ATESTADO DE IDIOTA
Laerte Braga
A revista VEJA e o grupo GLOBO (jornal, revista, rádio e tevê)
imaginam que os brasileiros sejam todos idiotas e engolirão sem questionar as
declarações de Gilmar Mendes afirmando que Lula pediu que o julgamento do
mensalão fosse adiado em troca de não envolver Gilmar com a construtora Delta e
os negócios de Carlos Cachoeira.
É simples entender isso. Basta voltar um pouco no passado,
quando William Bonner, apresentador do JORNAL NACIONAL, rotulou o telespectador
daquela revista televisiva de “Homer Simpson”. Alusão a um personagem de uma série
da tevê americana apresentado como idiota, mais precisamente como ingênuo.
Gilmar é useiro e vezeiro nesse tipo de expediente. Fez o
mesmo quando concedeu dois habeas corpus a Daniel Dantas e se valeu de VEJA
para tentar desmoralizar o delegado Protógenes Queiroz. O personagem escolhido
para coadjuvar foi Demóstenes Torres e agora envolve outra figura complicada, Nélson
Jobim, em sua história, em sua mentira.
Jobim já desmentiu, lógico, é esperto para cair nessa, ou se
deixar envolver por um bandido sem qualquer escrúpulo, que virou ministro do Supremo
Tribunal Federal para garantir a impunidade de FHC e seus parceiros. Como ele
Jobim que foi para o STF e se declarou, em sua posse, “líder do governo”
naquela Corte. Começou ali a desmoralização da Casa.
É um erro imaginar que Lula – sem análise de mérito de seu
governo, mas de sua capacidade como político – fosse agir dessa forma, ou se
dirigir a uma figura repulsiva como Gilmar Dantas para pedir alguma coisa,
qualquer coisa que fosse, ou seja. Mas é crível imaginar que a visita a Jobim
foi marcada com antecedência e aí deu a cara a tapas, não é possível que não
saiba quem é Jobim.
VEJA e os veículos GLOBO apostaram no fato, a revista ao
inventá-los e os parceiros a replicá-lo insistentemente, naquela convicção que
basta noticiar que a dúvida fica lançada e alguém, certamente, vai dar crédito.
Tal e qual a história da apresentadora Xuxa com os “abusos
sexuais”. Foram muitos, não sabe quem abusou e ao perceber a reação negativa
junto à opinião pública, a repercussão nas redes sociais, não quis mais tocar
no assunto.
O que está em jogo é grande demais para que bandidos deixem
barato.
O esquema Cachoeira é apenas uma ponta de um iceberg que
mais que políticos corruptos envolve empresas corruptoras e um mundo
institucional falido. É evidente, políticos corruptos são substituíveis por
outros, empresas, bancos, latifundiários não. São sempre os mesmos e seus herdeiros
desde tempo imemoriais.
O modelo político e econômico arrombado pela porta da frente
e a dos fundos. Não interessa aos três
maiores partidos políticos brasileiros que os fatos sejam apurados na sua totalidade,
nem PT, nem PSDB e nem PMDB, pois cria uma realidade impensável para esse clube
de amigos e inimigos cordiais.
Bronco, acostumado a se cercar de capangas, de pistoleiros,
principalmente em sua cidade Diamantino, Gilmar Dantas, entendeu de dar um
empurrão no esquema, criar um fato político que se sobreponha a toda e qualquer
contestação a esse esquema, gerando até uma frase interessante do ministro
Marco Aurélio Melo – “estamos vivendo num mundo esquisito”.
O que fazem é passar atestado de idiota para o leitor, o
ouvinte, o telespectador, no jornalismo
de esgoto que é a rotina dessa gente.
Há uma charge perfeita que define o tipo de mídia que temos,
a de mercado. O cidadão diz a Carlos Cachoeira que é sempre bom comprar uma
revista numa banca, Cachoeira responde que sim e fala que compra no banco.
Compra VEJA, paga VEJA para mentir. A diferença entre VEJA e
o grupo GLOBO é que os Marinhos pensam que têm sangue azul. É tão vermelho
quanto qualquer outro e pior, as mãos estão sujas da participação na ditadura militar
na omissão da tortura, dos assassinatos, de toda a sorte de barbáries cometidas
àquela época.
O grupo na dimensão que tem hoje é produto da ditadura e dos
interesses de bancos, empresas e latifúndio.
VEJA é rastaqüera, só isso.
Há um trem aí, no entanto, complicado. É perfeitamente possível
que Nélson Jobim, intimamente ligado a FHC e publicamente eleitor de José Serra
– atolado em negociatas com a Delta e suas ramificações – tenha armado toda
essa farsa em conluio com Gilmar Mendes. Por que não?
Aí Lula foi ingênuo. Com esses caras – Gilmar e Jobim – só se
conversa com pelo menos dez testemunhas idôneas e em local público.
De maneira diferente, dentro do escritório de Jobim é oferecer
a cabeça à forca.
No duro mesmo Lula caiu numa armadilha. Conseqüência até
dessa sabedoria política, a arte da sobrevivência, esse jogo de alianças com
bandidos. Escorregou na sabedoria popular, esperto come esperto.
Muita coincidência Lula visitar Jobim e Gilmar Dantas estar
lá.
Nessa arte de golpes de gabinete e jogadas como essa, nessa
Lula não tem sido sábio, pelo contrário. Volta e meia se encrenca. Mas é óbvio
que o ex-presidente jamais tocaria no assunto mensalão com alguém como Gilmar
Mendes. Por mais amigo – azar dele – que seja do ex-ministro chefe do Gabinete
Civil José Dirceu.
Lula tem o instinto da sobrevivência, falhou dessa vez, mas
tem. Se viu presa de duas raposas e enrolado na mentira de VEJA e GLOBO.
O fato principal hoje é o esquema de Carlos Cachoeira, menos
pelo banqueiro e mais pelo que ele arrasta consigo. A hipótese que a CPMI possa
trabalhar sério é impensável para o governo, a oposição e os que corrompem.
Estão envolvidos governadores, José Serra, empreiteiros,
banqueiros e mídia de mercado, VEJA então de forma escancarada. Obras do PAC,
todo o esquema do clube de amigos e inimigos cordiais.
São funcionários dos corruptores deputados e senadores, a
maioria, dos principais partidos com assento no Congresso Nacional. O que o
brasileiro vai assistir é jogo de cena. Cada um jogando pedra no outro e todos
permanecendo impunes, corruptos e corruptores.
Já imaginaram nas obras de Belo Monte, onde há trabalho
escravo e Belo Monte em si é um absurdo, envolver os grupos envolvidos na
construção? Ou as casas do programa Minha Casa Minha Vida que o próprio Lula
quando presidente questionou a qualidade? São só dois exemplos.
Atrás de Cachoeira estão Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão,
Andrade Gutierrez, OAS e todas as grandes construtoras do País. Banco,
inclusive o BNDES. As revelações que empresários brasileiros participaram do
golpe contra Salvador Allende mostram o caráter dessa gente. São amorais.
Para esquentar mais o assunto está o Código Florestal, Dilma
vetou, mas não mudou nada, apenas retardou um processo que vai depender de
muita luta para evitar que o Brasil se torne um enclave do agronegócio, do
latifúndio.
Em jogo também a Comissão da Verdade e as apurações sobre
tortura, assassinatos à época da ditadura militar, Operação Condor e outras
barbaridades mais.
Nelson Jobim e Gilmar Dantas passaram atestado de idiota
para Lula e VEJA e GLOBO passam atestado de idiota para os brasileiros. Só
isso, nada mais.
O que Lula fez foi
dar munição para os bandidos.
É o que pensam. que somos idiotas.
Gilmar Dantas Cachoeira Mendes tem que ser chamado às falas
O Supremo precisa chamar Gilmar às falas
Luis Nassif
Luis Nassif
As seguintes suspeitas rondam o Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo
Tribunal Federal), especialmente após sua última parceria com a revista
Veja. E não tem como seus pares ignorarem:
- Há indícios de alguma forma de envolvimento com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres. Há suspeitas de uma viagem paga a Berlim e voos fretados no Brasil. Seja o que for, se os fatos existiram ou não, se imprudência, desvio ético ou corrupção, a corte precisa apurar. Não pode ignorar suspeitas graves. Há a necessidade premente de se saber a extensão de suas ligações com Demóstenes, Cachoeira e Veja.
- Há pelo menos um ato da maior gravidade, que necessita ser esclarecido: a contratação do principal operador de Cachoeira – o araponga Jairo -, para trabalhar na segurança do STF. Há indícios de jogadas combinadas entre Veja, Cachoeira e Gilmar. Foi a matéria “A República do Grampo”, mais os factoides sobre o grampo no Supremo que provavelmente forneceram o álibi para que Gilmar contratasse Jairo. A República do Grampo era controlada por Carlinhos Cachoeira e, graças a Gilmar, o Supremo pode ter ficado à mercê da organização criminosa. O episódio da falsa escuta no Supremo envolveu a instituição em uma armação que até hoje não foi esclarecida.
- Há indícios veementes de que o encontro com Lula foi solicitado pelo próprio Gilmar. E desconfiança que se destinava a obter o apoio de Lula contras as investigações da CPMI de Cachoeira. Qual a moeda de troca?
- A matéria da dupla Veja-Gilmar manipula declarações de vários ministros da corte, tendo como endosso Gilmar Mendes.
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