Em 98% dos casos a obesidade é do tipo
poligênica e, para ser desenvolvida, é necessário uma interação entre
predisposição genética e fatores externos. Segundo George Bray, “a
genética carrega a arma e o ambiente aperta o gatilho”. Na maioria das
vezes, portanto, é uma doença endócrino metabólica crônica e
heterogênea, com forte base genética, que se apresenta quando associada a
fatores ambientais. Ela é multicausal, sendo decorrente de fatores
genéticos e ambientais, dentre os quais destacam-se o desequilíbrio
energético e perfil inflamatório da dieta. Apenas 2% dos casos de
obesidade são do tipo monogênica, ou seja, independem de fatores
externos e ocorrem por causa de mutações genéticas.
O alto teor de gordura saturada, gordura
trans, ômega 06 e elevada quantidade de carboidratos simples favorecem
esta resposta metabólica no organismo. Nas nossas células nós temos um
receptor do tipo TLR que pode ser ativado na presença dessas substâncias
e, quando isso ocorre ativa-se dentro da célula um fator de transcrição
gênica que é o NFkappaB, altamente inflamatório. O NFkappaB estimula a
produção de mediadores inflamatórios no organismo que, dentre outras
consequências, favorece a liberação do cortisol,
hormônio ligado diretamente ao acúmulo de gordura abdominal e envolvido
em outras desordens metabólicas como, por exemplo, a resistência a
insulina. Outras situações favorecem a liberação do cortisol: jejum
prolongado, atividade física extenuante sem uma alimentação prévia
adequada e, o stress. Portanto, estas três situações também servem de
gatilho para a liberação do cortisol e, consequentemente,
desenvolvimento da gordura visceral.
Além disso, quando consumimos altas
concentrações de aditivos alimentares como corantes, acidulantes,
conservantes, adoçantes sintéticos e agrotóxicos e toxinas como o
bisfenol, presente no plástico, se não tivermos um fígado bem funcionante capaz
de transformar essas substâncias estranhas em substâncias excretáveis,
elas acabam sendo armazenadas nas células de gordura. Chegando lá, se
ligam facilmente a um receptor chamado PPARgama que leva a diferenciação
de pré adipócitos a adipócitos, ou seja, favorece o aumento da
capacidade de acúmulo de gordura. Antigamente acreditava-se que tínhamos
uma quantidade pré-determinada de células adiposas que não podia ser
modificada. Hoje, com a obesidade caracterizada como inflamação
sub-clínica, tem-se a certeza que fatores externos podem estimular a
multiplicação das células adiposas.
Todos estes fatores listados, além da inflamação no organismo, causam o estresse oxidativo, ou seja, favorecem a ação dos radicais livres no
organismo. A inflamação sub-clínica anda de mãos dadas com o estresse
oxidativo. Tanto que muitas das complicações da obesidade são
decorrentes da ação dessas substâncias sobre as nossas estruturas
celulares: os radicais livres reagem com nossas estruturas comprometendo
as funções de nossas células. Portanto, precisamos de uma dieta
antioxidante e anti-inflamatória!
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