Assim você me mata...
Olha, por incrível que
pareça não desejo falar de Michel Teló, a nova febre. Acabei de assistir
ao filme “Melancolia” de Lars Von Trier e esse filme de fato “me
pegou”.
Nessa obra de arte (e aí
sim, Michel Teló e Revista Época, Veja, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, e o jonal O Globo vão pro esgoto) Lars esmiúça o
sentimento de melancolia, atualmente apelidado de depressão pelos
médicos. Para falar a verdade o filme é um pesadelo, ele desmotiva,
deprime... mas ao mesmo tempo é belo... é cruel também.
Desde o filme Anticristo
percebo em Lars uma visão diferente da natureza. Enquanto muitas pessoas
hoje em dia querem salvar pobres cãezinhos, prezam pela vida dos
animais e plantas em uma espécie de frenesi ecológica, Lars nos
apresenta o âmago de uma natureza cruel que te dilacera minuto a minuto,
que visa a decomposição. O amor é um mero rodapé de página nessa
história. Como personificação da natureza Lars escolhe a mulher: cruel,
louca, sádica, egoísta e destrutiva. Mas também bela, sensual, sexual e
(um pouco) amorosa.
Nesse sentido, e frente ao
poder das fêmeas de Lars, Michel Teló é a “sub-coisa do sub-treco” mais
infame que pudemos produzir. O homem figura nos dois filmes um papel
infantil, quase bobo, com aquela velha ideia de um cientificismo
totalizante que acalma, afaga e irrita (as mulheres de Lars).
Uma ideia que me veio à
mente foi da melancolia como um processo de defesa natural do próprio
planeta. Como se, para aniquilar os corpos estranho de sua superfície, a
natureza lançasse mão de um doença, que deprime, que faz os humanos
desejarem a própria morte. Surge então o “planeta melancolia” grande,
azul, rápido, que, incerto, vem e vai.
A melancolia também
aparece como um processo de abrupta conscientização, que desatola o
sujeito de sua condição estável e bem constituída, para outra condição
mais dilacerada, consciente da sua solidão eterna. Um certo gosto de
cinza na boca quando você come seu prato predileto.
O valor de verdade e o
quanto ela perturba e destrói nossa estabilidade é tônica do filme.
Aquela sensação de que não há 18 buracos em um campo de golfe como
sempre falaram a você e sim 19.
Michel Teló é tido por
alguns como uma catástrofe auditiva ambiental que vem para nos mostrar a
verdade nua e crua de um universo cultural pobre, porem muitíssimo
real.
A melancolia, ao contrário de Michel, vai pegar você. E não adianta correr nem construir cavernas mágicas com gravetos.
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