Uma nova arma contra a celulite tem causado empolgação nos EUA por prometer acabar de uma vez por todas com o aspecto "casca de laranja" de glúteos e coxas.
Opções de tratamento para celulite não faltam. Mas o que pode distinguir o equipamento de laser Cellulaze dos outros é seu suposto efeito permanente após uma só sessão. Foi isso o que rendeu ao aparelho reportagens em TVs, revistas e jornais dos EUA, como o "New York Times".
No tratamento, indicado para casos mais graves de celulite (graus 3 e 4), é introduzida uma cânula que leva o laser para debaixo da pele. A energia liberada "quebra" o tecido fibroso que puxa a pele para baixo e forma os "furinhos" da celulite.
Aprovado pela FDA (agência americana que regula medicamentos e alimentos) em janeiro, o equipamento deve chegar no Brasil no segundo semestre deste ano, segundo o dermatologista Jardis Volpe, membro da Sociedade Americana de Laser.
Ele afirma que os outros aparelhos disponíveis no mercado não são invasivos, têm menor impacto e requerem mais sessões.
De acordo com especialistas, trata-se de uma evolução da técnica cirúrgica chamada subcisão, que provoca a quebra mecânica das fibras com uma agulha cortante.
"Como a subcisão é duradoura, não me surpreende que a técnica realizada com o laser também ofereça resultados prolongados", diz Davi de Lacerda, da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Ele afirma que, em alguns casos de lesões profundas, a subcisão pode ser permanente. "Como é possível dizer que algo criado há dois anos é permanente? Podemos assumir que os efeitos tiveram duração apenas nesse período."
A fabricante do equipamento alega ainda que ele estimula a produção de colágeno e elastina, o que melhora o tônus e o aspecto da pele.
Segundo a dermatologista Doris Hexsel, que desenvolveu a técnica da subcisão nos anos 1990 com a médica Rosemaire Mazzuco, essa seria uma vantagem do aparelho em relação à cirurgia.
"Teoricamente, o uso do laser e o aquecimento poderiam induzir à rigidez e à firmeza da região tratada. Se houver melhores resultados com esse equipamento, imagino que seja por essa razão", afirma Davi de Lacerda.
Segundo o cirurgião plástico Bolívar de Souza Pinto, é cedo para tirar conclusões. "Já vi queimaduras por ultrassom e laser mal direcionados. É necessário ter muita experiência para mexer com luz embaixo da pele."
Lacerda diz que só com o maior uso do aparelho é que os médicos saberão em que nível ele é seguro.
"Até a chegada dele ao Brasil, provavelmente já teremos aprendido com a experiência dos americanos, passada a fase de 'lua de mel' com o equipamento."
MARIANA VERSOLATO
FOLHA DE SÃO PAULO
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