É possível manter o corpo em forma sem sofrer com dietas torturantes. Dez magros dão a receita
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O economista Fernando Zorio conta que sempre comeu muito e passou a adolescência 'com algumas gordurinhas'. Quando percebeu que podia perder a batalha, começou a desenvolver novos hábitos. Um deles foi o de reduzir as porções de comida. 'Tento sair da mesa com fome', revela. O outro foi começar a correr 7 quilômetros, três vezes por semana. Diz que na beirada dos 40 se sente melhor do que na juventude, sem virar escravo de dietas. A produtora Patrícia Fernandes tem um relato semelhante. Ela viveu fora do peso na adolescência, mas conseguiu dar uma virada. 'Tenho muita consciência de que não posso bobear. Se eu sair da linha, engordo', afirma. Para se manter no peso, ela também adotou uma série de hábitos novos. Em vez de doces, procura comer barras de cereais. Quando faz uma refeição mais calórica, tenta compensar na próxima. 'Estar bem comigo é muito mais prazeroso', diz.
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No caso das mulheres, a gravidez representa uma ruptura no estilo de vida. Nessa fase, mudanças hormonais e metabólicas também dificultam o controle de peso. 'Nunca sofri com a balança até completar 30 anos e ter meu filho. Fiquei gorda, com culote e cheguei aos 57 quilos', conta a relações-públicas Mônica Falcão. Ela diz que sua primeira investida contra o excesso de peso foi muito sistemática. 'Por dois anos, não comi uma batata frita', diz. Depois, começou uma mudança de hábitos mais gradual e profunda. Hoje, opta por tudo light. Procura comer a cada três horas e faz exercícios. Com isso, não se priva de quase nada. #Q:O segredo dos magros - continuação:#
A outra ponta da equação é gastar mais calorias. O mito que assusta muita gente é o de que é necessário se submeter a uma disciplina militar para tirar proveito do exercício físico. O fato é que, para controlar o peso, também é possível tirar benefícios de atividades físicas leves. Uma hora de caminhada gasta cerca de 240 calorias, equivalente a um milk-shake do McDonald's. É alta a taxa de fracasso daqueles que resolvem da noite para o dia entrar em um programa qualquer de exercícios puxados. Por isso, é melhor encontrar um ritmo confortável e uma atividade que proporcione satisfação. O advogado Gustavo Baêta joga tênis quase todo dia. 'Além de descarregar o stress, me sinto livre para comer o que quiser', diz. 'Só pela disciplina seria difícil manter o ritmo', conta.
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Dietas da moda, mesmo que reduzam drasticamente o peso num primeiro momento, não têm efeitos duradouros. Adotar novos hábitos funciona melhor, mas as pessoas costumam resistir à mudança. O psiquiatra Fábio Salzano, vice-coordenador do Ambulatório de Bulimia e Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (Ambulim), diz que o primeiro passo é tentar identificar as mudanças que precisam ser feitas no dia-a-dia. 'A grande dificuldade é que não existe uma receita de bolo que dê certo para todo mundo', diz. 'Cabe a cada um identificar onde está seu problema e combatê-lo', explica.
Sabe-se também que fatores psicológicos desempenham um papel importante nessa história. Clínicos experientes perceberam que as pessoas mais bem-sucedidas na tarefa de manter uma vida saudável e peso sob controle desenvolvem um sistema de motivação para compensar eventuais sacrifícios. A atriz e empresária Maria Manuela Assunção diz que resolveu suprimir a gordura e os doces de sua alimentação. O prêmio é o espelho. 'Eu me cuido porque gosto de mim magra.' Também é o caso de Fernando Elkis. Ele diz que 'adora beber', e abre mão desse prazer. 'No futuro, vou sentir a diferença e vai valer muito a pena', aposta.
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#Q:Como calcular o IMC:#
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#Q:Novas dietas:#
Coma mais, por menos
Sem abandonar a contagem de calorias, novas dietas apostam no conceito da saciedade e de como os alimentos são absorvidos
Aida Veiga
Depois que o império Atkins pediu concordata e as dietas de proteínas e de baixos carboidratos perderam popularidade, surge um novo capítulo na centenária luta contra a balança. São regimes baseados no conceito de saciedade, que sugerem alimentos que permitem à pessoa comer bastante, consumindo uma quantidade menor de calorias e produzindo menos gordura. Melhor: não exigem que ninguém subsista apenas de folhagens, sementes e outras opções insossas - porém saudáveis. No cardápio desses dois programas - volumétrico e de índice glicêmico - é possível comer quase tudo. Basta, é claro, ter moderação. Se balanceados com outros alimentos e na devida proporção, pode-se almoçar um prato de macarrão ou deliciar-se com um pedaço de chocolate no final da tarde.Tentador? Sem dúvida. É por isso que essas dietas estão fazendo tanto sucesso. 'Está provado que regimes radicais emagrecem num primeiro momento, mas não levam ninguém a manter a forma. Fórmulas mágicas que inventam 'o que' comer também não funcionam. Essas novas dietas sugerem 'como' comer, o que faz muito mais sentido', aposta o nutricionista David Katz, professor da Universidade de Yale nos Estados Unidos e uma das maiores autoridades no assunto.
Estudo mostrou que quem come salada antes de um prato de macarrão consome 100 calorias a menos do que quem fica só na massa; quem optou por uma sopa no lugar de uma refeição perdeu 50% a mais de peso do que quem comeu um prato qualquer |
A partir de pesquisas feitas em laboratório, ela criou um plano baseado na densidade energética de cada comida e em sua capacidade de 'encher' a barriga. 'Elaboramos uma dieta em que a escolha dos alimentos ajuda a pessoa a se sentir satisfeita com menos calorias', explicou Barbara Rolls em entrevista a ÉPOCA. A densidade energética é calculada dividindo-se o número de calorias de uma porção por seu peso em gramas. Os alimentos de menor densidade energética têm menos calorias em uma porção que seu peso. São basicamente as frutas e verduras. Depois vêm os alimentos cujo número de calorias é igual ou um pouco maior que seu peso. Entram aí arroz, feijão, batata, peixe, frango e macarrão. Devem ser controlados aqueles com coeficiente igual ou maior que dois na equação: carne vermelha, sorvete, batata frita e queijo.
Mas, no plano de Rolls, ninguém precisa se tornar um vegetariano. Ela não só ensina a equilibrar o insosso grupo dos alimentos de baixa densidade com o apetitoso de alta, como também sugere truques para diminuir a quantidade de calorias ingerida. Por exemplo: acrescentar alimentos ricos em água, como verduras, ao preparar uma carne. Um cozido tem menos calorias e sacia mais que um simples bife. Outro truque é começar a refeição com uma salada ou sopa. Ambas vão provocar uma sensação de saciedade, levando a pessoa a atacar com menor ganância o segundo prato - seja ele uma pasta ou um estrogonofe. O preparo dos alimentos também faz diferença. Uma massa, que absorve água enquanto é cozida, tem metade da densidade energética de um pão italiano - apesar de possuírem ingredientes semelhantes. 'Quanto mais seco for o alimento, maior é sua densidade energética', diz ela.
Já a dieta do índice glicêmico visa diminuir a produção de gordura no organismo. Ela baseia-se na capacidade e na velocidade que um alimento tem de aumentar os níveis de glicose, levando o corpo a produzir insulina. 'Desde uma simples hortaliça até a mais calórica guloseima, a maior parte dos alimentos aumenta o nível de açúcar no sangue, levando a uma maior geração de insulina. Em excesso, isso faz o organismo produzir gordura', explica o cardiologista e nutrólogo Jota Rodrigues. Como não é usada, essa gordura extra fica depositada, e engorda. Além disso, como alimentos de alto índice glicêmico são absorvidos rapidamente, sente-se vontade de comer logo. Já aqueles de baixo índice glicêmico fazem com que a insulina seja mais bem aproveitada pelo corpo, diminuindo a produção de gordura e provocando uma sensação de saciedade por mais tempo.
Quanto maior o tamanho da porção, maior é a quantidade consumida. Numa porção de 500 g, adultos comem 320 g; na de 1.000 g, o consumo pula para 450 g - 30% a mais |
'As duas propostas apresentam conceitos relevantes que podem ser levados em consideração na hora de escolher um alimento, mas não representam uma dieta ideal', diz o endocrinologista Walmir Coutinho, presidente da Federação Latino-Americana das Sociedades de Obesidade. 'Seja através de uma ou de outra, aprender a comer de forma balanceada, preocupando-se também com a saciedade, já é um grande passo', afirma David Katz. O futuro, dizem os cientistas, está nas dietas customizadas - baseadas nas necessidades de cada pessoa e nos fatores de risco para a saúde. Se ela tem colesterol alto, vai precisar comer menos gordura. Se o problema são os triglicérides, terá de diminuir o consumo de carboidratos. Se for diabético, vai precisar cortar o açúcar. E, se quiser emagrecer, terá de escolher alimentos menos calóricos. Para isso, tanto a volumétrica como a dieta do índice glicêmico são boas opções. #Q:Novas dietas - continuação:#
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Fotos: Marcio Lanzarii/ÉPOCA
colaborou Suzane Frutuoso
#Q:Como calcular a densidade energética:#
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Rachel Campello com Marcela Buscato
Revista Época
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