Os prós e os contras de não dormir, nem muito menos morar, sob o mesmo teto
RIO - O problema não é deixar a pasta de dente aberta. Nem a calcinha
pendurada no box. A falta de espaço para cada um curtir suas manias à
solta é o que leva alguns casais a morarem em casas ou quartos
separados, o que pode, praticamente, dobrar os gastos com moradia. Há
quem pense que a vida assim é uma frieza só. Já outros confessam sentir
inveja deste modelo de relação. Polêmicas à parte, apesar de este estilo
de vida se encaixar no orçamento de poucos, esses pares estão muito
bem, obrigada, com cada um dormindo ou morando no seu quadrado.
Isso não significa que a rotina doméstica deles seja totalmente individualizada. Exemplo disso é o caso da professora Rosa Maria Martins e do economiário Sérgio Aboud. Juntos há 25 anos, ela mora na Barra e ele no Leme. Mas a dupla costuma fazer compra conjunta de supermercado e cada um tem contas de luz ou de gás no nome do outro. E Rosa confessa:
— Sai mais caro morar separados. Mas gostamos de ter nosso próprio espaço. Não sei se estaríamos juntos se tivéssemos optado por estar debaixo do mesmo teto.
Pelo menos três vezes durante a semana, eles dormem juntos. Quando querem reunir os amigos, costumam ir para a casa de Rosa, que oferece melhor estrutura para eventos petit comité. Já quando desejam sair para dançar e cair madrugada adentro, seguem para o endereço do economiário. Para viver esse amor, os dois têm sempre uma mochila com um punhado de roupas a tiracolo. O que até pode parecer desconfortável. Mas as saudades que sentem um do outro e a privacidade para o desfrute das próprias manias, garantem, compensam o peso da bagagem.
— Um por cento dos discos que tenho de MPB é da Rosa. Quando ela não está aqui, aproveito para escutar música clássica ou jazz nas alturas — diz Sérgio, reclamando apenas de ter deixado o par de tênis preferido na casa da sua mulher.
Já os empresários paulistas Áurea Teodoro e Edmur Bastoni moram debaixo do mesmo teto. Só não dormem juntos. Desde o início da relação, há 19 anos atrás, optaram por quartos separados. O dela, em tom de amarelo e o dele todo azul. Até na casa de praia cada um tem seu dormitório próprio.
— Todo dia ele faz tudo sempre igual. Vai dormir com a TV ligada. Não gosto. Prefiro ler e depois dormir no completo escuro. Trabalhamos juntos e em casa é bom ter maior privacidade. Mas a gente gosta de dormir de conchinha... quando não tá muito calor — brinca Áurea.
De acordo com a arquiteta Eliane Fiuza que, recentemente, fez o projeto de dois apês com quartos separados para um casal jovem e outro de meia idade, geralmente o dormitório considerado principal é o feminino. É lá que os casais escolhem dormir juntinhos:
— O quarto da mulher tende a ser mais acolhedor, ter ares românticos, com mobílias e decoração mais elaboradas. Para o homem, basta a cama, o armário e a TV. Mas, em todo caso, esses casais precisam ter dinheiro de sobra para investir em dois quartos principais.
Edmur e Áurea investiram, inclusive, em banheiros separados. Eles, definitivamente, não terão problemas nem com a pasta de dente aberta, nem com a calcinha pendurada no box.
Isso não significa que a rotina doméstica deles seja totalmente individualizada. Exemplo disso é o caso da professora Rosa Maria Martins e do economiário Sérgio Aboud. Juntos há 25 anos, ela mora na Barra e ele no Leme. Mas a dupla costuma fazer compra conjunta de supermercado e cada um tem contas de luz ou de gás no nome do outro. E Rosa confessa:
— Sai mais caro morar separados. Mas gostamos de ter nosso próprio espaço. Não sei se estaríamos juntos se tivéssemos optado por estar debaixo do mesmo teto.
Pelo menos três vezes durante a semana, eles dormem juntos. Quando querem reunir os amigos, costumam ir para a casa de Rosa, que oferece melhor estrutura para eventos petit comité. Já quando desejam sair para dançar e cair madrugada adentro, seguem para o endereço do economiário. Para viver esse amor, os dois têm sempre uma mochila com um punhado de roupas a tiracolo. O que até pode parecer desconfortável. Mas as saudades que sentem um do outro e a privacidade para o desfrute das próprias manias, garantem, compensam o peso da bagagem.
— Um por cento dos discos que tenho de MPB é da Rosa. Quando ela não está aqui, aproveito para escutar música clássica ou jazz nas alturas — diz Sérgio, reclamando apenas de ter deixado o par de tênis preferido na casa da sua mulher.
Já os empresários paulistas Áurea Teodoro e Edmur Bastoni moram debaixo do mesmo teto. Só não dormem juntos. Desde o início da relação, há 19 anos atrás, optaram por quartos separados. O dela, em tom de amarelo e o dele todo azul. Até na casa de praia cada um tem seu dormitório próprio.
— Todo dia ele faz tudo sempre igual. Vai dormir com a TV ligada. Não gosto. Prefiro ler e depois dormir no completo escuro. Trabalhamos juntos e em casa é bom ter maior privacidade. Mas a gente gosta de dormir de conchinha... quando não tá muito calor — brinca Áurea.
De acordo com a arquiteta Eliane Fiuza que, recentemente, fez o projeto de dois apês com quartos separados para um casal jovem e outro de meia idade, geralmente o dormitório considerado principal é o feminino. É lá que os casais escolhem dormir juntinhos:
— O quarto da mulher tende a ser mais acolhedor, ter ares românticos, com mobílias e decoração mais elaboradas. Para o homem, basta a cama, o armário e a TV. Mas, em todo caso, esses casais precisam ter dinheiro de sobra para investir em dois quartos principais.
Edmur e Áurea investiram, inclusive, em banheiros separados. Eles, definitivamente, não terão problemas nem com a pasta de dente aberta, nem com a calcinha pendurada no box.
Reportagem do fantástico:
Depois do divórcio, a união estável
. E, com a união estável, quem se importa como casamento de papel passado? Na nossa série sobre as mudanças que a família brasileira sofreu nos últimos anos, vamos mostrar que, hoje, o casal moderno conta com a ajuda da tecnologia para manter a relação.
Daniela Mattos Fernandes: Eu sempre quis uma festona de casamento, com igreja, vestido.
Renata Ceribelli: Você acha que casamento é para a vida inteira?
Daniela: Eu acho. Eu acredito.
Apesar de ainda ser forte a vontade de fazer um casamento durar a vida inteira, hoje, de cada quatro casamentos, um acaba em separação no Brasil. A família convencional ainda é a maioria. Mas, cada vez mais, surgem novos modelos de família.
Daniela Mattos Fernandes fez questão de uma cerimônia de casamento tradicional. Mas o exemplo que ela tem em casa é diferente: a mãe dela, Nancy, tem um casamento completamente fora do padrão. Nancy e Francisco se conheceram em uma viagem de férias. Ela, separada, com suas três filhas paulistas. Ele, viúvo, com seus três filhos cariocas.
Nancy tentou morar três vezes com o Francisco, as filhas dela e os filhos dele. As três tentativas não deram certo?
Nancy Mattos: Não, não é que era ruim. Mas a gente sempre chegava à conclusão que quando cada um está na sua casa, o nosso relacionamento fica muito mais leve e mais gostoso.
Há quinze anos eles vivem assim: aliança na mão esquerda, rotina de casados, mas em casas separadas.
Renata Ceribelli: Por que os filhos separaram as casas de vocês?
Francisco Barroso: Porque se você começa muito a entrar no atrito dos ‘meus filhos, dos seus filhos’, ‘Ah, são meus filhos, são seus filhos!’, você acaba prejudicando a relação com ela. E para nunca prejudicar a relação com ela, o que era melhor? O melhor era separar as casas. E namorar.
Os filhos aprovam a decisão.
Renata Ceribelli: Vocês acham um bom exemplo cada um morar na sua casa?
Felipe Oliveira Barroso, filho de Francisco: Eu acho que dura mais.
Francisco, para o filho: Você usaria isso na sua vida?
Felipe: Pô, não sei cara. Não sei. Acho que não, agora não.
Frederico Oliveira Barroso, filho de Francisco: Eu acho que ia ser difícil, também.
Francisco: A fórmula é boa para mim, não para eles.
Felipe: Mas vocês já trabalham juntos também, o dia inteiro. É só na hora que está dormindo que separa.
Francisco: Exatamente na melhor hora.
Renata Ceribelli: Vocês consideram que a sua mãe, mesmo morando separado, depois dessas três tentativas de morar junto, continua casada?
As filhas de Nancy: Consideramos.
Então, eu os declaro marido e mulher. Mesmo porque, pela lei da união estável, eles já estão casados há muito tempo.
“Hoje, no Brasil, o casamento e a união estável têm os mesmos direitos. O mesmo patamar, as mesmas garantias. Namorico, de sair uma vez por semana, uma vez ou outra, ficar um dia ou outro, isso não é casamento”, explica o advogado Paulo Lins e Silva.
Renata Ceribelli: Agora, se a escova de dente já estiver na casa do parceiro...
Paulo Lins e Silva: Já está começando a exteriorizar o sentido de família.
A Constituição de 1988 traz, no artigo 226, a regulamentação do casamento e da união estável. Eles têm os mesmos direitos e garantias. Por isso, morou junto, casou.
Apesar de o casamento no civil e união estável terem o mesmo valor perante a lei, na hora de fazer a escolha, o assunto ainda gera muita polêmica dentro das famílias.
Dona Ermínia, de 81 anos, moradora de Laranjal Paulista, interior de São Paulo, teve 13 filhos, mais de 30 netos. Quando as filhas se reúnem para um papo de cozinha...
Renata Ceribelli: Eu ouvi dizer, que tem uma filha que quer casar, mas o namorado não pensa em casar, gostaria de morar junto antes de casar. Cadê ela? É a Raquel.
Vanira, uma das filhas de dona Ermínia e mãe de Raquel: Que história é essa?
Raquel Steganha: Ele falou que não casa se não morar junto antes, para conhecer como é, como vai ser o hábito, né! Eu não. Eu não tenho essa vontade. Mas ele quer.
Renata Ceribelli, para a mãe: Você importa de morar junto?
Vanira Pieroni Steganha: Não, o importante é eles viverem bem, serem felizes, se respeitarem e se amarem.
Renata Ceribelli: As tias dão palpite, né?
Fátima diz: E como!
Renata Ceribelli: Vocês acham que ele deve casar?
Fátima, outra filha de Dona Ermínia: Eu acho.
Estelamara Pieroni Dalaneze: Eu não sei. Eles que decidem.
Roberta Steganha, irmã de Raquel e também filha de Vanira: Eu moro junto com o meu namorado. E algumas pessoas da família não vêem isso de uma forma positiva.
Renata Ceribelli: Falam o quê?
Roberta: Elas comentam. Você percebe que não é o mesmo tratamento em relação às minhas primas que são casadas.
Hermínia César Pieroni, a Dona Hermínia, avó de Roberta: Eu acho errado, deve casar. Porque um dia tem filho e o filho vai falar: ‘Mas minha mãe não é casada!’.
Roberta: A minha filha, o meu filho, talvez, será uma outra geração e um dia isso será normal. Como eu já incorporo esses conceitos.
Hoje em dia tem casamento para todo gosto: casamento no papel, sem papel, morando junto, em casas separadas. Tem até marido e mulher morando em cidades diferentes, mas se vendo todos os dias: graças à tecnologia.
A arquiteta Regina mora no Rio de Janeiro. O engenheiro Mauro, em São Paulo. Estão casados há 23 anos. Mas nos últimos quatro, só se encontram pessoalmente nos finais de semana. Fora disso, o relacionamento é virtual.
Renata Ceribelli: Você consegue cuidar da casa dele só olhando tudo pela câmera?
Regina: Não é porque ele mora em São Paulo, eu moro... A casa é uma só!
Mauro Segura: É como se as duas casas estivessem conectadas pela câmera. Então eu enxergo a sala, todo o movimento circulando e ela enxerga aqui, tudo acontecendo. Fica ligado, direto.
Regina Segura: Com a câmera eu vejo de pertinho. Em um telefonema e ele está mau humorado, se ele acordou com o rosto diferente.
Renata Ceribelli: Você vigia ele, a hora que ele vai dormir, Regina?
Regina: É praticamente um ‘Big Brother’.
Renata Ceribelli: Em algum momento você se sente vigiado?
Mauro: Não. Eu me sinto como se eu estivesse em casa, que é a sensação de estar fisicamente perto dela.
Renata Ceribelli: Regina, você acha então que essa câmera ajuda a manter o casamento de vocês à distancia?
Regina: A gente até brinca. As amigas brincam: ‘Nossa, você tem uma vantagem que nós não temos, você pode ligar e desligar o seu marido na hora que você bem entende’.
Renata Ceribelli: E na hora, assim, que a saudade aperta, o namoro... Rola uma sedução também?
Mauro: Regina, essa eu vou deixar pra você. Olha lá, hein?
Regina: Claro que sim. Claro. A gente tem o trabalho, a gente passa o dia inteiro trabalhando e eu também, mas a gente também namora. Claro.
Homens e mulheres estão cada vez mais independentes. Será que um não precisa mais do outro para formar uma família? Semana que vem, você vai conhecer uma família só de mães! E um homem que decidiu adotar um bebê porque quer ser pai sozinho.
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