À venda na internet, exame que detecta 12 tipos de substâncias vira polêmica no Rio
O leque de ‘flagras’ é extenso. Vai
de cocaína a maconha, passando por remédios para emagrecer, heroína,
morfina e ecstasy. “Quem nos procura, geralmente, são pais que já sabem
que o filho consome ou estão desconfiados. Acontece também muito com
casais. Geralmente é a mulher que faz o teste no namorado ou marido. Em
caso de resultado positivo, o laudo faz uma classificação de levíssimo a
pesadíssimo do uso da droga detectada”, explicou Eduardo Bloch, diretor
da empresa Psychemedics Brasil.
“O melhor caminho é sempre o diálogo. A atitude dos pais é legítima, mas terá prejuízos na relação dentro de casa”
HELLEN CORDEIRO, Psicóloga
A empresa vende no país, em média, 60
testes por mês via internet. A análise é feita num laboratório da
Califórnia, nos Estados Unidos. O exame, chamado de PDT — sigla em
inglês de Personal Drug Test —, pode ser feito de forma sigilosa. O kit
chega ao endereço do comprador num envelope descaracterizado. Vem junto
com um formulário, onde o solicitante pode escrever apenas o primeiro
nome da pessoa testada. O resultado chega por carta, mas há ainda a
opção de envio por e-mail.
O teste, no entanto, levanta a discussão sobre
possíveis prejuízos para a relação familiar, caso o filho descubra que
foi submetido ao exame sem saber. Para Maria Valésia Vilela, psicóloga e
membro da Academia de Ciências de Nova York, é preciso analisar cada
caso. “Se o adolescente é rebelde e violento, justifica o pai fazer uso
desse kit. Mas precisa ter cuidado porque o jovem pode ser rotulado de
usuário sendo que apenas experimentou a droga. Isso cria um sentimento
de injustiça”, explica.
A comerciante Márcia Teixeira, 48 anos, mãe de três filhos — 28, 25 e 19 —, é mais rigorosa na avaliação . “Não vejo problema em fazer o teste. As pessoas podem até dizer que é invasão de privacidade, mas a mãe tem o direito e, com certeza, a intenção é sempre ajudar”.
Laudo denuncia maconha consumida 3 meses antes
O rastreio do consumo de drogas é tão preciso que é capaz de mostrar se a pessoa fumou dois cigarros de maconha nos 90 dias anteriores ao teste. Também flagra se a pessoa cheirou dois papelotes de cocaína no mesmo período. No caso dos emagrecedores, basta que o consumo tenha sido de um grama. O diretor da Psychemedics Brasil, Eduardo Bloch, afirmou que, apesar de o exame ter 100% de confiabilidade e ser reconhecido pela FDA (espécie de Anvisa americana), ele não pode ser usado judicialmente, caso a coleta do material seja feita escondida da pessoa submetida ao teste.
“Quando é comprado na internet, ele não tem validade oficial. Como não tem uma terceira parte como testemunha, ele não pode ser usado perante o juiz. Por isso, quando alguém diz que vai usar como prova numa separação de casal, orientamos a procurar pessoalmente um dos nossos laboratórios.”
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