Golpe que derrubou Lugo leva MERCOSUL e UNASUL a suspenderem o Paraguai
A suspensão do Paraguai do MERCOSUL será chancelada na próxima 6ª feira, no encerramento da reunião de cúpula de presidentes do bloco que se inicia esta semana em Mendoza (Argentina). A suspensão foi anunciada pelo governo argentino, que ocupa a presidência rotativa do MERCOSUL, em nota de seu Ministério de Relações Exteriores.
Já na UNASUL, a suspensão será oficializada nesta 4ª feira (depois de amanhã) na cúpula presidencial da organização em Lima (PERU), convocada para analisar a crise no Paraguai após o impeachment do presidente Fernando Lugo.
Suspensão, também, do Sistema de Integração Centro-americano
A decisão de excluir o Paraguai dos dois organismos vale até as eleições de abril do próximo ano no país - que elege um novo presidente da República - se estas obedecerem a normas democráticas. Decorre do impeachment do presidente Lugo, que teve o mandato cassado na 6ª feira pp, sem direito de defesa em um processo sumário de cerca de 30 horas.
Também no fim de semana (ontem), o presidente de El Salvador, Maurício Funes, divulgou nota condenando o golpe no Paraguai, e instou os países membros do Sistema de Integração Centro-americano (SICA) a assumir “uma posição na mesma linha”.
Funes propôs que a deposição do presidente Lugo faça parte da pauta da cúpula que o órgão multilateral terá na próxima 6ª feira, em Tegucigalpa, capital de Honduras, que detém a presidência temporária do órgão.
Presidenta Dilma apoia suspensões
Conforme a nota do Palácio de San Martin, chancelaria argentina, o país e mais o Brasil, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru decidiram de forma conjunta suspender a participação do Paraguai na reunião de presidentes do continente, que começa nesta 2ª feira em Mendoza.
A iniciativa foi apoiada pelo governo brasileiro e pela presidenta Dilma Rousseff. Desde a 1ª hora do golpe relâmpago que derrubou na 6ª feira pp. no fim da tarde, o presidente constitucional Fernando Lugo, a presidenta lembrava a impossibilidade de o Paraguai permanecer nos dois blocos, dada a cláusula destes de exigência de respeito à democracia.
Uma das primeiras consequências para o governo dos golpistas é que o Paraguai, se não sofrer restrição total, sofrerá uma redução nos investimentos no país. A Venezuela já suspendeu o fornecimento de petróleo ao país. Na tarde deste domingo o presidente Hugo Chávez ordenou a retirada do embaixador em Assunção, José Franciso Javier Arrué, e a interrupção do envio de petróleo. "Nós não vamos apoiar de forma alguma esse golpe de Estado", afirmou Chávez.
Fora dos blocos já nesta semana
Segundo o comunicado divulgado pela chancelaria argentina, o bloco decidiu "suspender o Paraguai de forma imediata" e portanto o país não poderá participar da 18ª Reunião do Conselho do Mercado Comum e Reunião de Cúpula de Presidentes do MERCOSUL, bem como das reuniões preparatórias" que se iniciam nesta 2ª feira.
O presidente Federico Franco, vice que assumiu o cargo assim que o Congresso consumou o golpe no início da noite da 6ª feira, quer participar do encontro de Mendoza. Os demais países do MERCOSUL - Argentina, Brasil e Uruguai, mais as nações do continente que comparecem à reunião na condição de convidadas ou observadoras - não aceitam sua participação.
Já o presidente Fernando Lugo confirmou no fim de semana (na noite do domingo) participará da reunião. Ele adiantou que não reconhece o governo de Federico Franco e que, portanto, não vai ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos nem na cúpula desta semana e nem depois.
Lugo explica: aceitou para evitar "banho de sangue"
O
ex-presidente reafirmou ter sido vítima de um golpe parlamentar e
justificou que só acatou a destituição para evitar um "banho de sangue"
no país. O Brasil - sócio do Paraguai na Hidrelétrica binacional de
Itaipu - Colômbia e o Uruguai convocaram seus embaixadores em Assunção
para consultas.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também se manifestou: Santiago Canton, secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização (CIDH-OEA), destacou que o impeachment de Fernando Lugo foi "uma paródia da justiça e um atropelo do Estado de Direito". Para a CIDH-OEA, não foi dado tempo para o presidente Lugo se defender e o julgamento foi "altamente questionável".
O Paraguai está em ebulição. Nas ruas de Assunção os jornalistas não encontram pessoas favoráveis ao golpe e nem que apoiam o novo governo. Movimentos sociais e partidos políticos de esquerda e centro-esquerda se uniram para criar a "Frente em Defesa da Democracia", que vai coordenar todas as ações populares contra o novo governo.
Protestos em frente à TV estatal
Em Assunção, a população tem se manifestando em frente à sede da TV estatal. Os paraguaios consideram a TV como órgão de comunicação do povo e não querem que o governo golpista intervenha naquilo que consideram um direito seu.
Também o MERCOSUL e a UNASUL não ficaram apenas na suspensão do Paraguai. "Lutaremos pela restauração da democracia e a saída do golpista com mobilizações pacíficas em todo o país", anunciou Ricardo Canese, do Parlamento do MERCOSUL (Parlasul).
Leiam na seção Clipping, aqui no blog, a íntegra da nota do presidente de El Salvador, Maurício Funes. Para entender melhor as raízes do golpismo paraguaio, sugiro a leitura do texto de Idilio Grimaldi: Com apoio da mídia, Paraguai inaugura o “golpe transgênico” .
(Foto: Roberto Stuckert Filho/ABr)
Blog do Zé
Publicado em 25-Jun-2012
Agiram
rápido e estão no caminho certo o Brasil e as demais nações
sul-americanas que, diante da "ruptura da ordem democrática no
Paraguai", conforme a justificativa que apresentaram, suspenderam o país
dos dois foros multilaterais mais importantes do continente, o MERCOSUL
e a União das Nações da América do Sul (UNASUL).A suspensão do Paraguai do MERCOSUL será chancelada na próxima 6ª feira, no encerramento da reunião de cúpula de presidentes do bloco que se inicia esta semana em Mendoza (Argentina). A suspensão foi anunciada pelo governo argentino, que ocupa a presidência rotativa do MERCOSUL, em nota de seu Ministério de Relações Exteriores.
Já na UNASUL, a suspensão será oficializada nesta 4ª feira (depois de amanhã) na cúpula presidencial da organização em Lima (PERU), convocada para analisar a crise no Paraguai após o impeachment do presidente Fernando Lugo.
Suspensão, também, do Sistema de Integração Centro-americano
A decisão de excluir o Paraguai dos dois organismos vale até as eleições de abril do próximo ano no país - que elege um novo presidente da República - se estas obedecerem a normas democráticas. Decorre do impeachment do presidente Lugo, que teve o mandato cassado na 6ª feira pp, sem direito de defesa em um processo sumário de cerca de 30 horas.
Também no fim de semana (ontem), o presidente de El Salvador, Maurício Funes, divulgou nota condenando o golpe no Paraguai, e instou os países membros do Sistema de Integração Centro-americano (SICA) a assumir “uma posição na mesma linha”.
Funes propôs que a deposição do presidente Lugo faça parte da pauta da cúpula que o órgão multilateral terá na próxima 6ª feira, em Tegucigalpa, capital de Honduras, que detém a presidência temporária do órgão.
Presidenta Dilma apoia suspensões
Conforme a nota do Palácio de San Martin, chancelaria argentina, o país e mais o Brasil, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru decidiram de forma conjunta suspender a participação do Paraguai na reunião de presidentes do continente, que começa nesta 2ª feira em Mendoza.
A iniciativa foi apoiada pelo governo brasileiro e pela presidenta Dilma Rousseff. Desde a 1ª hora do golpe relâmpago que derrubou na 6ª feira pp. no fim da tarde, o presidente constitucional Fernando Lugo, a presidenta lembrava a impossibilidade de o Paraguai permanecer nos dois blocos, dada a cláusula destes de exigência de respeito à democracia.
Uma das primeiras consequências para o governo dos golpistas é que o Paraguai, se não sofrer restrição total, sofrerá uma redução nos investimentos no país. A Venezuela já suspendeu o fornecimento de petróleo ao país. Na tarde deste domingo o presidente Hugo Chávez ordenou a retirada do embaixador em Assunção, José Franciso Javier Arrué, e a interrupção do envio de petróleo. "Nós não vamos apoiar de forma alguma esse golpe de Estado", afirmou Chávez.
Fora dos blocos já nesta semana
Segundo o comunicado divulgado pela chancelaria argentina, o bloco decidiu "suspender o Paraguai de forma imediata" e portanto o país não poderá participar da 18ª Reunião do Conselho do Mercado Comum e Reunião de Cúpula de Presidentes do MERCOSUL, bem como das reuniões preparatórias" que se iniciam nesta 2ª feira.
O presidente Federico Franco, vice que assumiu o cargo assim que o Congresso consumou o golpe no início da noite da 6ª feira, quer participar do encontro de Mendoza. Os demais países do MERCOSUL - Argentina, Brasil e Uruguai, mais as nações do continente que comparecem à reunião na condição de convidadas ou observadoras - não aceitam sua participação.
Já o presidente Fernando Lugo confirmou no fim de semana (na noite do domingo) participará da reunião. Ele adiantou que não reconhece o governo de Federico Franco e que, portanto, não vai ajudá-lo na tarefa de explicar a mudança de governo a países vizinhos nem na cúpula desta semana e nem depois.
Lugo explica: aceitou para evitar "banho de sangue"
A Organização dos Estados Americanos (OEA) também se manifestou: Santiago Canton, secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização (CIDH-OEA), destacou que o impeachment de Fernando Lugo foi "uma paródia da justiça e um atropelo do Estado de Direito". Para a CIDH-OEA, não foi dado tempo para o presidente Lugo se defender e o julgamento foi "altamente questionável".
O Paraguai está em ebulição. Nas ruas de Assunção os jornalistas não encontram pessoas favoráveis ao golpe e nem que apoiam o novo governo. Movimentos sociais e partidos políticos de esquerda e centro-esquerda se uniram para criar a "Frente em Defesa da Democracia", que vai coordenar todas as ações populares contra o novo governo.
Protestos em frente à TV estatal
Em Assunção, a população tem se manifestando em frente à sede da TV estatal. Os paraguaios consideram a TV como órgão de comunicação do povo e não querem que o governo golpista intervenha naquilo que consideram um direito seu.
Também o MERCOSUL e a UNASUL não ficaram apenas na suspensão do Paraguai. "Lutaremos pela restauração da democracia e a saída do golpista com mobilizações pacíficas em todo o país", anunciou Ricardo Canese, do Parlamento do MERCOSUL (Parlasul).
Leiam na seção Clipping, aqui no blog, a íntegra da nota do presidente de El Salvador, Maurício Funes. Para entender melhor as raízes do golpismo paraguaio, sugiro a leitura do texto de Idilio Grimaldi: Com apoio da mídia, Paraguai inaugura o “golpe transgênico” .
(Foto: Roberto Stuckert Filho/ABr)
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