4.18.2014

Acaba a greve da Polícia Militar da Bahia

Grevistas votaram em assembleia na tarde desta quinta (17), em Salvador.
Reunião com arcebispo antecedeu votação; paralisação começou na terça.

Do G1 BA
PMs comemoram fim da greve na Bahia (Foto: Maiana Belo/G1) 
PMs comemoram fim da greve na Bahia após realização de assembleia (Foto: Maiana Belo/G1)
A greve da Polícia Militar da Bahia foi encerrada na tarde desta quinta-feira (17) após assembleia realizada entre líderes do movimento e PMs, no Wet'n Wild, espaço de shows em Salvador, onde parte da corporação permaneceu acampada desde a noite de terça-feira (15), quando o movimento foi iniciado. Logo após a assembleia, os policiais comemoraram bastante e gritaram em coro "A PM voltou".
De acordo com Marco Prisco, vereador e presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), a categoria conseguiu um aumento de 25% no soldo (remuneração específica dos policiais) para o administrativo da PM; de 45%, para o operacional; e de 60%, para motoristas. Também foi aprovada a extinção do código de ética, nova discussão sobre o plano de carreira e fim do curso de cabo. "Os benefícios conseguidos hoje são para ativos e inativos”, afirmou o líder da PM.
“Estamos indo para a governadoria para a entrega do documento, pois primeiro precisávamos conversar com a categoria para votação e depois levar o documento assinado para o governo”, completou Marco Prisco.
De acordo com informações do coronel Gilson Santiago, diretor de comunicação da Polícia Militar, representantes da gestão estadual estão em reunião na sede da governadoria e devem se posicionar no final da tarde sobre os itens discutidos.
O fim da greve ocorreu no mesmo horário em que era realizada uma reunião entre o governador da Bahia, Jaques Wagner, e o ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, além de outras autoridades locais e nacionais. O encontro foi realizado na sede da governadoria, no Centro Administrativo da Bahia.
"Estamos satisfeitos com o fim da greve, pois não queríamos. O governo foi intransigente, mas conseguimos chegar a um acordo. Foi satisfatório esse resultado para nós e tenho certeza que, para a população, também. A população pode ficar tranquila", comentou o soldado Santos, da 41ª Companhia Independente de Polícia Militar, após participar da assembleia.
A Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que autorizou o uso de tropas federais para a segurança do estado, está mantida mesmo com o fim da greve. A permanência ocorre até pelo menos o fim do feriado, quando vai ser feita a reavaliação da situação e verificada se a quantidade de policiais em atividade está normalizada.
Primeira reunião
Uma reunião entre o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, o coronel da Polícia Militar Alfredo Castro, representante do governo, e lideranças de associações da PM foi realizada na manhã desta quinta, no Largo dos Aflitos, na capital. Durante o encontro, uma nova contraproposta foi apresentada pelo coronel da PM aos grevistas e um documento foi elaborado pelas lideranças para ser submetido ao crivo da categoria em assembleia.
"Eu penso que minha participação foi modesta, mas de alguém que ajuda as pessoas a dialogar e desarmar o espírito. Hoje na missa eu disse 'a paz é um dom de Deus'. Vamos pedir que ela venha para toda a Bahia. Nem eu achei que viria uma resposta tão rápida", disse Dom Murilo Krieger após o fim da paralisação.
Segundo o coronel Castro, comandante da corporação, o reajuste nas Condições Especiais de Trabalho (CET), um dos principais pontos de divergência entre governo e grevistas, foi revisto . "O que mudou foram as condições das propostas no que diz respeito aos índices. Nós tivemos uma proposta feita anteriormente sem o índice de CET e nós colocamos agora o índice de CET. Também estamos colocando a retirada de sanção disciplinar, as faltas leves administrativas durante esse período de greve", disse o oficial. O governo explica que a CET é uma gratificação que atualmente vigora para oficiais e que os grevistas pedem que se estenda a todos do efetivo policial.
Homicídios
Foram registrados 39 homicídios em Salvador e região metropolitana pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia durante pouco mais de 42 horas desde o início da greve, que começou por volta das 19h30 da terça. Na segunda-feira (14), dia que anteceu o início da paralisação, foram registrados seis homicídios em Salvador e região, segundo dados da SSP-BA.
De acordo com informações da assessoria de comunicação da SSP, esse número foi contabilizado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa até as 13h40 desta quinta-feira. A secretaria ressalta que ainda é preciso um período de investigação para saber se essas mortes estão relacionadas à redução do policiamento nas ruas devido à greve da PM.
Em 2012, a média foi de 4,3 homicídios por dia em Salvador. Já em 2013, esse número caiu para 3,91. Em 2014, nos meses de janeiro e fevereiro, a média diária de assassinatos foi de 5,5, enquanto em março foi de 6,6. Já no mês de abril, em apenas 17 dias foram contabilizados 123 homicídios em Salvador e região metropolitana, o que representa 7,2 assassinatos diariamente. Durante a greve da PM, que durou pouco mais de 43 horas, a média do número de assassinatos por dia foi de quase 20 homicídios. 
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Assembleia aprovou o início da greve da PM (Foto: Imagens/G1) 
Assembleia aprovou o início da greve da PM na BA
(Foto: Imagens/G1)
Justiça
Na quarta-feira, a greve foi considerada inconstitucional pela Justiça da Bahia, que estipulou multa diária de R$ 50 mil. O governo afirmou que as reivindicações das associações de policiais grevistas "ultrapassavam o limite orçamentário do Estado".
Nesta quinta, a Justiça Federal determinou a suspensão imediata da paralisação, estipulou multa em R$ 1,4 milhão, além de bloquear bens das associações grevistas.
Enquanto governo e categoria não chegavam a um acordo, tropas do Exército reforçavam a segurança nas ruas de Salvador. Durante a madrugada de terça (15), houve uma série de saques e arrombamentos pela cidade.
Saqueadores roubam supermercado e quebram produtos (Foto: Imagens/TV Bahia) 
Saqueadores roubam supermercado e quebram
produtos em Salvador (Foto: Imagens/TV Bahia)
Saques
A Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos da capital contabilizou 60 carros roubados no primeiro dia de greve da Polícia Militar. Segundo o delegado titular da unidade, Marcos César Silva, essa quantidade foi registrada entre terça (15) e quarta-feira (16), e representa um número três vezes maior do que o registrado em um dia comum. "Isso aqui está um inferno na terra. O movimento triplicou", afirmou o delegado
Na madrugada desta quinta-feira, uma loja de eletrodomésticos foi invadida no bairro da Calçada, na Cidade Baixa, também em Salvador. Segundo informações da polícia, um grupo de homens entrou no estabelecimento com um carro e roubou diversos produtos da loja. Um veículo foi abandonado no local. Já por volta das 5h desta quinta-feira, um supermercado da rede Cesta do Povo foi arrombado no bairro da Fazenda Grande I. De acordo com a polícia, um grupo ainda ateou fogo ao estabelecimento.
No bairro de Cosme de Farias, na noite de quarta-feira (16), um mercado local foi arrombado por moradores da região. O estabelecimento foi completamente saqueado pelo grupo.
Ainda na noite de quarta, outros quatro estabelecimentos foram arrombados e saqueados em Salvador. Três deles no bairro de Brotas. No supermercado Bompreço, saqueadores levaram diversos produtos, quebraram objetos e sujaram todo o local. Já em Camaçari, região metropolitana de Salvador, um caixa eletrônico foi explodido por um grupo de homens.
Ainda no bairro de Brotas, só que nas Lojas Americanas, um carro foi utilizado para arrombar a porta da Lojas Americanas, que também foi saqueada. Homens do Exército foram até o local, mas não encontraram os assaltantes.
Já no Vale do Ogunjá, no mesmo bairro, o assalto foi realizado no supermercado GBarbosa. Seis homens foram presos pela Polícia de Choque (PM) durante a ação. No supermercado Bompreço, localizado na Avenida Garibaldi, produtos também foram levados após o arrombamento do local.

Nota bpf: Com policiamento normal a  Bahia já é muito perigosa, imagina sem policiamento. 

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