Vírus já matou 729 pessoas na Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa
TerraA Organização Mundial da Saúde divulgou novos dados nesta quinta-feira sobre esta epidemia na África ocidental. Dessa forma, até 27 de julho foram registrados mais de 1.300 casos, incluindo 729 pessoas que faleceram na Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa.
Horas após a presidente liberiana, Ellen Johnson Sirleaf, ordenar na noite de quarta-feira o fechamento de todas as escolas, seu colega de Serra Leoa, Ernest Bai Koroma, decretou nesta quinta-feira estado de emergência.
"Os desafios extraordinários exigem medidas extraordinárias. A doença provocada pelo vírus Ebola constitui um desafio extraordinário para nossa nação", declarou Koroma em um discurso divulgado pela televisão.
"Portanto, proclamo o estado de emergência pública", acrescentou.
Koroma também anunciou medidas, como colocar em quarentena as áreas afetadas pelo Ebola, mobilizar forças de segurança para proteger as equipes médicas e proibir as reuniões públicas, assim como vasculhar os locais onde se acredita que possam existir pessoas doentes.
O presidente também disse que "houve mais de 130 sobreviventes desta doença", ressaltando as possibilidades de cura que as pessoas internadas em centros de saúde têm.
Na noite de quarta-feira, a presidente da Libéria havia ordenado o fechamento de todas as escolas em um discurso divulgado pela televisão.
Além disso, "é ordenado por mim o fechamento até nova ordem de todos os mercados das zonas fronteiriças", disse.
Sirleaf também afirmou que o dia de sexta-feira era declarado feriado com o objetivo de utilizá-lo para desinfectar todas as instalações públicas.
O médico belga Peter Piot, um dos que descobriram o vírus Ebola em 1976 no Zaire (hoje República Democrática do Congo) estimou que as dificuldades que Libéria e Serra Leoa têm para enfrentar a epidemia devem-se porque "estes países saem de anos de guerra civil".
"Libéria e Serra Leoa tentam agora se reconstruir e, portanto, há uma falta total de confiança nas autoridades que, somada à pobreza e aos serviços de saúde medíocres, é, na minha opinião, a causa desta grande epidemia", acrescentou em entrevista à AFP.
A RDC anunciou novas medidas sanitárias para evitar que voltem a existir casos de Ebola e Quênia e Etiópia também indicaram nesta quinta-feira ter tomado medidas a respeito.
A Autoridade de Aviação Civil da Nigéria (NCAA, na sigla em inglês) disse que começou a medir a temperatura dos passageiros que chegam de locais com risco de Ebola e suspendeu a companhia aérea pan-africana Asky por ter levado o primeiro caso para Lagos.
"Triagem e monitoramento estão sendo feitos em todos os principais aeroportos internacionais. Isso implica verificar a temperatura dos passageiros com um equipamento de mão", disse o porta-voz da NCAA, Sam Adurogboye, acrescentando que o procedimento vale para qualquer voo que tenha passado pela Libéria, Guiné ou Serra Leoa.
Um exame de sangue obrigatório é realizado se a temperatura do passageiro causar preocupação, disse ele.
A Associação das Companhias Aéreas Internacionais (Iata) disse que a OMS não recomenda restrições de viagens ou fechamento de fronteiras devido ao surto, e o risco seria baixo para outros passageiros se voarem ao lado de uma pessoa com Ebola.
Patrick Sawyer, consultor do Ministério das Finanças da Libéria, de 40 anos, passou mal ao chegar ao aeroporto de Lagos em 20 de julho, em um vôo da Asky. Ele foi colocado em isolamento em um hospital em Obalende, uma das partes mais movimentadas da cidade, mas morreu no dia 25.
"Suspendemos a Asky até que eles sejam capazes de nos mostrar que medidas adotaram para os passageiros, para garantir que eles não trazem Ebola", disse Adurogboye.
As autoridades estão monitorando 59 pessoas que estiveram em contato com Sawyer.
Os temores de que o surto de Ebola na África se propague a outros continentes aumentaram na quarta-feira. Europa e Ásia permaneciam em alerta, a ONG Médicos Sem Fronteiras advertiu que a epidemia estava fora de controle e os corpos de paz dos Estados Unidos anunciaram que se retiravam da região.
O vírus Ebola pode matar as pessoas em questão de dias, depois de provocar uma intensa febre e sérias dores musculares, vômitos, diarreia e, em alguns casos, insuficiência dos órgãos e hemorragia incontrolável.
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