O consumo de suplementos alimentares vem crescendo no país, principalmente por malhadores de carteirinha. Eles são apresentados na forma de comprimidos, cápsulas, pós ou líquidos. Mas é preciso saber como e quando usá-los. O uso em excesso ou sem orientação de um profissional pode causar danos graves, explica a nutróloga e médica ortomolecular Liliane Oppermann.
Para orientar o consumidor e garantir maior controle o Ministério da Saúde divide os suplementos em grupos.
Energéticos: podem ser usados antes, durante ou após treinos e provas, dependendo das características do indivíduo e do esporte. Fornecem basicamente energia, vinda sobretudo de carboidratos, e são encontrados em pó ou gel. São exemplos: maltodextrina, dextrose.
Protéicos: indicados para completar a ingestão protéica da dieta. O horário de consumo depende de uma série de fatores, mas muitas vezes são indicados para após o treino. Podem ser encontrados em pó, gel ou barra. Fazem parte do grupo a Whey Protein, a Albumina, a Caseína e o Isolado Protéico de soja, além das barras de proteína.
Compensadores: contém carboidratos, proteínas e lipídios, além de vitaminas e minerais. Encontrados em pó ou líquido. Indicados para desnutridos ou para atletas com necessidades aumentadas devido ao estado fisiológico, limitações na dieta ou tipo de exercício.
Repositores: São bebidas esportivas com o objetivo de repor água, eletrólitos e carboidratos de forma mais rápida, evitando a desidratação de uma atividade intensa/longa. Indicado para corredores, ciclistas.
Aminoácidos: fazem parte deste grupo os aminoácidos, indicados para aumento da massa muscular. Como exemplo temos os BCAAs, nome dado aos aminoácidos da cadeia ramificada, Leucina, Isoleucina e Valina. Os BCAAS, são indicados para recuperação muscular e para exercícios de longa duração.
A suplementação deve sempre ser acompanhada por um profissional e associada a uma dieta já planejada para a modalidade esportiva em questão.
ANTES DE COMPRAR UM SUPLEMENTO
Organize a sua agenda para conseguir malhar e ter uma dieta saudável. Os suplementos agem como coadjuvantes dessa dupla.
Não acredite em todas as pesquisas publicadas na internet. Grande parte é financiada pelos próprios laboratórios que comercializam os produtos.
Procure uma nutróloga para saber a dosagem e a forma correta de utilizar um suplemento. Além de mais seguro, funciona melhor.
Duvide de produtos que não apontam os princípios ativos da fórmula e só utilizam apenas o termo “poderosas substâncias” para endossar sua eficácia.
Entre as substâncias utilizadas por quem malha e que podem causar algum prejuízo para os rins estão a cafeína, usada como estimulante; creatina, usada para “inchar” os músculos nos treinos; e os esteroides, que têm como objetivo também a explosão muscular e, às vezes, também a definição.
Morte muscular
Os esteroides são os piores vilões para os rins humanos. O uso deles pode causar insuficiência renal decorrente de rabdomiolise — caso grave de morte muscular.
“A presença massiva destes nutrientes no sangue causa sobrecarga do rim. A longo prazo, isso gera envelhecimento do órgão”, explicou Sloboda. O envelhecimento dos rins é considerado extremamente grave até porque ele é um dos órgãos internos que têm baixa capacidade de se regenerar.
No entanto, o médico ressalta que os suplementos não estão proibidos. “O importante é que sejam prescritos por nutricionista e que sejam ingeridos na quantidade recomendada”,Engana-se o consumidor de suplemento alimentar que se considera protegido pelo rótulo do produto. Muitos deles não indicam a presença de efedrina. “Você pode estar tomando sem saber”, no caso dos importados, há embalagens sem informações em português, como manda a lei.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) alega que faz inspeções periódicas por amostragem e que não tem como verificar a totalidade dos produtos oferecidos no mercado. O órgão atua mediante denúncia por telefone ao Disque Saúde (tel. 0800-611997) ou feita às vigilâncias sanitárias estaduais e municipais, diz Antônia Aquino, gerente de produtos especiais da agência.
Nos Estados Unidos, a FDA (agência norte-americana que regulamenta a produção de medicamentos e alimentos) alerta aos consumidores que não usem a substância. Conhecida por sua ação como acelerador de queima de calorias, a efedrina é vendida em lojas de suplemento alimentar, em academias de ginástica e pela internet –se bobear, até na clínica do acupunturista.
Segundo estudo divulgado pela Associação Médica Americana no início deste ano, a efedrina provocou a morte de cinco pessoas, outras cinco tiveram problemas cardíacos, 11 sofreram acidente vascular e quatro consumidores tiveram ataques de epilepsia. No esporte, seu uso é considerado doping.
Anabolizantes no suplemento
E a bomba é ainda maior do que se imagina. A Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva denuncia a presença de anabolizantes esteróides em suplementos alimentares importados sem a devida indicação no rótulo. “Esses produtos estão sem controle e à venda para quem quiser comprar”,Os anabolizantes esteróides, cuja venda sem receita médica é proibida, prometem deixar o atleta “bombado”. Porém trata-se de droga indicada apenas para mulheres na pós-menopausa com perda de massa óssea ou atrofia muscular progressiva. “Fora isso, são indicados para pessoas com desnutrição severa, provocada por doenças como hepatite crônica, câncer ou Aids”,. Acne é o efeito colateral mais leve da droga, que pode provocar de arritmia cardíaca a aumento do LDL (colesterol “ruim”) e esterilidade.
Nem mesmo os produtos liberados para a venda são totalmente inofensivos quando consumidos aleatoriamente. Os suplementos alimentares devem ser usados com indicação específica e sob a orientação de um médico ou nutricionista,
Aos 18 anos de idade, o segurança Vagner Cavalcanti Valentim, 30, diz que procurou orientação em revistas especializadas sobre o suplemento que o deixaria “mais forte”. “Comecei a usar hiperprotéicos com 2.000 calorias em cada dose. Tive diarréia logo no primeiro mês porque não estava acostumado. Diminuí a dosagem e consegui o efeito que queria”, diz ele, que hoje mantém a forma física à base de sessões de musculação e do consumo de proteínas e aminoácidos.
“O nosso grande problema é a falta de profissionalismo no ramo. Tem muito cacareco no mercado que o pessoal toma sem indicação. Eu vendo saúde”, diz Marcelo José Paulo, 33, proprietário de uma das lojas de suplementos alimentares visitadas pela reportagem.
O consumo indiscriminado e excessivo dos suplementos sobrecarrega os rins e o fígado, podendo provocar sérias lesões nesses órgãos e efeitos colaterais, como dor de cabeça e de estômago, náuseas, aumento da gordura total e localizada, insônia, taquicardia e retenção desordenada de líquidos.
Como se não bastassem os efeitos colaterais, especialistas dizem que os suplementos, para quem busca abdômen de “tanquinho” ou massa muscular, por exemplo, são balela. “Eles não acrescentam nada. Isso é um mito. Em geral, é para não serem usados, porque não há nenhuma comprovação científica de que os suplementos atuem com finalidade estética ou ergogênica”.
Uma alimentação saudável supre e atende a maior parte dos requisitos necessários para a prática de esportes. “Nenhuma grande modificação ocorre com o uso dessas substâncias”,
O engenheiro Rodolfo Paku, 46, é um exemplo de usuário responsável. “Sou viciado em corrida. Sempre que saio para correr, tomo carboidrato em gel”, diz ele, que, antes de partir para as compras de suplemento, detectou, por meio de check-up, o quanto perdia de água durante a atividade física e os nutrientes que seu organismo mais necessitava.
Já a auxiliar administrativa Luciana Ferreira Braga, 25, que queria perder peso, mas não conseguia só com dietas e malhação, partiu para os queimadores de gordura. “Por indicação do meu marido, que é instrutor. Tinha 63 quilos e emagreci cinco, ficando com um corpo legal. Depois que parei, eu relaxei e acabei engordando dez quilos”, lamenta.
Quase anabolizantes
Existe um grupo específico de suplemento que recebe um alerta dos especialistas. São os chamados pró-hormônios, caso do DHEA (dehidroepiandrostero na), que estimula a produção de testosterona pelo organismo.“Os pró-hormônios causam uma “salada química” no organismo, chegando a ser responsáveis também por casos de ginecomastia (aumento das mamas masculinas)”. São considerados precursores dos anabolizantes por terem a mesma base. Apesar disso, o consumo dos pró-hormônios ainda não foi proibido. “A pessoa acha que não está tomando anabolizantes, mas está”,
Não há dados oficiais, mas os profissionais da área estimam que a faixa etária dos consumidores fica entre os 17 e os 35 anos, os quais, em sua maioria, frequentam academia.
“Uma pesquisa feita nos Estados Unidos apontou que 70% dos praticantes de atividades físicas tomam algum tipo de suplemento. A porcentagem aumenta para 100% entre os praticantes de musculação das academias. Acredito que os números são parecidos entre os brasileiros”,.
Uma ‘bomba’ para os rins
Presentes na dieta de muitos adeptos da musculação, os suplementos alimentares, quando usados em excesso, podem causar problemas sérios nos rins. O perigo aumenta ainda mais no verão, quando a busca pelo corpo perfeito se acelera, fazendo com que aumente também a procura por esteroides.
Segundo o nefrologista André Sloboda, suplementos são para complementar a alimentação. Quando usados em excesso, acabam sobrecarregando o rim, órgão responsável por filtrar as impurezas do sangue.
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Segundo o nefrologista André Sloboda, suplementos são para complementar a alimentação. Quando usados em excesso, acabam sobrecarregando o rim, órgão responsável por filtrar as impurezas do sangue.
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