A semelhança do ponto de vista genético, do ser humano com os chipanzés é tão grande, que os cientistas durante muitos anos estão tentando compreender porque os chipanzés não falam. Como essa profunda transformação surgiu ao longo da evolução?.
A questão é curiosa: afinal, se homens e chimpanzés compartilham mais de 99% dos genes, por que nós falamos e eles não?
Pouco se sabe ainda sobre os mecanismos biológicos da fala, mas recentemente parece que uma resposta pode ter sido encontrada por um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia que, em estudo publicado na Nature, por Daniel H. Geschwind, sugerem que a capacidade da fala do homem deverá, em parte, à evolução de um único gene.
Considerando o gene FOXP2 no cromossomo 7, isolado recentemente pelo grupo do Professor Anthony Monaco do. Merton College,Oxford University.
Mutações nesse gene causam deficiências específicas de linguagem, de forma tal que o gene parece ser necessário para o desenvolvimento adequado da fala e da linguagem humana.
No entanto, ninguém sonharia em argumentar que o FOXP2 “determina” a fala.
Mais exatamente, ele permite que a mente humana absorva, a partir das experiências vividas na primeira infância, o aprendizado necessário para falar, possibilitando a criação da fala.
Charles Darwin dizia que a linguagem é “um instinto de aquisição de uma arte”.
Estas mutações no gene FOXP2 relacionadas a distúrbios de fala e linguagem em humanos, foi a pista para investigar se ele seria um elemento decisivo para essa habilidade.
Utilizando células e tecido humanos e tecido do cérebro de chimpanzés, os pesquisadores constataram que mutações no FOXP2 durante sua evolução nas duas espécies mudaram a maneira como ele funciona.
A composição dos aminoácidos das proteínas do gene encontrado em humanos mudou bastante à medida que a linguagem surgiu no homem moderno.
Isso explica qual gene atua “ligando e desligando” diferentes genes em chimpanzés e humanos e porque o cérebro do nosso primo símio não nasce com os circuitos da fala.
Graças à identificação dos genes influenciados pelo FOXP2, temos um novo conjunto de ferramentas para estudar como a linguagem humana é regulada ao nível molecular. Será possível perceber as perturbações da fala associadas ao autismo ou a esquizofrenia, e talvez, um dia, encontrar formas de atenuá-las.
Além disso, poderemos entender a evolução de outras habilidades humanas, como percepção, intuição e razão.
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