Ex-ocupantes do terreno da Oi acamparam em frente à Catedral.
Igreja lamenta que pessoas 'sejam manipuladas por outros interesses'.
Em nota, a Arquidiocese lamentou "que existam pessoas que ainda sofram em virtude da ausência de moradia e sejam manipuladas por outros interesses" (leia a íntregra da nota no fim da reportagem).
A ação litúrgica estava prevista para as 15h e à noite seria realizado o Auto da Paixão. Ainda de acordo com a Arquidiocese, os eventos nas paróquias acontecem normalmente.
Ex-ocupantes do terreno da Oi acampam em frente à
Catedral Metropolitana (Foto: Cristiane Cardoso/ G1)
Segundo o tenente-coronel Edson Duarte, do 4º BPM, em São Cristóvão,
representantes do grupo que, na quinta-feira (17), decidiu ficar em
frente à Prefeitura, saiu por vontade própria do entorno do prédio do
governo municipal. O oficial disse ao G1 que PM e Guarda Civil apenas acompanharam os manifestantes.Catedral Metropolitana (Foto: Cristiane Cardoso/ G1)
O padre Luiz Antônio, coordenador da Pastoral das Favelas da Arquidiocese, afirmou estar preocupado com a situação das crianças. Ele diz que a igreja tem como prioridade buscar abrigo para elas.
"A Igreja vai servir de mediação nesse acesso aos abrigos. Nosso arcebispo pediu que nós estivéssemos aqui. Cada um sabe muito bem quem está necessitando, precisando."
Dirigindo-se diretamente aos acampados, disse: "A proposta é acompanhar e estar com vocês enquanto a situação não for resolvida. Quem tem obrigação de fato é o estado, que tem que dar essa resposta. A igreja vai servir de mediação para esta negociação".
Os acampados receberam doações de água, pão e café da manhã. Eles chegaram à igreja por volta das 6h desta sexta e não querem ir para abrigos. O grupo diz que quer ir para um lugar onde possa ficar todo junto e quer receber aluguel social. Um dos ex-ocupantes, que não quis se identificar, contou que já morou em um abrigo e que no local há viciados em drogas.
De acordo com a Associação Cultural da Arquidiocese, há 45 anos o Auto da Paixão é encenado e faz parte do calendário religioso da cidade. Esta seria a primeira vez que a celebração aconteceria dentro da Catedral e não nos Arcos da Lapa, tradicional cenário do evento, que passa por uma obra de revitalização.
Com o cancelamento da programação na Catedral, o cardeal Dom Orani Tempesta participou de uma celebração da Sexta-Feira Santa em Antares, na Zona Oeste. O evento já estava marcado
Leia a nota enviada pela Arquidiocese:
"Diante da ocupação da entrada da Catedral do Rio de Janeiro por um grupo de pessoas oriundo da OI/TELERJ, que solicitava apoio para moradia, a Arquidiocese do Rio de Janeiro, através de responsáveis diretamente ligados ao Arcebispo, ofereceu-se para mediar uma solução ainda que parcial, uma vez que o período de feriados não permite soluções mais definitivas.
Apesar das negociações terem se encaminhado para o atendimento provisório dos efetivamente necessitados, em local do poder público, com o apoio da Igreja e serviços sociais e apesar de os necessitados a terem inicialmente aceito, ao final, não se chegou a uma solução satisfatória. Após ouvir assessorias, os necessitados retrocederam.
A Arquidiocese do Rio de Janeiro lamenta que existam pessoas que ainda sofram em virtude da ausência de moradia e sejam manipuladas por outros interesses.
A Catedral permanecerá fechada. O Sr. Cardeal, em solidariedade a todos os necessitados realizará as celebrações pascais em comunidades que experimentam a pobreza aguda e que serão informadas oportunamente.
A Arquidiocese do Rio de Janeiro reafirma sua intenção inicial de servir como mediadora entre os necessitados e o poder público para encontrar uma saída."
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