O experimento representa um avanço na busca por implantes cerebrais capazes de restituir a mobilidade a vítimas de paralisia
Para a maioria das pessoas, segurar uma xícara de café é tarefa corriqueira. Não para S3. S3 foi o nome dado pela equipe de pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos, a uma mulher de 58 anos, que sofre de tetraplegia há 15 anos. Segundo um artigo divulgado nesta quarta-feira (16) no site da instituição, S3 foi capaz de, usando um braço mecânico controlado por eletrodos instalados em seu cérebro, servir-se de café pela primeira vez em mais de uma década.
O BrainGate é o que os cientistas chamam de sistema de interface cérebro-máquina, que permitem a conexão entre um cérebro e uma máquina. Experimentos semelhantes já haviam sido realizados, nos quais a pessoa deveria movimentar o cursor de um mouse em um computador apenas com o pensamento. Nessa linha, há também a experiência conduzida pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, em que macacos movimentaram um braço mecânico por meio de sinais enviados por eletrodos conectados ao córtex. Mas pela primeira vez isso foi feito com humanos.
Os pacientes foram orientados a observar o braço mecânico em movimento e imaginar que eles eram os responsáveis pela ação. Em seguida, os dois assumiram o controle sobre o aparelho, e foram capazes de movê-lo sobre uma mesa e agarrar objetos.
A grande dúvida dos cientistas era se as células responsáveis pelo controle dos movimentos dos membros continuariam funcionais mesmo anos depois do acidente que levara à paralisia. Segundo o neuroengenheiro Leigh Hochberg, que conduziu os estudos, o experimento demonstrou que um cérebro humano é capaz de orientar movimentos complexos mesmo 15 anos depois de perder o controle sobre os membros.
No caso de S3, a placa de eletrodos foi implantada em seu córtex há cerca de 5 anos, o que abre novas perspectivas para o trabalho com implantes cerebrais que, a experiência indica, podem permanecer funcionais e enviando sinais por mais tempo do que se esperava.
“Este trabalho representa um passo decisivo na busca por uma neurotecnologia capaz de restabelecer a mobilidade, controle e independência a pessoas que sofrem de paralisia ou perderam membros”, disse Donoghue.
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