3.26.2011

Um novo tratamento para a Síndrome de Tourette


Condição neurológica atinge principalmente as crianças e é conhecida pelos tiques nervosos. O novo tratamento promete ensinar essas crianças a ''domar'' seus cérebros e praticamente cura a desordem.
Síndrome é conhecida pelos tiques: os pacientes respondem a diferentes estímulos com gritos, palmas ou outros tiques nervosos involuntários
Uma possível cura para a síndrome de Tourette podem ser sessões de terapia comportamental durante a infância, de acordo com um novo estudo da Universidade de Nottingham, no Reino Unido. A pesquisa, que utilizou imagens dos cérebros de crianças para estudar o desenvolvimento da desordem, aponta que esse órgão se desenvolve de uma forma bastante peculiar, o que pode abrir espaço para novos tratamentos que não necessitem de nenhuma droga.

A síndrome de Tourette é uma desordem neurológica que afeta principalmente homens e começa a ser percebida durante a infância. Ela é caracterizada pela exacerbação involuntária dos conhecidos tiques nervosos: a pessoa tem reações extremas a alguns estímulos que, normalmente, outros não têm. Alguns pacientes podem responder a um susto, por exemplo, com um bater de palmas, ou há ainda aqueles que encontram outra pessoa e não conseguem manter um diálogo sem inserir, compulsoriamente, um palavrão na frase.

O estudo descobriu que durante a adolescência, o cérebro dos pacientes se “reorganiza”, e é nesse momento que podem entrar as sessões de terapia comportamental para ensiná-los a controlar esses impulsos. Isso é importante porque, hoje, não se acredita que haja uma cura para a condição, e os únicos tratamentos disponíveis são à base de drogas pesadas.

Para chegar aos resultados, os autores do estudo, professores Stephen Jackson e Georgina Jackson, trabalharam esse tipo de terapia junto a um grupo de crianças e compararam os resultados, usando as imagens de seus cérebros, com os de um grupo de controle. Os mesmo pesquisadores já tinham conseguido mostrar antes que as crianças com síndrome de Tourette têm mais controle sobre seus sistema motor que crianças normais, o que fez aflorar a ideia de que talvez isso fosse justificável por uma compensação cerebral que poderia ser usada e “domada” durante o tratamento.

“O novo estudo demonstra que esse maior controle sobre o sistema motor é acompanhado por alterações estruturais e funcionais no cérebro. Isso sugere que um treinamento não farmacológico do cérebro pode ser um bom e efetivo tratamento para a síndrome de Tourette”, disse o professor Stephen.

A síndrome de Tourette é uma desordem neurológica herdada geneticamente que afeta uma em cada cem crianças. Ela tende a ser diagnosticada e notada pela primeira vez quando as crianças chegam aos seis ou sete anos, havendo um pique nos tiques no início da puberdade. A maioria das pessoas continuam com os sintomas por toda a vida.
Revista Època

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