns projetos nos quais a Fundação Bill Clinton está envolvida.
Começou jogando para a torcida ao dizer que não imagina um futuro sustentável “sem passar pelo Brasil”. Ele afirmou que os brasileiros têm muito para comemorar no campo ambiental. Um exemplo é o fato de, segundo Clinton, o País ter mais de 80% de sua energia vinda de hidrelétricas.
Apesar disso, ele lembrou que o Brasil não pode construir o seu futuro sustentável sozinho. Depende de aprender com exemplos externos e fazer alianças. E, como todo mundo por aqui parece concordar, precisa contar com o apoio e a participação dos brasileiros. Lembrando o cartaz convocando americanos para a guerra, Clinton resumiu a questão ao dizer: “O mundo precisa de você”.
O ex-presidente não escapou da questão nuclear, tema preponderante em Manaus. Não foi categórico em defender ou condenar a construção de usinas, mas levantou pelo menos um senão. “Se for construir uma usina e não tiver onde enterrar os dejetos radioativos por milênios, você está com um problema na mão.”
Clinton estava tão pouco acessível durante a sua visita a Manaus que a primeira pergunta lida no palco por Ana Paula Padrão foi feita pelo governador do Amazonas, Omar Aziz. O ex-presidente respondeu a mais uma meia dúzia de questões, nenhuma feita por jornalistas.
Energia
O Fórum Mundial de Sustentabilidade chega ao último dia sem perder energia. A movimentação ainda é intensa no hotel Tropical e a expectativa é grande para acompanhar a apresentação da estrela do dia, o ex-presidente dos EUA Bill Clinton. Às 15h30, ele faz uma palestra na qual irá elencar o que há de humanístico na sustentabilidade.
O consultor ambiental Fabio Feldmann abriu os trabalhos deste sábado falando de políticas públicas sustentáveis. Lembrou a dificuldade que foi a aceitação inicial do rodízio de veículos em São Paulo (“Chegaram a fazer adesivos com frases contra a minha mãe”), falou sobre a força que os verdes ganharam após o desempenho de Marina Silva na eleição presidencial do ano passado, defendeu licitações sustentáveis (“É absurdo o governo deixar de comprar lâmpadas econômicas”) e, assim como Arnold Schwarzenegger, disse que o discurso ambientalista precisa ganhar contornos mais sedutores para “tocar os corações”.
Após o discurso de Bill Clinton, sobe ao palco o senador Eduardo Braga, que vai falar sobre desenvolvimento sustentável na Amazônia. Fechando o dia aqui no hotel Tropical, o organizador do evento, João Dória Jr., lê o manifesto “Por um Planeta Mais Sustentável”, às 17h30.
Mas o encontro não termina aí. Encerradas as atividades no hotel, o povo migra para o Teatro Amazonas, onde, às 20h30, acontece a Hora do Planeta, ação do WWF para alertar o mundo sobre o aquecimento global. Uma apresentação da Orquestra de Câmara do Amazonas e um show de fogos colocam ponto final no fórum às 23h.
Clique aqui e leia também a cobertura sobre o primeiro dia do Fórum, no qual o ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, participou de palestra e falou sobre o etanol brasileiro.
Clique aqui e leia também a cobertura sobre o segundo dia do Fórum, no qual o dono da Virgin, Richard Branson, falou que as empresas devem ser forças do bem, e não apenas máquinas de fazer dinheiro.
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