Medicações modernas, uso de terapias complementares e pesquisa de novos recursos possibilitam maior controle dos sintomas provocados pela doença
Monique OliveiraVIGOR
Josias mantém a disposição para caminhar diariamente
Os dois fazem parte de uma geração de pacientes que está conseguindo viver melhor, apesar da doença. Trata-se de uma realidade possível graças aos avanços obtidos nos últimos anos em relação ao conhecimento sobre a doença e sua consequente repercussão para o aprimoramento do tratamento. Hoje, os remédios conseguem controlar com mais sucesso os sintomas da condição – rigidez muscular e problemas de digestão e depressão, entre eles.
Além disso, o uso de terapias complementares promoveu melhora importante para a qualidade de vida dos pacientes. A fisioterapia, por exemplo, é indispensável para atenuar a rigidez muscular. Técnicas como o tai chi chuan ajudam no equilíbrio postural. Um estudo do Instituto de Pesquisa de Oregon (EUA) com 195 pacientes deixou isso evidente ao mostrar que a atividade melhorou os tremores e o equilíbrio. “Em casos mais graves, aumenta-se a dose do remédio ou opta-se pela cirurgia”, diz o neurologista Egberto Barbosa, do Hospital das Clínicas de São Paulo. As alternativas cirúrgicas destinam-se a reequilibrar a atividade dos neurônios das regiões cerebrais associadas à doença (chamados dopaminérgicos). O desequilíbrio prejudica a produção e o funcionamento da dopamina, uma das substâncias que fazem a comunicação entre os neurônios, relacionada ao controle motor.
Recursos interessantes também estão em pesquisa. Um dos mais promissores é uma vacina pesquisada com financiamento da fundação do ator Michael Jay Fox, 50 anos, diagnosticado com Parkinson aos 30. Na primeira fase do estudo em humanos, o imunizante estimulou o organismo a fabricar anticorpos contra a proteína alfa-sinucleica. “Sua concentração é maior em pessoas com Parkinson”, explica o neurologista Henrique Ferraz, da Universidade Federal de São Paulo. Os cientistas acreditam que o combate à substância poderia curar ou diminuir muito os sintomas. “Em animais, observamos melhoras visíveis”, disse à ISTOÉ Walter Schmidt, diretor do laboratório responsável pelo estudo da vacina.
ROTINA
Ligia recebeu o diagnóstico há sete anos. Mas trabalha,
cuida das filhas e ainda brinca com o sobrinho
Outra frente importante é a genética. Até agora, já foram descritas mais de 18 variações vinculadas à doença. Uma delas pode explicar o surgimento da doença na fotógrafa Ligia Melo, 30 anos, diagnosticada aos 23 anos. Apesar do choque do diagnóstico tão cedo, Ligia também se beneficia dos progressos contra a doença. “Não conseguia sequer pentear o cabelo”, relata. “Hoje, trabalho, consigo segurar a câmera e cuidar das minhas filhas”, diz ela, mãe de Natália, 11 anos, Carla, 7 anos, e com disposição de sobra para brincar com o sobrinho, Murilo.
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