4.17.2012

O preço do prazer


As estatísticas confirmam: apesar do custo, o uso da camisinha cresceu nos últimos anos. Mas o brasileiro ainda prefere poupar centavos e fazer sexo ao natural
O brasileiro faz o que gosta seis vezes por ano. Com camisinha. Essa é a média nacional para a prática do sexo seguro. Não se contenta com tão pouco. Duas vezes por semana dá vazão a seus desejos, somando 108 investidas anuais no prazer. É o que dizem alguns levantamentos sobre o apetite sexual da população. Comparando-se essas duas médias, chega-se a uma terceira, preocupante: apenas 5% das relações são consumadas sem o risco de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis. O mais recente relatório do Banco Mundial comprova, de fato, que foram consumidos 340 milhões de preservativos no Brasil, no ano passado. Dividindo-se esse montante pelo número de homens entre 15 e 69 anos, chega-se à tal meia dúzia de transas protegidas. O país da sensualidade à flor da pele, a julgar por essa conta, não usa camisinha.
Apesar do coeficiente de segurança rastejar, de tão baixo, técnicos do Ministério da Saúde e epidemiologistas comemoram um aumento de mais de 500% no consumo de condoms, nos últimos seis anos. Moral da história: festeja-se muito por tão pouco. Os números confundem até mesmo aqueles que têm como missão controlar a epidemia de Aids no país. Há duas semanas, o ministro da Saúde, José Serra, trombou com o coordenador do Programa Nacional de Controle de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids, Pedro Chequer, um dos seus subordinados. Ao liberar novos recursos para o combate à Aids - cerca de R$ 51 milhões -, Serra foi taxativo ao afirmar que a camisinha não é cara. "O problema não é o preço, mas a educação das pessoas." Chequer contestou o chefe: "Camisinha é cara. E poderia ser vendida por menos". O desacerto acabou chamando a atenção de especialistas e ONGs. Afinal, o que explica a bizarra média de seis preservativos/ano numa população com uma vida sexual tão ativa?
 Beatriz Velloso e Débora Crivellaro (SP), Gerson Faria (BA),Tina Vieira (DF), Marcelo Gigliotti (RJ)Revista Época

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