Pois é, mas eu não quero um namorado. Você sai comigo como se eu
quisesse um namorado, me toca como se eu quisesse um namorado e vai
embora sem muitos porquês por achar que eu quero um namorado. Mas a
verdade é que eu não quero namorado. O que eu quero são momentos.
Momentos sem necessidade de muita explicação, cobranças, medos. Só
momentos bons, um café no fim da tarde, um cinema no meio do domingo.
Momentos, não um namorado. Felicidade, não a necessidade de um
compromisso. Você me evita por achar que eu quero um namorado e me
provoca por achar que eu preciso de alguém essa noite. Mas, meu bem, eu
não preciso de ninguém que me queira só por achar que eu quero um
namorado. Minha carência é problema meu. E essa mesma carência não chora
por falta de namorados, chora pela falta de sintonia, pela falta de
alguém que não queira nada mais que uma xícara de café e que não ache
que uma xícara de café signifique mais que uma xícara de café. Namorado,
meu bem é pura nomenclatura. Dão-se nomes demais as coisas... Tudo que
eu quero é a chance de perder o léxico por alguns instantes, perder o
ar, a razão... A roupa. Só não quero é me perder de mim, perder a calma.
Você pensa tanto que eu quero um namorado e eu nem penso em você tanto
assim. E até quem te vê lendo o jornal na fila do pão -ouvindo Los
Hermanos - sabe que você acha que eu quero um namorado. Ou que eu quero
namorar você, o que em sua opinião é quase a mesma coisa. Você diz pros
seus amigos, pro padeiro, pro juiz do jogo de futebol que eu quero um
namorado. E eu só digo por ai que falta amor na vida, mas não que falta
você nela. Uma cerveja, querido, não uma aliança. Momentos, não a vida
inteira. Romance sim, mas não aqueles de comédia romântica, e sim os
baseados em fatos reais onde a mocinha tem contas a pagar, trabalhos a
serem feitos e muito mais o que fazer da vida além de só pensar em
arrumar um namorado. Eu só quero o hoje. Deixa que o amanhã ninguém
sabe,nem eu,nem você.Por que diabos vocês tem que achar que garotas
sempre querem namorados?
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