*Por Drauzio Varella
A prevenção do câncer de intestino é muito precária entre nós. Grande número de mulheres e homens só chega ao diagnóstico quando os tumores já se encontram em fase avançada de crescimento ou estão disseminados para o fígado e os pulmões.
Caracteristicamente, o câncer de intestino desenvolve-se a partir de lesões precursoras: os pólipos, estruturas geralmente em forma de cogumelo que fazem saliência na mucosa do intestino grosso: cólon, sigmoide e reto. Tumores malignos no intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) são raros.
Na fase inicial, os sintomas costumam ser vagos ou inexistentes. À medida que o tumor cresce, podem aparecer laivos de sangue nas fezes – muitas vezes atribuídos equivocadamente às hemorroidas –, cólicas e quadros de diarreia seguidos de prisão de ventre. Episódios de diarreia alternados com períodos de obstipação são especialmente suspeitos.
No passado, a prevenção ficava limitada à pesquisa de sangue oculto nas fezes, exame através do qual é possível detectar a presença de hemácias.
Quando o resultado era positivo ou havia suspeita clínica de câncer, contávamos apenas com o raio X feito após administração de contraste por via oral ou retal para confirmar a presença da lesão instalada.
O advento dos fibroscópios flexíveis revolucionou o campo da prevenção, porque tornou possível examinar as porções mais baixas do intestino (reto e sigmoide), através da retossigmodeoscopia, de forma simples e segura, no próprio consultório, e desenvolver a colonoscopia, realizada sob sedação, com aparelhos capazes de visualizar o cólon inteiro, do reto à válvula íleo-cecal, localizada na fronteira com o íleo.
Ao contrário dos raios X, a colonoscopia não é simples exame diagnóstico; os colonoscópios são dotados de um dispositivo em forma de garra que lhes permite retirar os pólipos eventualmente presentes.
Se todas as pessoas em idade de risco fossem submetidas à colonoscopia de rotina, com ressecção de todos os pólipos encontrados, ninguém mais teria câncer de cólon ou reto.
Em 6 de março, o American College of Physicians publicou no Annals of Internal Medicine as novas recomendações para a prevenção do câncer de intestino:
1. O “screening” deve começar aos 50 anos.
2. Cabe ao médico avaliar o risco individual. Os seguintes fatores estão envolvidos na incidência e na mortalidade: idade igual ou acima de 50 anos; raça negra; história pessoal de pólipos ou de doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa; e história familiar de câncer de cólon ou reto.
3. Nos grupos de risco mais alto, o “screening” deve ser iniciado aos 40 anos ou dez anos mais cedo do que a idade que o mais jovem da família tinha ao receber o diagnóstico de câncer do intestino. Nessas populações, os benefícios potenciais de redução da mortalidade graças à detecção precoce justificam os riscos potenciais da colonoscopia.
4. Casos de baixo risco podem ser avaliados pela pesquisa de sangue oculto nas fezes, retossigmoideoscopia ou colonoscopia. Naqueles que correm risco mais alto a colonoscopia é o exame de escolha.
5. Quando a primeira colonoscopia foi normal, a seguinte deve ser realizada dez anos mais tarde. No caso da retossigmoideoscopia normal, o intervalo cai para cinco anos, e para um ano quando o “screening” ficar restrito à pesquisa de sangue oculto.
6. Adultos com mais de 75 anos, que tenham expectativa de vida menor do que dez anos, podem ser poupados dos exames invasivos, porque os riscos são maiores do que os benefícios.
Embora bastante seguras, colonoscopias e retossigmoideoscopias podem provocar sangramentos, perfuração intestinal (menos de 1% dos casos) e reações adversas relacionadas com o preparo utilizado para esvaziar os intestinos.
Perdi a conta de quantos pacientes com câncer de cólon ouvi dizer que teriam feito colonoscopia caso seus médicos tivessem solicitado.
A prevenção do câncer de intestino é muito precária entre nós. Grande número de mulheres e homens só chega ao diagnóstico quando os tumores já se encontram em fase avançada de crescimento ou estão disseminados para o fígado e os pulmões.
Caracteristicamente, o câncer de intestino desenvolve-se a partir de lesões precursoras: os pólipos, estruturas geralmente em forma de cogumelo que fazem saliência na mucosa do intestino grosso: cólon, sigmoide e reto. Tumores malignos no intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo) são raros.
Na fase inicial, os sintomas costumam ser vagos ou inexistentes. À medida que o tumor cresce, podem aparecer laivos de sangue nas fezes – muitas vezes atribuídos equivocadamente às hemorroidas –, cólicas e quadros de diarreia seguidos de prisão de ventre. Episódios de diarreia alternados com períodos de obstipação são especialmente suspeitos.
No passado, a prevenção ficava limitada à pesquisa de sangue oculto nas fezes, exame através do qual é possível detectar a presença de hemácias.
Quando o resultado era positivo ou havia suspeita clínica de câncer, contávamos apenas com o raio X feito após administração de contraste por via oral ou retal para confirmar a presença da lesão instalada.
O advento dos fibroscópios flexíveis revolucionou o campo da prevenção, porque tornou possível examinar as porções mais baixas do intestino (reto e sigmoide), através da retossigmodeoscopia, de forma simples e segura, no próprio consultório, e desenvolver a colonoscopia, realizada sob sedação, com aparelhos capazes de visualizar o cólon inteiro, do reto à válvula íleo-cecal, localizada na fronteira com o íleo.
Ao contrário dos raios X, a colonoscopia não é simples exame diagnóstico; os colonoscópios são dotados de um dispositivo em forma de garra que lhes permite retirar os pólipos eventualmente presentes.
Se todas as pessoas em idade de risco fossem submetidas à colonoscopia de rotina, com ressecção de todos os pólipos encontrados, ninguém mais teria câncer de cólon ou reto.
Em 6 de março, o American College of Physicians publicou no Annals of Internal Medicine as novas recomendações para a prevenção do câncer de intestino:
1. O “screening” deve começar aos 50 anos.
2. Cabe ao médico avaliar o risco individual. Os seguintes fatores estão envolvidos na incidência e na mortalidade: idade igual ou acima de 50 anos; raça negra; história pessoal de pólipos ou de doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa; e história familiar de câncer de cólon ou reto.
3. Nos grupos de risco mais alto, o “screening” deve ser iniciado aos 40 anos ou dez anos mais cedo do que a idade que o mais jovem da família tinha ao receber o diagnóstico de câncer do intestino. Nessas populações, os benefícios potenciais de redução da mortalidade graças à detecção precoce justificam os riscos potenciais da colonoscopia.
4. Casos de baixo risco podem ser avaliados pela pesquisa de sangue oculto nas fezes, retossigmoideoscopia ou colonoscopia. Naqueles que correm risco mais alto a colonoscopia é o exame de escolha.
5. Quando a primeira colonoscopia foi normal, a seguinte deve ser realizada dez anos mais tarde. No caso da retossigmoideoscopia normal, o intervalo cai para cinco anos, e para um ano quando o “screening” ficar restrito à pesquisa de sangue oculto.
6. Adultos com mais de 75 anos, que tenham expectativa de vida menor do que dez anos, podem ser poupados dos exames invasivos, porque os riscos são maiores do que os benefícios.
Embora bastante seguras, colonoscopias e retossigmoideoscopias podem provocar sangramentos, perfuração intestinal (menos de 1% dos casos) e reações adversas relacionadas com o preparo utilizado para esvaziar os intestinos.
Perdi a conta de quantos pacientes com câncer de cólon ouvi dizer que teriam feito colonoscopia caso seus médicos tivessem solicitado.
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