Serra usa experiência como trunfo sobre Haddad
Em evento para oficializar sua candidatura, ele disse ser seu sonho administrar São Paulo. Aloysio Nunes chamou o candidato do PTde candidato sério e competente
Carolina Freitas
O candidato à Prefeitura de São Paulo José Serra durante convenção do PSDB
(Nelson Antoine/Fotoarena)
A coligação formada por PSDB, PSD, DEM, PR e PV oficializou neste
domingo a candidatura do tucano José Serra a prefeito de São Paulo. Em
evento para 3 000 pessoas em um ginásio na zona sul da capital, Serra
apresentou os anos de experiência – na vida e na política - como seu
grande trunfo sobre o adversário Fernando Haddad, do PT. Serra completou
70 anos. Haddad tem 49. A campanha do PT tem usado a pouca idade de seu
candidato para vender a ideia de que ele simboliza o novo para São
Paulo. “O tempo não desgasta os que plantam sonhos no coração das
pessoas. Experiência é virtude”, afirmou Serra. “Não estou aqui para
experimentar, para tentar fazer, mas para levar São Paulo para frente.”
O candidato tucano centrou suas críticas na ex-prefeita da cidade Marta
Suplicy, do PT, e evitou referências diretas a seu oponente desta
eleição. Serra rememorou em discurso de 40 minutos a situação em que
encontrou a prefeitura quando sucedeu Marta, em 2005. Falou do caixa
vazio, da fila de credores, das escolas de lata e do turno da fome nas
escolas da capital. “Substituímos o gogó por melhorias efetivas.
Trabalhamos duro para recuperar São Paulo e pusemos as finanças em
ordem”, disse o tucano. “Nesta campanha vocês vão ouvir os adversários
falarem mal de São Paulo, gente que sequer a conhece, que fez pouco ou
nada por ela. Eles não passarão.”
Coube aos senadores tucanos Aloysio Nunes e Alvaro Dias desferir
ataques frontais a Haddad. O governador Geraldo Alckmin engrossou o
coro. “São Paulo não é a terra da rendição, é a terra da resistência;
não é a terra do mandonismo, é a terra da liberdade; São Paulo não é a
terra de candidato tirado do bolso de colete, São Paulo é a terra do
povo. E Serra é o candidato do povo”, afirmou o governador.
Alvaro Dias classificou como uma “lambança” a atuação do candidato
petista no comando do Ministério da Educação. “Haddad deixa um legado de
mentira, falsificação e incompetência na educação brasileira”, disse o
líder do PSDB no Senado. Aloysio comparou o adversário a um animal que
cumpre as ordens de seu mestre. “A democracia, que está no nome do PSDB,
é o que nos diferencia do partido que comanda o governo federal. Lá as
pessoas são obrigadas a obedecer a vontade do dono do partido. Ele impôs
um candidato oficial que desfila por aí como um urso adestrado, levado
pela coleira.”
Sonho de ser prefeito para poder chegar a presidencia da republica - Depois de dizer em março que o sonho de ser presidente da República estava adormecido
– ele já concorreu duas vezes ao cargo –, Serra foi taxativo neste
domingo: “Meu sonho é voltar a ser prefeito da cidade que eu amo. Eu me
preparei a vida toda para servir ao povo, seja em qual trincheira for.” O
tucano sabe que enfrentará durante a campanha a desconfiança sobre sua permanência,
se eleito, na cadeira de prefeito até o fim do mandato. Ele nega a
possibilidade de deixar a prefeitura para se candidatar a presidente em
2014.
Serra evocou a importância do trabalho em parceria entre a prefeitura e
o governo do estado. Haddad vem tentando vender a imagem de que sua
eleição será melhor para São Paulo porque ele é do mesmo partido da
presidente Dilma Rousseff. “São Paulo tem duas prefeituras, a municipal e
a estadual. O governador é o prefeito grande. O que pode haver de
melhor para São Paulo do que o entrosamento total entre governador e
prefeito, entre Alckmin e eu?”, disse. “O governo federal arrecada 143
bilhões de reais na cidade de São Paulo e devolve a ela menos de 2
bilhões de reais. Só um prefeito independente pode pressionar para
ampliar essa devolução.”
Script rígido - Serra deixou o encontro sem falar com
ninguém, em meio a um tumulto entre seguranças, militantes e
jornalistas. A justificativa oficial dos assessores do tucano é que
declarações de uma entrevista coletiva desviariam o foco do que foi dito
no discurso. Na prática, Serra opta por sair sem falar para evitar ser
alvo de perguntas sobre assuntos delicados, como o nome de seu vice, caixa 2 ou transaçoes internas do PSDB. A estratégia teve um
efeito colateral: militantes que atravessaram a cidade para ver Serra de
perto saíram da convenção frustrados com o script rígido, que não abriu
espaço para (e até mesmo pareceu temer) um contato mais espontâneo com o
candidato, Serra não falou para não dizer besteira quando era candidato a presidente (lembram da bolinha de papel que causou um traumatismo craniano)
Sem vice - O nome do vice de Serra na corrida pela
prefeitura segue indefinido (Tá dificil escolher um que roubou pouco), mesmo após a convenção deste domingo. Os
mais cotados para o posto são o ex-secretário estadual da Cultura Andrea
Matarazzo, do PSDB, e o ex-secretário municipal da Educação Alexandre
Schneider, do PSD. Ambos são próximos a Serra e têm bom relacionamento
também com o prefeito Gilberto Kassab, aliado de primeira hora do
ex-governador.
O discurso oficial dos postulantes é de tranquilidade. “Eu não
trabalho por hipótese. Obviamente todo mundo gosta de trabalhar em São
Paulo. O período em que trabalhei na prefeitura foi um dos mais
gratificantes da minha vida pública”, disse Matarazzo. “A candidatura
ganha quando você soma pessoas com competência, seja do partido que
for.” Schneider seguiu a mesma linha: “Nosso partido está com Serra
independentemente de qualquer coisa.”
Nos bastidores, no entanto, há disputa acirrada. Um tucano influente
diz que o clima no comando da campanha é de “assembleia permanente”.
Apesar das negociações entre dirigentes dos partidos aliados, a palavra
final sobre o vice será de Serra. Kassab tem trabalhado para emplacar
Schneider enquanto lideranças do PSDB tentam fortalecer a ideia de uma
chapa puro sangue, com Matarazzo. Nenhum dos postulantes foi chamado
ainda para conversar sobre o assunto com Serra. Pelo calendário da
Justiça Eleitoral, a decisão precisa ser tomada até o próximo sábado.
Estão no páreo também o ex-secretário estadual de Desenvolvimento
Social Rodrigo Garcia, do DEM, e o ex-secretário municipal do Verde e do
Meio Ambiente Eduardo Jorge, do PV. Desidratados pela migração de seus
principais nomes para o PSD, os democratas têm pouco poder de barganha
para contrariar Kassab dentro da coligação. Desde a fundação do DEM,
tanto o presidente do partido na cidade, Alexandre de Moraes, quanto
Garcia romperam relações com o prefeito. Eduardo Jorge, por sua vez,
enfrenta uma investigação do Ministério Público por recebimento de
propina quando era secretário do Meio Ambiente. Apesar de ele negar as
acusações, o PV sabe que candidato nenhum quer um vice sob suspeita.(Os candidatos a vice tem que ser no mínimo menos corrupto que o Serra)
Convenção neste domingo oficializou candidatura de José Serra a prefeito de São Paulo
esse filme já foi repassado varias vezes. Será que o povo não aprendeu a lição
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