De acordo com o ministro, o relatório foi elaborado por escalões inferiores do FMI e repete os erros de documentos anteriores
Rio - O ministro da Fazenda, Guido
Mantega, rebateu nesta terça-feira um relatório divulgado pelo Fundo
Monetário Internacional (FMI) que inclui o Brasil entre as economias
emergentes mais vulneráveis a crises externas. Segundo ele, diversos
indicadores econômicos do primeiro semestre mostram que os investidores
estrangeiros continuam interessados no país, mesmo com a retirada
gradual dos estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed), Banco
Central norte-americano.
O ministro lembrou que os
investimentos estrangeiros diretos, que geram empregos no país,
continuam acima de US$ 60 bilhões em 12 meses pelo quarto ano seguido.
Além disso, ressaltou Mantega, o real valorizou-se 9,4% nos primeiros
seis meses do ano, e a Bolsa de Valores de São Paulo subiu 21,25% no
mesmo período.
De acordo com o ministro, o relatório foi
elaborado por escalões inferiores do FMI e repete os erros de documentos
anteriores divulgados por instituições financeiras e organismos
internacionais que apontaram uma “tempestade perfeita” para a economia
brasileira neste ano e incluíram o Brasil entre os cinco países
emergentes mais frágeis. “A tempestade não veio e o cenário apontado por
esses relatórios não se concretizou”, disse.O ministro destacou que o país tem o quinto maior volume de reservas internacionais do mundo, em torno de US$ 380 bilhões. O montante é superior ao da dívida externa pública e privada, de US$ 330 bilhões, e suficiente para financiar o país por longo tempo em caso de escassez de capital externo.
“Da dívida externa total, somente 7,6% vencem no curto prazo, o menor nível entre os países emergentes. No caso de uma interrupção do fluxo de capitais, daria para o Brasil se financiar por longo tempo”, ressaltou.
Tradicionalmente, o maior indicador de vulnerabilidade externa de uma economia é o déficit em transações correntes – soma dos saldos da balança comercial (diferença entre exportações e importações) e das contas de serviços, de renda e das transferências unilaterais (doações de emigrantes e de organizações estrangeiras). Caso um país registre resultado negativo nessa conta, fica dependente do capital especulativo internacional, dos empréstimos externos e dos investimentos estrangeiros diretos para fechar o balanço de pagamentos.
De acordo com o Banco Central, o déficit em transações correntes do Brasil acumulou em torno de US$ 86 bilhões, 3,58% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país), nos 12 meses terminados em junho. Apesar de o resultado ser o pior desde 2001, o ministro diz que o problema é temporário e que o déficit deve diminuir nos próximos meses.
“No ano passado, o déficit em transações correntes subiu por causa da conta petróleo [importações de petróleo maiores que as exportações], que retirou US$ 17 bilhões do saldo da balança comercial. Com o aumento da produção da Petrobras, previsto para 8% neste ano, o quadro está se revertendo. Os analistas já tinham percebido isso”, declarou. O ministro não estipulou uma previsão de déficit em transações correntes para 2014.
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