2.16.2012

Medicamento Vareniclina(chantix) usado no combate ao tabagismo pode ser útil no tratamento do alcoolismo


Vareniclina, comercialmente vendida com o nome de Chantix, potencializa os efeitos adversos do álcool, o que pode levar à redução do consumo

CHICAGO — Indicado para quem quer parar de fumar, o medicamento vareniclina, vendido com o nome de Chantix, pode se tornar uma arma também no combate ao alcoolismo. Isto porque o remédio potencializa os efeitos adversos das bebidas alcoólicas, o que pode estimular a redução do consumo. Foi o que revelou um estudo da Universidade de Chicago.
No experimento, bebedores sociais, que consumiam álcool moderadamente ou em grande quantidade, relataram disforia (estado caracterizado por ansiedade, depressão e inquietude) ao beber três horas após terem recebido uma única dose de vareniclina. Eles disseram também que o prazer de beber diminuiu, mesmo depois que os pesquisadores controlaram os efeitos causados pela droga, como náusea. Estas respostas subjetivas, concluiu o trabalho, poderia desestimular pessoas com propensão a abusar do álcool.
Anteriormente, alguns pacientes que receberam prescrição de Chantix para parar de fumar já haviam relatado uma redução no consumo de álcool, e estudos controlados com animais e humanos apontaram para o mesmo efeito. Os pesquisadores, agora, buscam mecanismos neurobiológicos que conectem a vareniclina, um antagonista dos receptores de nicotina do cérebro, à redução do desejo de ingerir álcool.
— Fumantes que usam vareniclina são de duas ou três vezes mais propensos a se manter longe do cigarro seis meses após a data em que pararam de fumar — conta Emma Childs, pesquisadora associada da Universidade de Chicago. — E muitos pacientes tratados com vareniclina também relataram redução no consumo de álcool; então, os pesquisadores agora querem saber se este é um efeito real, e como é produzido.
O estudo foi o primeiro a avaliar os efeitos de uma única dose de vareniclina na resposta subjetiva da ingestão de álcool. Além de beber, os participantes fumavam, em média, quatro cigarros por dia.
Oito homens e sete mulheres participaram de seis sessões diferentes no laboratório. Em cada dia, recebiam uma cápsula de vareniclina ou placebo, e, três horas depois, tomavam um drink contendo 0,04 ou 0.8 mg/kg de álcool. Pesquisadores monitoraram os efeitos cardiovasculares e no movimento dos olhos da bebida, e todos responderam questionários em que relatavam sensações subjetivas.
Comparada à ingestão de placebo, a vareniclina aumentou queixas como náusea, aceleração do batimento cardíaco e aumento da pressão sanguínea. Depois da ingestão de um drink, a sensação de disforia aumentou, enquanto os efeitos do álcool sobre o movimento dos olhos, que é muito comum, foi reduzido.
— Nossas descobertas lançam luz no mecanismo que explica por que as pessoas consomem menos álcool quando usam vareniclina — diz Emma Childs. — Os efeitos prazerosos do álcool, como, por exemplo, ficar mais comunicativo, são associados com grande consumo de bebida. Se a vareniclina reduz estes efeitos e aumenta as sensações desagradáveis, pode ser que a pessoa consuma menos álcool ao tomar este medicamento.

O Globo

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