9.19.2013

Com favelas pacificadas, Tijuca sofre com assaltos no asfalto

  • Número de roubos de celulares subiu 141% de 2012 para este ano
Ana Cláudia Costa

Tijuca sofre com a falta de segurança
Foto: Gabriel de Paiva / O Globo
Tijuca sofre com a falta de segurança Gabriel de Paiva / O Globo
RIO — Cercados por seis comunidades pacificadas, moradores da Tijuca não convivem mais com barulhos de tiros, mas voltaram a sofrer com assaltos e furtos no asfalto. Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam um aumento de até 141% nos registros de crimes contra o patrimônio, na comparação do trimestre de maio, junho e julho de 2012 com o mesmo período deste ano. O principal alvo dos bandidos é o celular: no trimestre em questão, foram 24 aparelhos roubados em 2012; este ano, foram 58 (mais 141%). O número de assaltos a transeuntes também subiu: foram 188 registros em maio, junho e julho do ano passado, contra 235 no mesmo período de 2013 (um acréscimo de 25%).
A estatística, no entanto, pode estar aquém da realidade, uma vez que grande parte das vítimas não registra o furto ou o roubo nas delegacias, por achar que de nada vai adiantar. Foi o caso da moradora Elaine Abreu. Seus dois filhos, de 11 e 13 anos, foram assaltados há 15 dias na Praça Xavier de Brito. Um rapaz abordou as crianças na saída do curso de inglês e fugiu pela Rua Otávio Kelly, sem ser interpelado, já que não havia polícia no local:
— Levaram o celular do meu filho de 11 e R$ 7 que o outro tinha no bolso. Não há policiamento na região, tampouco uma cabine da PM. Já roubaram iPod de um amigo do meu filho. Os assaltos aumentaram de dois meses para cá. Não fiz registro porque não ia adiantar nada.
Os roubos, segundo o dono de uma banca de jornais na Praça Saens Peña, costumam acontecer no início da manhã, no horário de almoço e no fim da tarde. São horários de entrada e saída da escola e de troca de turnos de policiais. Muitos agem de bicicleta, com facas e canivetes. Outros, principalmente à noite, usam armas de fogo.
Nesta quinta-feira, o presidente do Conselho Comunitário de Segurança da Tijuca, José Jandir Borges Alves, vai conversar com o comandante do 6º BPM (Tijuca), tenente-coronel Marcelo Nogueira, para reivindicar mais segurança.
A socióloga Julita Lemgruber disse que, provavelmente, muitos dos que estão nas ruas assaltando hoje antes faziam parte da mão de obra do tráfico nas favelas pacificadas:
— Houve um corte na fonte de renda desses jovens.
Marcelo Nogueira reconheceu que os índices de roubos aumentaram no último ano, mas diz trabalhar para reduzir os números. Ele informou que a equipe do serviço reservado do batalhão tenta identificar os menores que assaltam. Segundo o oficial, já se sabe que são de seis a oito, dos morros do Salgueiro (Tijuca) e do Turano (Rio Comprido). Há um grupo também que sai da Mangueira. Todas têm UPPs.
Ele solicitou às vítimas que registrem os casos nas delegacias, para a polícia ter informações mais precisas. E acrescentou:
— Os jovens devem evitar andar com celulares à mostra, pois chamam a atenção do assaltante, que age na oportunidade.

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