A literatura evidencia que as
instituições e organizações públicas no Brasil, dispersas nos três
níveis de governo: União, Estados e municípios, interagem de forma
precária entre si. O Estado brasileiro possui uma administração pública
ampla e complexa, cuja ação governamental é implementada por meio de um
elevado conjunto de órgãos, o que tende a dificultar a execução de
planos, programas e projetos, mesmo quando existe disponibilidade de
recursos financeiros para implantá-los (Matias-Pereira, 2010).
Constata-se,
assim, que o setor público brasileiro tem enormes dificuldades para
tornar efetivas as suas ações, que em geral são morosas e inflexíveis.
Isso reflete na baixa capacidade de resposta da administração pública no
atendimento das demandas da população. Realizar essas ações
governamentais, entretanto, não é uma tarefa fácil. Fazer cortes e
reduzir despesas públicas, estimular o crescimento acelerado da economia
e combater a inflação ao mesmo tempo, promover a desburocratização,
gerar estímulos para a inovação tecnológica ou implantar adequadamente
os programas sociais e promover a redução da pobreza no país, por
exemplo, não se concretizam pela manifestação da vontade do governante.
Isso exige competência da administração pública.
É importante
ressaltar que os programas e projetos com deficiências de "gestão"
tendem a dificultar o alcance dos objetivos das políticas públicas, além
de propiciar a geração de corrupção. A boa governança pública, nesse
contexto, assume uma importância cada vez maior no que se refere às
questões que envolvem as relações complexas que existe entre o Estado, o
setor privado e o terceiro setor. Para isso o Estado precisa continuar
buscando aperfeiçoar de forma continua a sua organização estatal, para
atuar de forma inteligente, capaz de mediar e induzir adequadamente a
estratégia de desenvolvimento sustentável e a integração econômica.
Pode-se
argumentar, por fim, que o principal desafio a ser superado pelo
governo brasileiro, em parceria com o setor privado e o terceiro setor, é
a consolidação e institucionalização do processo de governança pública
no país. O cenário econômico e político atual, pressionado pelas
exigências de mudanças internas e externas, revela-se promissor para se
deflagar, a partir de uma manifestação clara de vontade política do
governo, o processo de construção de uma forma inovadora de governança
no setor público brasileiro.
* Por José Matias-Pereira Doutor em ciência política pela
Universidade Complutense de Madri e pós-doutor em administração pela
Universidade de São Paulo (FEA/USP). É professor pesquisador associado
do programa de pós-graduação em contabilidade da Universidade de
Brasília.
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