- Já o Ibovespa, que vinha se mantendo quase estável até as 15h, subiu 2,64%
- Pregões americanos também tiveram dia de ganho com altas superiores a 1%
João Sorima Neto
Com agências internacionais
SÃO PAULO - A decisão do Federal Reserve, o banco central americano,
de manter em US$ 85 bilhões os estímulos mensais à economia do EUA
provocou uma verdadeira euforia no mercado financeiro, na reta final do
pregão. O dólar despencou frente ao real e o Ibovespa, principal
indicador do mercado de ações brasileiro, disparou. Os juros futuros
também recuaram. A moeda americana caiu 2,92% frente ao real, para R$
2,192 na compra e R$ 2,194 na venda, a menor cotação desde o dia 26 de
junho, quando o dólar comercial fechou a R$ 2,189. Em percentual, foi a
maior queda da divisa desde 23 de agosto deste ano, quando a baixa foi
de 3,23%.
Entre 34 moedas, o real foi a que mais se desvalorizou frente ao dólar nesta quarta-feira. No mês, o dólar comercial se desvaloriza 5,24%, enquanto no ano a valorização ainda é de 10,62% frente ao real. Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 2,260 enquanto na mínima bateu em R$ 2,187, uma variação no dia de 3,3%.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo, que até as 15h apresentava instabilidade, subiu 2,64%, aos 55.702 pontos e volume negociado de R$ 8,9 bilhões, seguindo os principais índices americanos. Em pontos, é o maior patamar do Ibovespa desde o dia 28 de maio de deste ano, quando o índice atingiu os 56.036 pontos. Nos Estados Unidos, os principais pregões também subiram após a decisão do Federal Reserve. O S&P500 se valorizou 1,22%, recorde de alta, aos 1.725 pontos, assim como Dow Jones, que subiu 0,95% aos 15.676 pontos. O Nasdaq teve ganho de 1,01% aos 3.783 pontos.
Os investidores mantiveram a cautela até o Fed anunciar sua decisão, que acabou surpreendendo o mercado. A expectativa era que o banco central americano anunciasse um redução entre US$ 5 e US$ 10 bilhões no estímulos, segundo analistas. Com a decisão de manter as compras de títulos em US$ 85 bilhões, os especialistas avaliam que haverá um novo rali das Bolsas e perda de terreno do dólar ante outras moedas.
No mercado de juros futuros, as taxas também recuaram acompanhando a baixa do dólar e o recuo das taxas dos títulos de dez anos do Tesouro Americano. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 recuou de 9,27% para 9,23%; o papel com vencimento em janeiro de 2015 caiu de 10,36% a 10,11% e o contrato com vencimento em janeiro de 2017 recuou de 11,65% para 11,15%.
Para o economista Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências, a decisão foi uma surpresa considerando a própria sinalização que o Fed vinha dando e ao consenso do mercado. O economista avalia que com a piora de indicadores da economia americana, nas últimas semanas, a decisão de manter os estímulos faz sentido.
- O mercado imobiliário nos EUA deu uma esfriada, nas últimas semanas, depois que os juros dos títulos de 30 anos, usados em financiamentos de casas, subiram de 3,5% para 4,5% em apenas dois meses - avalia.
Para ele, o dólar deve se acomodar nos próximos dois a três dias e passar a flutuar entre R$ 2,20 e R$ 2,30. Mesmo assim, diz ele, a tendência de desvalorização do real frente à moeda americana se mantém, já que a percepção de risco Brasil piorou, com as contas públicas do país em situação ruim e o baixo crescimento da economia.
No mercado, já começam a surgir apostas de que o dólar pode terminar o ano em R$ 2,10. Esta é aprevisão do economista--chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Antes da decisão do Fed, a estimativa era de que o câmbio encerrasse o ano em R$ 2,20.
- O dólar tende a se depreciar frente ao real, a não ser que o governo, mais uma vez, reverta suas política com o câmbio - diz Perfeito, em relatório.
Para alguns operadores, o recuo do dólar após a decisão do Fed é apenas uma correção dos excessos do mercado, já que a moeda americana tinha chegado até a R$ 2,40 em agosto, com as apostas de que o Fed retiraria os estímulos em setembro.
- O mercado havia se antecipado para o pior cenário, que era a retirada dos estímulos já na reunião de setembro. Por isso, o dólar subiu muito e chegou até R$ 2,40, em agosto. Essa queda acentuada da moeda americana que vemos agora, na verdade, é um movimento de volta ao patamar de equilíbrio - algo entre R$ 2,20 e R$ 2,30. A sinalização do Fed é que a retirada dos estímulos será mais gradual do que se esperava - analisa Fernando Bergallo, diretor de câmbio da corretora TOV.
Em seu discurso após a decisão, o presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que não há uma calendário fixo nem um ‘número mágico’ para reduzir a compra de ativos. As aquisições de títulos continuarão até que haja uma melhora ‘substancial das condições econômicas’. Segundo Bernanke, a economia dos EUA tem crescido de maneira moderada e a melhora no mercado de trabalho acontece de forma desigual e que as condições atuais desse mercado “não são satisfatórias”.
Bernanke disse que o aumento dos juros nos EUA não acontecerá enquanto a taxa de desemprego cair ainda mais. Mas afirmou que isso não se dará de forma automática. Atualmente, o desemprego está em 7,3% e o mercado prevê que os juros subam apenas quando ela estiver em 6,5%.
Para o sócio da corretora NGO, Sidnei Nehme, a decisão do Fed de adiar a redução do programa de estímulos pode fazer o dólar recuar ainda mais frente ao real.
- Com a decisão, é possível que o Brasil passe a receber maior volume de recursos, principalmente especulativos, direcionados para a renda fixa e renda variável, o que poderá determinar que o preço da moeda americana seja depreciado e fique, mesmo que temporariamente, entre R$ 2,20 a R$ 2,25, para retomar ao final do ano o nível de R$ 2,30 - avalia Nehme.
BC fez duas intervenções no câmbio pela manhã
O dólar já havia iniciado a sessão em queda frente ao real e a baixa se acentuou após duas intervenções feitas pelo Banco Central no mercado de câmbio. Nesta manhã, o BC deu sequência ao seu plano de ação para fortalecer o real frente ao dólar e fez mais dois leilões de contratos de swap cambial tradicional, uma operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. No primeiro leilão, que faz parte da estratégia do BC de atuar diariamente no mercado, foram vendidos dez mil contratos totalizando US$ 497 milhões. No segundo, o BC rolou mais 55.300 contratos, que venceriam em primeiro de outubro, totalizando US$ 2,7 bilhões.
Na Bovespa, a euforia se explica, segundo o economista Silvio Campos, da Tendências, porque com a manutenção dos estímulos nos EUA, mais dólares podem pousar no pregão brasileiro. Essa tendência já vinha sendo observada na Bolsa brasileira com a maior entrada de recursos estrangeiros desde o início do mês.
Entre as ações mais negociadas do pregão, Vale PNA subiu 0,06% a R$ 33,02; Petrobras PN avançou 1,99% a R$ 18,90; OGX teve alta de 10% a R$ 0,44, a maior valorização do Ibovespa; Itaú Unibanco PN subiu 2,88% a R$ 32,50 e Bradesco PN ganhou 3,30% a R$ 31,25.
As ações ON da Light tiveram a maior queda do pregão, com baixa de 2,52% a R$ 17,83. Os papéis PN da Cemig também recuaram 1,02% a R$ 18,45, a quinta mais baixa do pregão. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo informou que o governo vai renovar e fazer relicitação das concessões de distribuição, permitindo assim novos descontos.
Na Europa, os principais índices fecharam sem direção definida, à espera do Fed. O índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, subiu 0,45%; o Cac, da Bolsa de Paris, caiu 0,60% e o FTSE, teve queda de 0,17%.
Entre 34 moedas, o real foi a que mais se desvalorizou frente ao dólar nesta quarta-feira. No mês, o dólar comercial se desvaloriza 5,24%, enquanto no ano a valorização ainda é de 10,62% frente ao real. Na máxima do dia, o dólar chegou a R$ 2,260 enquanto na mínima bateu em R$ 2,187, uma variação no dia de 3,3%.
Já a Bolsa de Valores de São Paulo, que até as 15h apresentava instabilidade, subiu 2,64%, aos 55.702 pontos e volume negociado de R$ 8,9 bilhões, seguindo os principais índices americanos. Em pontos, é o maior patamar do Ibovespa desde o dia 28 de maio de deste ano, quando o índice atingiu os 56.036 pontos. Nos Estados Unidos, os principais pregões também subiram após a decisão do Federal Reserve. O S&P500 se valorizou 1,22%, recorde de alta, aos 1.725 pontos, assim como Dow Jones, que subiu 0,95% aos 15.676 pontos. O Nasdaq teve ganho de 1,01% aos 3.783 pontos.
Os investidores mantiveram a cautela até o Fed anunciar sua decisão, que acabou surpreendendo o mercado. A expectativa era que o banco central americano anunciasse um redução entre US$ 5 e US$ 10 bilhões no estímulos, segundo analistas. Com a decisão de manter as compras de títulos em US$ 85 bilhões, os especialistas avaliam que haverá um novo rali das Bolsas e perda de terreno do dólar ante outras moedas.
No mercado de juros futuros, as taxas também recuaram acompanhando a baixa do dólar e o recuo das taxas dos títulos de dez anos do Tesouro Americano. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 recuou de 9,27% para 9,23%; o papel com vencimento em janeiro de 2015 caiu de 10,36% a 10,11% e o contrato com vencimento em janeiro de 2017 recuou de 11,65% para 11,15%.
Para o economista Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências, a decisão foi uma surpresa considerando a própria sinalização que o Fed vinha dando e ao consenso do mercado. O economista avalia que com a piora de indicadores da economia americana, nas últimas semanas, a decisão de manter os estímulos faz sentido.
- O mercado imobiliário nos EUA deu uma esfriada, nas últimas semanas, depois que os juros dos títulos de 30 anos, usados em financiamentos de casas, subiram de 3,5% para 4,5% em apenas dois meses - avalia.
Para ele, o dólar deve se acomodar nos próximos dois a três dias e passar a flutuar entre R$ 2,20 e R$ 2,30. Mesmo assim, diz ele, a tendência de desvalorização do real frente à moeda americana se mantém, já que a percepção de risco Brasil piorou, com as contas públicas do país em situação ruim e o baixo crescimento da economia.
No mercado, já começam a surgir apostas de que o dólar pode terminar o ano em R$ 2,10. Esta é aprevisão do economista--chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito. Antes da decisão do Fed, a estimativa era de que o câmbio encerrasse o ano em R$ 2,20.
- O dólar tende a se depreciar frente ao real, a não ser que o governo, mais uma vez, reverta suas política com o câmbio - diz Perfeito, em relatório.
Para alguns operadores, o recuo do dólar após a decisão do Fed é apenas uma correção dos excessos do mercado, já que a moeda americana tinha chegado até a R$ 2,40 em agosto, com as apostas de que o Fed retiraria os estímulos em setembro.
- O mercado havia se antecipado para o pior cenário, que era a retirada dos estímulos já na reunião de setembro. Por isso, o dólar subiu muito e chegou até R$ 2,40, em agosto. Essa queda acentuada da moeda americana que vemos agora, na verdade, é um movimento de volta ao patamar de equilíbrio - algo entre R$ 2,20 e R$ 2,30. A sinalização do Fed é que a retirada dos estímulos será mais gradual do que se esperava - analisa Fernando Bergallo, diretor de câmbio da corretora TOV.
Em seu discurso após a decisão, o presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que não há uma calendário fixo nem um ‘número mágico’ para reduzir a compra de ativos. As aquisições de títulos continuarão até que haja uma melhora ‘substancial das condições econômicas’. Segundo Bernanke, a economia dos EUA tem crescido de maneira moderada e a melhora no mercado de trabalho acontece de forma desigual e que as condições atuais desse mercado “não são satisfatórias”.
Bernanke disse que o aumento dos juros nos EUA não acontecerá enquanto a taxa de desemprego cair ainda mais. Mas afirmou que isso não se dará de forma automática. Atualmente, o desemprego está em 7,3% e o mercado prevê que os juros subam apenas quando ela estiver em 6,5%.
Para o sócio da corretora NGO, Sidnei Nehme, a decisão do Fed de adiar a redução do programa de estímulos pode fazer o dólar recuar ainda mais frente ao real.
- Com a decisão, é possível que o Brasil passe a receber maior volume de recursos, principalmente especulativos, direcionados para a renda fixa e renda variável, o que poderá determinar que o preço da moeda americana seja depreciado e fique, mesmo que temporariamente, entre R$ 2,20 a R$ 2,25, para retomar ao final do ano o nível de R$ 2,30 - avalia Nehme.
BC fez duas intervenções no câmbio pela manhã
O dólar já havia iniciado a sessão em queda frente ao real e a baixa se acentuou após duas intervenções feitas pelo Banco Central no mercado de câmbio. Nesta manhã, o BC deu sequência ao seu plano de ação para fortalecer o real frente ao dólar e fez mais dois leilões de contratos de swap cambial tradicional, uma operação que equivale a uma venda de dólares no mercado futuro. No primeiro leilão, que faz parte da estratégia do BC de atuar diariamente no mercado, foram vendidos dez mil contratos totalizando US$ 497 milhões. No segundo, o BC rolou mais 55.300 contratos, que venceriam em primeiro de outubro, totalizando US$ 2,7 bilhões.
Na Bovespa, a euforia se explica, segundo o economista Silvio Campos, da Tendências, porque com a manutenção dos estímulos nos EUA, mais dólares podem pousar no pregão brasileiro. Essa tendência já vinha sendo observada na Bolsa brasileira com a maior entrada de recursos estrangeiros desde o início do mês.
Entre as ações mais negociadas do pregão, Vale PNA subiu 0,06% a R$ 33,02; Petrobras PN avançou 1,99% a R$ 18,90; OGX teve alta de 10% a R$ 0,44, a maior valorização do Ibovespa; Itaú Unibanco PN subiu 2,88% a R$ 32,50 e Bradesco PN ganhou 3,30% a R$ 31,25.
As ações ON da Light tiveram a maior queda do pregão, com baixa de 2,52% a R$ 17,83. Os papéis PN da Cemig também recuaram 1,02% a R$ 18,45, a quinta mais baixa do pregão. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo informou que o governo vai renovar e fazer relicitação das concessões de distribuição, permitindo assim novos descontos.
Na Europa, os principais índices fecharam sem direção definida, à espera do Fed. O índice Dax, da Bolsa de Frankfurt, subiu 0,45%; o Cac, da Bolsa de Paris, caiu 0,60% e o FTSE, teve queda de 0,17%.
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