Mais do que isso, fica cada vez mais clara a tentativa de vender para a opinião pública que a CPI não interessava ao PT, quando é a oposição - DEM e PSDB à frente - que está no centro do escândalo Cachoeira, o ex-líder do DEMOCRATAS no Senado, senador Demóstenes Torres (renunciou à liderança há duas semanas e há pouco mais de uma desfiliou-se do partido) e o governo tucano de Goiás.
Este, aliás, já perdeu três de seus mais altos integrantes na esteira do escândalo Cachoeira por estarem envolvidos até o pescoço no caso.
Por que a oposição e certa mídia estão aliadas neste caso?
Por uma uma razão muito simples: ambas temem a CPI, pelas relações (da oposição) com o crime organizado; e, de certa mídia, pela produção de matérias jornalísticas políticas com base em gravações e grampos ilegais feitos pela quadrilha que atuava em Goiás com cobertura já comprovada de políticos e governantes do Estado.
Mais canhestra, ainda, do que esta esdrúxula aliança oposição-certa mídia foi a tentativa dessa parte da imprensa de relacionar a CPI com o julgamento da ação penal 470 no Supremo Tribunal Federal (STF), o chamado mensalão.
Por que a aliança oposição-parte da mídia enveredou por aí? Para despistar e abafar o caso Demóstenes-Cachoeira que envolve DEM-PSDB-imprensa. Queriam promover uma operação abafasse o caso, que o levasse ao amortecimento, ou melhor, desaparecimento do escândalo nos jornais.
Matéria de Veja, um caso de polícia
Desviar o foco do escândalo, jogando um pseudo interesse do PT-governo em recuar na instalação da CPI interessava a eles, não a nós. Adotaram esse caminho quando surgiram as evidências de que a matéria sobre os Correios - a primeira, de 2004 - foi feita pela Veja a partir de escutas clandestinas e ilegais produzidas a quatro mãos pela quadrilha Cachoeira e pela revista.
Seguiram essa linha de que ao PT-governo interessava "esfriar" a CPI diante deste fato consumado. Aquela primeira matéria de Veja era um caso de polícia. Isto é um fato comprovado, não pode ser desconsiderado. Registrar, dizer e repetir isto não tem nada a ver com regulação da mídia, ou com liberdade de imprensa.
Tampouco invalida, questiona, ou constitui alguma tentativa de desviar foco da ação penal 470 do STF em relação ao processo a ser julgado pela Suprema Corte. Um julgamento que todos esperamos seja técnico, eminentemente jurídico, como diz o próprio futuro presidente do STF, ministro Carlos Ayres Brito.
Um julgamento jurídico e não político
"Para nós julgadores - disse ontem, à Folha, o futuro presidente do STF - o mensalão impressiona pela quantidade de réus, pelo número de páginas do processo, pelo número de testemunhas. Mas, quanto ao nosso ânimo de fazer justiça, ele é um processo igual aos outros. O que nos cabe é perseverar na isenção, na imparcialidade, na análise objetiva das peças do processo, sem prejulgamentos."
Eu confio e espero que o julgamento não seja político, mas sobre os autos, como é da melhor tradição do STF.
Blog do Zé
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