Valor encontrado ainda está abaixo do limite estabelecido pela Anvisa.
Substância é usada no corante caramelo, usado na bebida.
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Um estudo divulgado nos Estados Unidos pelo Centro de Ciência de
Interesse Público (CSPI, na sigla em inglês), nesta terça-feira (26),
mostra que as latas do refrigerante Coca-Cola vendidas no Brasil têm a
mais alta concentração da substância 4-metil imidazol (4-MI), que, em
altas quantidades, poderia levar ao câncer.
País | Quantidade de 4-MI por 355 ml de refrigerante |
---|---|
Brasil | 267 microgramas |
Quênia | 177 microgramas |
Canadá | 160 microgramas |
Emirados Árabes Unidos | 155 microgramas |
México | 147 microgramas |
Reino Unido | 145 microgramas |
Estados Unidos (Washington) | 144 microgramas |
Japão | 72 microgramas |
China | 56 microgramas |
As latinhas analisadas no país apresentaram 267 mcg (microgramas) de
4-MI por 355 ml de refrigerante. A substância é usada na fabricação do
corante caramelo. Pelas normas brasileiras, estabelecidas pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seu uso é permitido, "desde
que o teor de 4-metil imidazol não exceda no mesmo a 200 mg/kg".
(Correção: ao ser publicada, esta reportagem apresentou a medida
mg, miligrama, em vez de mcg, micrograma, ao se referir às quantias da
substância avaliada no estudo. Após alerta de leitores, o erro foi
corrigido às 20h59.)
O valor encontrado nas latinhas brasileiras está abaixo do limite da
Anvisa, mas é o mais alto entre os países analisados. O Quênia fica em
segundo lugar, com 177 mcg de 4-MI por 355 ml, seguido por Canadá (160
mcg), Emirados Árabes Unidos (155 mcg), México (147 mcg), Reino Unido
(145 mcg), Estados Unidos (Washington - 144 mcg), Japão (72 mcg) e China
(56 mcg).
A pesquisa foi feita pelo mesmo instituto de pesquisas que, em março fez o mesmo alerta para
a substância em latinhas de refrigerante encontradas na Califórnia.
Depois disso, a Coca-cola alterou sua fórmula e a taxa de 4-Mi local
caiu para 4 mcg por 355 ml.
De acordo com a Coca-Cola, a quantidade da substância 4-MI presente no
corante caramelo utilizado dos produtos é "absolutamente segura". A
empresa afirma que "os índices do ingrediente apontados em amostra
brasileira de Coca-Cola pela recente pesquisa do CSPI (Center for
Science in the Public Interest) estão dentro dos padrões aprovados pela
Anvisa".
A companhia informou que não vai alterar sua fórmula mundialmente
conhecida. "Mudanças no processo de fabricação de qualquer um dos
ingredientes, como o corante caramelo, não tem potencial para modificar a
cor ou o sabor da bebida. Ao longo dos anos já implementamos outras
mudanças no processo de fabricação de ingredientes, no entanto, sem
alterar nossa fórmula secreta", informou a empresa, via nota.
Ainda segundo a Coca-Cola Brasil, seus produtos são fabricados dentro
das normas de segurança e a empresa continuará a seguir orientações de
"evidências científicas sólidas".
Toxicologista explica efeito
Em março, o toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de
Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Universidade de São
Paulo (Ceatox), explicou ao G1 que a substância se
mostrou tóxica para ratos e camundongos na concentração de 360 mg/kg,
que é pouco menos que o dobro do limite legal no Brasil.
O especialista explicou que o órgão mais exposto ao câncer nesses
animais foi o pulmão. O fígado também ficou sujeito a diversas
alterações, incluindo câncer. Além disso, foram registradas mudanças
neurológicas, como convulsões e excitabilidade.
Pesquisa americana afirma que substância seria cancerígena.
Fabricante diz que químico é seguro, mas pode reduzir sua quantidade.
A fabricante de refrigerantes Coca-Cola informou que pode reduzir a quantidade de um químico encontrado no corante caramelo após ele ter sido considerado cancerígeno pela lei do estado americano da California e por um estudo feito por um grupo de defesa do consumidor nos Estados Unidos.
Segundo as agências de notícias Reuters e AFP, tanto Coca-Cola quanto Pepsi
vão fazer a redução na Califórnia. Ao G1, a assessoria de imprensa da
Coca-Cola no Brasil informou que a medida “pode” ser tomada no estado
americano, mas afirmou que não se trata de uma alteração na fórmula.
“O corante caramelo utilizado em nossos produtos é absolutamente
seguro. Coca-Cola não alterará sua fórmula mundialmente conhecida.
Mudanças no processo de fabricação de qualquer um dos ingredientes, como o corante caramelo, não têm potencial para modificar a cor ou o sabor
da Coca-Cola. Ao longo dos anos já implementamos outras mudanças no
processo de fabricação de ingredientes sem, entretanto, ter alterado
nossa fórmula secreta. Continuamos a nos orientar por evidências
científicas sólidas para garantir que nossos produtos sejam seguros. O
elevado padrão de qualidade e segurança dos nossos produtos permanece
sendo nossa mais alta prioridade”, disse a Coca-cola, em nota.
A AmBev, responsável pela Pepsi no Brasil, ainda não se pronunciou a respeito.
A controvérsia envolvendo o corante caramelo é antiga e atingiu seu pico nas últimas semanas. Em janeiro, o químico 4-metil imidazol (4-MI) entrou na lista de substâncias consideradas de risco na Califórnia.
Nesta semana, um estudo conduzido por um grupo de defesa ao
consumidor ( o Centro de Ciência de Interesse Público — CSPI, na sigla
em inglês) afirmou que o 4-MI causaria câncer em animais.
Na pesquisa recente do CSPI, latinhas vendidas em Washington tinham
entre 103 e 153 microgramas da substância. A legislação da Califórnia
prevê que o limite considerado seguro para o consumo em uma latinha é de
29 microgramas (milionésimos de grama) de 4-MI.
Pelas normas brasileiras, estabelecidas pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa), o uso da substância na produção de
corantes é permitido, “desde que o teor de 4-metil imidazol não exceda
no mesmo a 200mg/kg (duzentos miligramas por quilo)”.
Segundo o toxicologista Anthony Wong, diretor do Centro de
Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Universidade de São
Paulo (Ceatox), a substância se mostrou tóxica para ratos e camundongos
na concentração de 360 mg/kg, que é pouco menos que o dobro do limite
legal no Brasil.
A vigilância sanitária dos Estados Unidos (a FDA – Administração de
Comida e Drogas, na sigla em inglês), afirmou não acreditar que os
refrigerantes causassem um risco real de câncer, mas que iria investigar
a acusação do grupo. “Um consumidor teria que consumir bem mais de mil
latas de refrigerante por dia para alcançar as doses administradas
[dadas aos animais] nos estudos que mostraram relação com o câncer em
roedores”, afirmou Doug Karas, porta-voz do FDA.
Na quinta-feira, ao G1, A Coca-Cola informou em nota que os
ingredientes e as quantidades utilizados nos seus produtos “seguem
rigorosamente os limites estabelecidos pela Anvisa e pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento”.
Já a AmBev informou que a PepsiCo faz parte da Associação Americana de Bebidas, que se posicionou oficialmente:
“Isso não é nada mais que uma tática de pavor do CSPI e suas
afirmações são ultrajantes. A ciência simplesmente não mostra que o 4-MI
em alimentos ou bebidas seja uma ameaça à saúde humana. Na verdade,
dados de agências reguladoras em todo o mundo, incluindo o FDA, a
Autoridade Europeia de Saúde Alimentar e a Saúde Canadá consideram o
corante caramelo seguro para uso em alimentos e bebidas. O CSPI alega
fraudulentamente que está operando em interesse da saúde pública, quando
está claro que sua única motivação é assustar o povo americano”, acusou
a associação.
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