4.17.2012

Como os sonhos morrem?


Postado em 28 de Setembro de 2011 às 10:09 na categoria Debaixo do seu nariz
“The answer
My friend
Is blowin’ in the wind”
(Bob Dylan)
Inspirador o debate do grupo virtual no facebook de Santa Rita do Passa Quatro (minha cidade natal que mais uma vez figura em minhas preocupações cotidianas. Em média, os brasileiros estão cansados da corrupção e da ineficiência dos serviços públicos e sentem um grande desamparo. É difícil encontramos pessoas satisfeitas, por exemplo, com os sistemas de saúde e mesmo entre aquelas que pagam um plano particular. Em geral, os serviços públicos são ineficientes. Aliás, é difícil encontrarmos algum ser humano plenamente satisfeito, desde o favelado ao empresário bem sucedido.
O ponto é: como podemos atuar no mundo para cessar nossa angústia, nosso desamparo?
Quem tem ou teve um filho sabe disso. O pirralho é curioso, não para um minuto, só faz perguntas e experimentos desastrosos; de modo que se você alertá-lo para não colocar o dedo na tomada ela o fará. Pura curiosidade de uma mente desafiadora. O fato é que crescemos e vamos perdendo o jeito de experimentar o mundo e de moldá-lo... e de mudá-lo. Passamos a ser adultos e um adulto necessariamente se adapta a qualquer dificuldade ou insatisfação e “aguenta o tranco” firme e forte. Nos tornamos de certa forma medíocres e aderimos as formas mais corruptas de vida. Ligamos a TV para esquecermos de uma criança chata que grita por mudança dentro de nós.
Penso que a corrupção é um dos fatores que tornam o mundo uma merda! E o pior de tudo, caro leitor, é que a corrupção mora ao lado, ou melhor, mora dentro. “Corrupção significa etimologicamente deterioração, quebra de um estado funcional e organizado.” Essa ideia de corrupção é bastante estreita e para ser corrupto é fácil-fácil.
Voltando ao grupo virtual, acho que discutir temas políticos é bastante importante. Mas há pressupostos que precisamos ter em mente
1- Somos corruptos (e não o fulano de tal);
2- O voto é uma piada (e não uma solução para seus problemas).
O pressuposto 1 serve para não nos colocarmos como detentores do “pote das boas virtudes” e assim nos sentirmos  como uma espécie de super-homem. Isso é importante porque necessitamos lidar de maneira mais natural com nossas fraquezas inerentes e não evitá-las ou esquecê-las simplesmente.
O pressuposto 2 serve para, de uma vez por todas, percebermos que o tal “voto consciente” não existe. Não há como você eleger alguém e esperar que esse alguém faça coisas boas por você. Espere sempre o pior, pois inevitavelmente gangues vão se formar em qualquer tipo de instituição humana e eles não vão nem lembrar de que você precisa deles.
Adotando esses dois pressupostos, aí sim podemos sustentar um desejo de mudança política com certa autonomia.
Iniciei o texto com palavras de Bob Dylan, pois era exatamente nesse ponto em que eu queria chegar. Como mudar o estado das coisas na politica se dificilmente somos capazes de mudar pequenas coisas no nosso cotidiano? Como sustentaremos essa mudança?
Eu acredito que essas respostas e toda metodologia das revoluções são construídas por pessoas educadas e suficientemente incomodadas com uma angústia. A angústia de ser um humano que desistiu de ter sonhos.  Parabéns ao grupo virtual que está buscando as respostas onde deve...  no vento mesmo!

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