4.16.2012

Zumbido


O zumbido causa sofrimento?(ABC da Saúde)
Cerca de 17% da população mundial tem zumbido. A maioria relata o zumbido apenas como um incomodo, outros dizem que certas funções como o sono e a concentração estão prejudicadas. Em sua forma severa, que corresponde a cerca de 20% dos casos o zumbido causa sofrimento. É a queixa principal e freqüentemente dramática na consulta médica. Em geral são pessoas acometidas também por outros transtornos, principalmente os de natureza psiquiátrica. O grau de desconforto, intolerância ou incapacidade quase sempre não estão relacionados com o grau de intensidade do zumbido. Os transtornos de humor (depressão, distimia) e ansiedade, freqüentemente presentes, exercem fortes influências no agravamento do sintoma zumbido.
Zumbido tem causa?
Em geral nenhuma causa especifica pode ser estabelecida para o tipo comum (subjetivo) de zumbido. Perda auditiva, infecção no ouvido,obstrução do conduto auditivo ( cerume), ingestão de determinados medicamentos , exposição prolongada ao ruído, tumor, são fatores entre outros , que podem estar associados com o zumbido. Se for do tipo objetivo ou vibratório (incomum) as causas são vasculares (pulsáteis) ou musculares (clipes).
Como o médico faz o exame?
O medico ouve, examina e pede os exames complementares necessários: audiologicos, laboratoriais, eletrofisiológicos e de imagem. Atenção especial deve ser dada à vida psíquica do paciente.
Como se trata?
Os pacientes com zumbido crônico severo, isto é, o zumbido que causa sofrimento, necessitam do que chamamos de um tratamento/controle, termo usado para referir-se a quaisquer modalidades conhecidas de terapia que oferecem alivio ao paciente de sintomas que o afligem.
A. Tranquilizar o paciente: dizer que o zumbido não é uma ameaça para sua saúde. Assegurar que vai melhorar. Incentivar a prática de medidas que melhoram a qualidade de vida: alimentação regrada, atividade física regular e controle da vida psíquica.
B. Avaliação psiquiátrica
C. Medicamentos: ansiolíticos, zinco (se necessário). O íon zinco participa na neurotransmissão na via auditiva central. A carência pode estar relacionada com algum tipo de zumbido.
D. Terapia cognitiva/comportamental: baseia-se na modificação do comportamento através da aplicação de técnicas de “descondicionamento”. A finalidade é orientar, ensinar e usar técnicas comportamentais que levam à habituaçao. Um exemplo de terapia cognitiva/comportamental é a Terapia de Habituação (Tinnitus Retraining Therapy – T.R.T). A T.R.T envolve dois princípios básicos: orientação e terapia sonora (ou acústica)


1. Orientação: primeiro principio básico da T.R.T. O paciente precisa estar ciente que o tratamento básico não será com a ingestão de remédios, mas com a importante participação dele mesmo na prática de exercícios mentais que visam a habituação ao distúrbio que o acomete. Controle da mente com técnicas de meditação são estimuladas, alem do acompanhamento psicoterápico muitas vezes necessário.
2. Terapia sonora: segundo principio básico da T.R.T. A finalidade é “EVITE O SILÊNCIO” proporcionando um enriquecimento sonoro através de aparelhos eletrônicos colocados no meio ambiente ou diretamente no ouvido do paciente. Existem quatro maneiras de se fazer a terapia sonora.
a) Geradores externos de som: uteis principalmente à noite na hora de dormir, quando o silêncio é maior. Existem CD’s com sons suaves e relaxantes (música, sons da natureza). Os travesseiros com alto-falantes são indicados quando existe a preocupação de incomodar o (a) companheiro (a).
b) Aparelho auditivo: freqüentemente pacientes com zumbido apresentam também perda auditiva. Nestes casos um aparelho auditivo, utilizado para melhorar a audição vai fazer o enriquecimento sonoro pela percepção de novos sons que antes não eram ouvidos.
c) Geradores de som: esteticamente semelhantes aos aparelhos auditivos. A intensidade do som que eles emitem diretamente no canal do ouvido, deve ser regulado em intensidade menor do que a do zumbido, evitando-se mascará-lo, para seguir o preceito determinado pela TRT, a habituação .
d) Gerador de som acoplado ao aparelho auditivo: são sistemas combinados usados nos casos de perdas auditivas significativas e zumbido. O tratamento TRT induz à habituação ao som do zumbido e isso ocorre a partir do momento em que o som não provoca nenhuma reação importante ou sentimentos negativos no paciente. Trata-se de tratamento longo (18 a 24 meses).
Outros métodos de tratamentos:
Estimulação magnética transcraniana: consiste na aplicação diária de estímulos magnéticos repetitivos de baixas freqüências na região temporal do cérebro durante uns 10 dias.
Estimulação elétrica da via auditiva: os estímulos são usados diretamente sobre as estruturas neurosensoriais da cóclea.
Acupuntura, hipnose: citados em algumas fontes.


Como o Zumbido evolui?
Os pacientes, submetidos à terapia de habituação, conseguem controlar o zumbido evitando as reações e os sentimentos negativos associados com o incômodo.
Perguntas que você pode fazer ao seu médico
Zumbido tem cura?
Por que estou com zumbido?
O meu zumbido tem cura?
Se o meu zumbido não tem cura no momento, o que devo fazer para conviver com ele?





Zumbido é mais percebido se for relacionado a emoções negativas

Cérebro pode descartar o estímulo ou direcionar sua atenção ao ruído, afetando a qualidade de vida do indivíduo.

Na última sexta-feira (13/04), foi realizado o encontro de abril do Grupo de Informação a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GIPZ Curitiba), no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Mais de 16 pessoas estiveram presentes na palestra, inclusive Zoraide Madalena Martins da Rocha, 62, que parou tudo o que estava fazendo quando ouviu sobre a reunião do GIPZ no rádio. Com zumbido há 12 anos, a artesã fez alguns tratamentos, mas não obteve bons resultados. “Eu tinha parado. Depois que assisti à palestra de hoje fiquei animada. Estarei na próxima reunião e vou voltar a procurar tratamento, o GIPZ me incentivou. Achei muito interessante, é muito bom mesmo”, declara.

  “Como explicar os diferentes graus de incômodo do zumbido, algumas pessoas percebem mais o ruído do que outras e perceber o zumbido não significa que ele irá interferir na vida. “O ouvido possui uma estrutura delicada, composta por pequenos órgãos e células responsáveis por transformar o som em energia elétrica e enviar as informações ao cérebro. A atividade do nervo auditivo é espontânea e ininterrupta. As diferentes respostas do nervo resultam na percepção de diferentes sons e a atividade neural acontece no barulho e no silêncio”.

Se houver alguma lesão na estrutura do ouvido, que pode ser causada pelo envelhecimento, exposição a ruídos, medicamentos, doenças gerais e até traumas cranianos, a consequência será perda de audição, principal causa de zumbido. “O ruído pode surgir por causa de danos no sistema auditivo, mas o zumbido não provoca perda de audição e nem piora o quadro. Ele é o resultado do aumento da atividade espontânea do nervo auditivo, sem a presença de sons externos, e é representado na área auditiva do cérebro como um som, independentemente da causa”,


Percepção do zumbido está ligada ao sistema das emoções

O cérebro possui dois tipos de atenção, a consciente e a subconsciente. No cotidiano, muitos fatores competem para ganhar atenção, mas só os mais importantes são percebidos pelo consciente. O restante é monitorado pelo subconsciente. Mesmo assim, estímulos monitorados podem ganhar atenção do consciente se for necessário. “O estado emocional, eventos importantes, novidades e coisas desconhecidas são fatores que influenciam a atenção. A percepção de um mesmo estímulo pode mudar com o tempo, como o barulho de uma geladeira, que é percebida no início e depois o cérebro se acostuma”,

As reações provocadas por um estímulo são armazenadas na memória e o cérebro determina o que deve ser percebido e o que será descartado. No caso do zumbido, há o monitoramento do ruído, que passa para o consciente e o cérebro avalia as respostas do sistema límbico – das emoções – e do sistema nervoso autônomo, responsável pelas respostas do corpo. “Quando há ideias negativas relacionadas ao zumbido, a atenção dada a este som pelo cérebro aumenta e a qualidade de vida do paciente é afetada, com reflexos no sono, concentração e outros aspectos”,

Percepção do zumbido

Zumbido sem incômodo – o estímulo é bloqueado pelo cérebro em 80% dos pacientes.

Zumbido com incômodo – o ruído é percebido pelo sistema límbico e pelo cérebro em 15% dos casos de zumbido.

Zumbido incapacitante – o som é percebido pelos sistemas límbico e nervoso autônomo e pelo cérebro. Prejudica as atividades cotidianas e atinge 5% dos pacientes.

  Para minimizar a percepção do zumbido é fundamental que o paciente mude sua atitude em relação ao problema. “Se a pessoa determinar que o ruído não é importante e nem perigoso é mais fácil para se habituar, ou seja, bloquear a percepção consciente do zumbido”, ressalta.

Dra. Rita de Cássia Cassou Guimarães




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