Estamos em plena fase de produção
de vacinas contra o Influenza A (H1N1), e algumas doses já estão sendo
distribuídas nos Estados Unidos. Mas se o vírus já estava circulando em
maio, por que levamos tanto tempo para ter a vacina disponível? Entenda
nesta série de posts, começando pela produção da vacina:
Coleta
Há
uma razão para que sejamos suscetíveis ao Influenza todos os anos: o
vírus muta muito. Como o genoma do Influenza é uma molécula de RNA, é
necessária uma polimerase viral para fazer a cópia dele. Nossa célula é
capaz de duplicar o DNA, DNA>DNA, e produzir RNA na transcrição,
DNA>RNA, mas não temos enzimas que façam RNA>RNA, e o Influenza
precisa trazer uma com ele. Ela é formada pelos genes PA, PB1 e PB2.
Diferente das nossas polimerases, a RNA polimerase do vírus não possui
reparo de erros, de forma que, ao copiar o genoma dele, ela troca várias
bases. São as chamadas mutações.
Devido às mutações, as proteínas do Influenza variam bastante e
deixam de ser reconhecidas pelos anticorpos. Por isso, precisamos
produzir novas vacinas todos os anos. Com o passar do tempo a imunização
se perde, pois não temos mais proteção cruzada contra novas linhagens
do vírus. Assim, a OMS promove dois encontros anuais, um no começo e
outro no meio do ano, antes do inverno de cada hemisfério, período em
que se concentram os casos de gripe. Nestes encontros pesquisadores
discutem quais são as cepas de Influenza que estão circulando e quais
devem estar na vacina a ser produzida.
Como o processo de produção é demorado, toma cerca de seis meses, é
necessário “adivinhar” – baseado em monitoramento e estatísticas, claro –
qual será a linhagem mais importante do vírus no futuro. Escolher o
vírus errado implica em perder tempo e dinheiro produzindo uma vacina
ineficaz e, o mais importante, mais mortes causadas pela gripe.
A vírus vacinal
Uma vez escolhidas as variantes que vão para a vacina, geralmente um
Influenza A H1N1, um A H3N2 e um Influenza B, ambos os Influenza A
precisam ser adaptados para o crescimento em ovos. Não necessariamente o
vírus escolhido vai crescer bem nos tecidos dos ovos, então ele precisa
ser hibridizado com uma linhagem de bom crescimento, geralmente a usada
é a mesma desde a década de 1970, a linhagem A/PR8/34.
Esta etapa consome tempo e testes. Ambos os vírus, o vacinal e o
adaptado a crescer em ovos, são adicionados às células, e nelas se
formarão vírus híbridos. Aqui, o ponto chave é escolher um vírus que
cresça bem em ovos e produza a resposta imune contra a o vírus
circulante. São necessários vários testes para garantir que o vírus
híbrido não é perigoso, que cresce bem e que imuniza contra as proteínas
certas. A intenção não é produzir uma vacina contra o vírus A/PR8/34, e
sim contra a linhagem determinada pelo painel de especialistas da OMS.
A produção
O procedimento de produção de vacinas de Influenza segue quase o mesmo desde a década de 1950, com o uso de ovos embrionados.
Para produzir o vírus que será inoculado nas pessoas, é necessário um
ambiente estéril e favorável ao Influenza. O ovo oferece ambos. Como o
embrião ainda não tem o sistema imune desenvolvido, não há resposta
contra o vírus, e seus tecidos e sua casca garantem que o interior é
isolado e só contém células do pinto.
Em teoria, parece algo bem simples. Agora imagine que, além de
precisar lidar com centenas de milhares de ovos dentro de um ambiente
controlado e não contaminado, é necessário utilizar os ovos no período
certo. Ovos muito novos não possuem a cavidade alantóide – local onde o
vírus crescerá – bem formada, e ovos muito velhos já têm o embrião muito
desenvolvido e consequente imunidade. Por causa disso, os ovos não
podem ser simplesmente estocados, eles precisam ser trazidos
continuamente na fase certa, entre 7 e 19 dias, serem abertos para o
vírus ser inoculado, fechados e incubados pelo período certo.
Tais detalhes fazem com que a produção seja um processo lento e
custoso, difícil de escalar para uma produção maior e com uma grande
inércia. Se o vírus errado for inoculado, pode ser tarde demais para
recomeçar. Após as primeiras doses serem produzidas, começam os testes
para verificar se a vacina será eficaz.
Preparação
Outra etapa essencial para o desenvolvimento da vacina é a inativação
e purificação do vírus. O Influenza precisa ser completamente inativado
– morto não é um conceito que cabe para vírus – para não causar
infecção nos vacinados. A febre ou dor-de-cabeça que se segue à
vacinação é causada pela nossa resposta imune aos pedaços do vírus, ou
antígenos, que estão na vacina, não há desenvolvimento do vírus em si.
A purificação garante que as proteínas certas estarão presentes na
vacina e que não haverá contaminantes como bactérias ou tecidos do ovo,
que podem causar infecções, alergias ou imunização contra antígenos
errados. Ela também precisar garantir que as proteínas de interesse, os
antígenos virais, estarão na concentração necessária para o nosso corpo
responder com a produção de anticorpos esperada.
No próximo texto, a distribuição das vacinas.
Fontes
[1] Gerdil, C. (2003). The annual production cycle for influenza vaccine Vaccine, 21 (16), 1776-1779 DOI: 10.1016/S0264-410X(03)00071-9
[2] Osterholm, M. (2005). Preparing for the Next Pandemic New England Journal of Medicine, 352 (18), 1839-1842 DOI: 10.1056/NEJMp058068
[2] Osterholm, M. (2005). Preparing for the Next Pandemic New England Journal of Medicine, 352 (18), 1839-1842 DOI: 10.1056/NEJMp058068
A Globoaves entrou
para o ramo da biotecnologia. A empresa fornecerá ovos para a fabricação
de vacinas para gripe pelo Instituto Butantan, de São Paulo. O contrato
tem duração de cinco anos e conta com investimentos de R$ 20 milhões da
empresa paranaense na modernização de duas granjas, em Itirapina e
Brotas (SP). O projeto envolve recursos que totalizam R$ 68 milhões do
governo federal e paulista, aplicados também em uma nova fábrica de
vacinas do instituto.
Operada pelo Instituto Butantan, a fábrica é a primeira do gênero na América Latina. A fábrica deixará nos cofres públicos uma economia anual de pelo menos R$ 100 milhões, valor dos 20 milhões de doses que o governo federal compra da França para cada campanha de vacinação dos idosos contra a gripe, doença típica do inverno causada pelo vírus influenza, que chega a atacar, todos os anos, até 20% da população mundial.
Uma das mais destacadas empresas da avicultura brasileira, referência em genética de alto padrão e tecnologia de ponta, a Globoaves terá papel fundamental no projeto: vai fornecer a principal matéria-prima do produto.
Líder nacional do setor de produção e comercialização de ovos férteis e pintos de corte e postura, ela vai entregar diariamente ao Butantan cerca de 200 mil ovos para a fabricação da vacina, que serão produzidos na região das cidades de Itirapina e Brotas, no estado de São Paulo.
O contrato prevê ainda o fornecimento semanal de ovos embrionados, destinados especialmente ao laboratório encarregado da missão de desenvolver a vacina contra a gripe aviária.
Estabelecida há mais de 20 anos em Cascavel, pólo geo-econômico da região Oeste do Paraná, a Globoaves tem como sócio-diretores os irmãos Roberto, Velci e Saldi Kaefer, que dividem a administração de um grande complexo avícola formado por fábricas de ração, matrizeiros, incubatórios, granjas integradas e frigoríficos.
A rede envolve toda a cadeia produtiva, se estende por oito estados, emprega perto de 5 mil colaboradores diretos, produz mais de 40 milhões de ovos por mês e abate aproximadamente 280 mil frangos/dia.
Recebida como um marco na saúde pública nacional, a fábrica do Instituto Butantan, até então famoso pela produção de soros contra venenos de cobras e escorpiões, a inauguração contou com as presenças do governador de São Paulo, José Serra, e do ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O início de suas atividades coincidiu com a abertura de mais uma campanha nacional de imunização, oferecida às pessoas com mais de 60 anos.
Tudo indica que esta será a última a utilizar uma vacina importada.
Operada pelo Instituto Butantan, a fábrica é a primeira do gênero na América Latina. A fábrica deixará nos cofres públicos uma economia anual de pelo menos R$ 100 milhões, valor dos 20 milhões de doses que o governo federal compra da França para cada campanha de vacinação dos idosos contra a gripe, doença típica do inverno causada pelo vírus influenza, que chega a atacar, todos os anos, até 20% da população mundial.
Uma das mais destacadas empresas da avicultura brasileira, referência em genética de alto padrão e tecnologia de ponta, a Globoaves terá papel fundamental no projeto: vai fornecer a principal matéria-prima do produto.
Líder nacional do setor de produção e comercialização de ovos férteis e pintos de corte e postura, ela vai entregar diariamente ao Butantan cerca de 200 mil ovos para a fabricação da vacina, que serão produzidos na região das cidades de Itirapina e Brotas, no estado de São Paulo.
O contrato prevê ainda o fornecimento semanal de ovos embrionados, destinados especialmente ao laboratório encarregado da missão de desenvolver a vacina contra a gripe aviária.
Estabelecida há mais de 20 anos em Cascavel, pólo geo-econômico da região Oeste do Paraná, a Globoaves tem como sócio-diretores os irmãos Roberto, Velci e Saldi Kaefer, que dividem a administração de um grande complexo avícola formado por fábricas de ração, matrizeiros, incubatórios, granjas integradas e frigoríficos.
A rede envolve toda a cadeia produtiva, se estende por oito estados, emprega perto de 5 mil colaboradores diretos, produz mais de 40 milhões de ovos por mês e abate aproximadamente 280 mil frangos/dia.
Recebida como um marco na saúde pública nacional, a fábrica do Instituto Butantan, até então famoso pela produção de soros contra venenos de cobras e escorpiões, a inauguração contou com as presenças do governador de São Paulo, José Serra, e do ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O início de suas atividades coincidiu com a abertura de mais uma campanha nacional de imunização, oferecida às pessoas com mais de 60 anos.
Tudo indica que esta será a última a utilizar uma vacina importada.
Fonte: Assessoria de imprensa
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