8.31.2013

Ex-médico Marcelo Caron vai a júri popular por morte de paciente, em GO

  O ex-médico Denísio Marcelo Caron já está sendo julgado, no Fórum de Goiânia, pela morte da oficial de Justiça Flávia Rosa, de 23 anos. A sessão do júri popular presidida pelo juiz Lourival Machado da Costa, do 2º Tribunal do Júri da capital, começou às 8h55 desta quinta-feira (29).

Foram convocados 25 jurados para o julgamento. Destes, sete foram sorteados nesta manhã para integrar o júri. Como a promotoria e a defesa têm o direito de aceitar ou não os jurados sorteados, a defesa de Caron requisitou que três pessoas escolhidas fossem substituídas. Elas eram mulheres e jovens, o mesmo perfil da vítima que morreu. Após a substituição, o júri ficou composto por cinco homens e duas mulheres.
Segundo Tribunal de Justiça, o julgamento acontece na seguinte ordem: primeiro, o Ministério Público apresenta a acusação. Em seguida, o réu é interrogado e depois são ouvidas as testemunhas de acusação, já que a defesa não arrolou nenhuma testemunha. Após os depoimentos, começam os debates orais entre acusação e defesa.
  • Jovem de 23 anos teve fígado perfurado durante lipoaspiração, diz promotor.
    Julgamento está marcado para quinta-feira (29), no Fórum de Goiânia.






    Ex-médico Marcelo Caron, em Goiânia, em foto de 14 de abril de 2009 (Foto: Diomício Gomes/O Popular) 
    Ex-médico Marcelo Caron, em foto de 14 de abril de
    2009 (Foto: Diomício Gomes/O Popular)
Caron entrou no tribunal 15 minutos antes do julgamento começar. Ele não falou com a imprensa.
O advogado do ex-médico, Ricardo Naves, reconhece a responsabilidade de seu cliente, mas nega dolo eventual: "Culpa é culpa, mas ele não tinha intenção de matar, nem assumiu o risco".
Já o promotor Maurício Gonçalves de Camargo quer que o réu seja condenado por homicídio qualificado pela torpeza. "Pela ganância, pela ânsia de ganhar dinheiro, ele fez diversas cirurgias plásticas em mulheres, embora não fosse habilitado para esse fim", disse Camargo ao G1. Se condenado, Caron pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.
Familiares de Flávia Rosa acompanham o julgamento. Tia da jovem, Carmem Lúcia Moura Rosa diz que espera por justiça: “Que ela morreu por causa da lipoaspiração a gente sabe que foi. Está nos autos. Ele perfurou o fígado dela. Não foi só ela, foram várias [pacientes]. Ela fez a lipo e estava reclamando de muitas dores. E ele  [Marcelo Caron] dizendo que era manha”.
Flávia Rosa, paciente que morreu após lipoaspiração feita pelo ex-médico Marcelo Caron, em Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera) 
Flávia Rosa morreu em 2001 durante lipoaspiração
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Cirurgia
Flávia Rosa morreu em 12 de março de 2001, seis dias após se submeter a uma cirurgia de lipoaspiração. Segundo o promotor, durante o procedimento, o ex-médico perfurou o fígado da vítima.
"Ela recebeu alta da clíncia de Caron pouco tempo depois da cirurgia, mas, em casa, sentia fortes dores e tinha febre. A família, então, decidiu levá-la para um hospital, onde ela veio a falecer", relatou Camargo.
Caron é suspeito de provocar a morte de seis pacientes. Quatro mulheres teriam morrido em consequência dos procedimentos em Goiás e duas no Distrito Federal (DF).
Condenações
Em 2009, o ex-médico foi condenado por homicídio pelas mortes das pacientes do DF. Juntas, as penas dos dois processos somam 30 anos de prisão. Caron recebeu uma terceira condenação em 2012, por lesão corporal grave, em Goiânia, por ter causado sequelas a uma mulher que se submeteu a cirurgias plásticas no abdômen e na mama, além de pagar indenização no valor de R$ 10 mil.
Apesar de atuar como cirurgião plástico em Goiânia e Distrito Federal, ele não tinha especialização na área e teve o registro profissional cassado pelo Conselho Federal de Medicina por exercício ilegal da profissão.

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