Tratamento
Associar a droga a uma vacina que ajuda a tratar a doença, em comparação apenas com a aplicação da vacina, aumenta expectativa de vida em 30%
Câncer de mama: Universidade desenvolve vacina que, se associada a remédio para transplantes, aumenta mais ainda sobrevida de mulheres com a doença (Thinkstock)
Mulheres que tomaram um remédio usado no tratamento de pacientes
transplantados junto a uma vacina contra o câncer de mama tiveram uma
sobrevida 30% maior do que aquelas que tinham a mesma doença, mas que
apenas receberam a vacina. Essa é a conclusão de uma pesquisa feita na
Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, e publicada nesta
quarta-feira na revista médica Science Translational Medicine.
Saiba mais
COMO O DACLIZUMAB COMBATE OS TUMORESO daclizumab é usado em pacientes que passaram por transplante de rim pela capacidade de reduzir o número de células de defesa regulatórias (células Tregs), importante para evitar que o sistema imunológico ataque o novo órgão. As Tregs 'desligam' o sistema imunológico depois que o trabalho foi feito. Os tumores atraem células Tregs para o seu entorno, enganando o sistema imunológico e evitando que outras células de defesa combatam as células cancerígenas. Ao reduzir essas células, o daclizumab aumenta a eficiência da vacina.
No estudo, o medicamento estudado foi o daclizumab,
usado para evitar a rejeição de órgãos em pacientes que receberam
transplantes de rim. De acordo com a equipe, a droga beneficiou mulheres
pois ajudou o organismo delas a reestabelecer a capacidade do sistema
imunológico combater os tumores. Essa abordagem utilizada é a
imunoterapia, que consiste em treinar o sistema imunológico para que ele
mesmo destrua as células cancerígenas do corpo.
Essas conclusões vieram depois de os pesquisadores darem a dez
pacientes com câncer de mama metastático, ou seja, que já havia se
espalhado pelo corpo, doses de daclizumab e de uma vacina que está em
fase experimental e que foi desenvolvida pela própria Universidade da
Pensilvânia. De acordo com os resultados relatados no artigo, as
mulheres que haviam tomado o medicamento junto à vacina tiveram uma
sobrevida cerca de 30% maior — ou sete meses maior — em relação àquelas
que apenas receberam a vacina. Além disso, embora nenhum dos tumores
tenha diminuído de tamanho, eles deixaram de crescer em seis das dez
participantes. Segundo os autores, os efeitos positivos do medicamento
no organismo duraram cerca de dois meses e a droga não surtiu efeitos
colaterais graves.
"Embora nossos testes tenham sido feitos em pacientes com câncer da
mama, acreditamos que essa abordagem possa ser aplicada na maioria dos
tipos de tumores", diz Robert Vonderheide, um dos autores do estudo.
"Mesmo que ainda exista uma grande quantidade de trabalho a fazer para
confirmar nossos resultados, acreditamos que nossa pesquisa terá grandes
impactos no regimento de vacinas em câncer."
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