Variedades europeias e asiáticas podem proteger solos na Amazônia, mas estão dizimando espécies nativas.
saiba mais
Segundo a pesquisa, publicada pela revista "Soil Biology &
Biochemistry", espécies invasoras estão vencendo a competição com
animais locais e se adaptando mais rapidamente a terrenos desmatados e
cultivados, mudando a estrutura dos solos.Os cientistas tentam entender como as minhocas estão fazendo isso e, mais importante, o impacto que têm sobre os solos e a sobrevivência de outras espécies.
Espécies invasoras podem estar dizimando minhocas ainda nem identificadas pelos cientistas (Foto: BBC)
"A invasão de minhocas não-nativas é um fenômeno verdadeiramente
global, no qual espécies invasoras estão chegando a todos os
continentes, com exceção da Antártica", disse à BBC Bruce Snyder, da
Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos.A maior parte das florestas da América do Norte, por exemplo, foi um dia desprovida de minhocas. Quando os europeus colonizaram a região, introduziram inadvertidamente espécies europeias que vinham nos navios e na terra usada para transportar plantas.
Essas novas espécies continuam "ganhando terreno" e, segundo Snyder, "estão invadindo também florestas no norte de Wisconsin, em Minnesota, Nova York e partes do Canadá".
No ano passado, uma pesquisa publicada na revista "Human Ecology" afirmou que as minhocas invasoras podem alterar os ciclos de carbono e nitrogênio nos bosques, assim como minar espécies de plantas nativas.
Mas outro estudo, também publicado em 2011, descobriu que minhocas "alienígenas" podem ter um impacto positivo em seus novos ambientes. O levantamento analisou o papel dos animais no ciclo de carbono das florestas tropicais e concluiu que essas criaturas ajudam a manter o carbono no solo.
Competição
Além das minhocas europeias, as asiáticas estão chegando às florestas dos Estados Unidos e Canadá.
Um estudo recente diz que a espécie asiática Amynthas hilgendorfi, que está invadindo as florestas do estado do Michigan, cresce mais rapidamente no novo ambiente e aumenta a concentração de formas minerais de nitrogênio e fósforo no solo.
No entanto, isso faz com que detritos na floresta se decomponham mais lentamente.
Outras observações feitas pela equipe sugerem que a A. hilgendorfi pode deslocar as espécies nativas e se tornar a única presente, uma hipótese confirmada pelo pesquisador Bruce Snyder e seus colegas.
Snyder descobriu que as espécies invasoras e nativas competem pelo mesmo tipo de material em decomposição.
No entanto, a nativa, que fica mais restrita à superfície do solo, acaba morrendo quase três meses mais cedo que o normal, por conta da maior competição por recursos.
As invasoras, por outro lado, cavam regiões mais profundas do solo em busca de alimento.
"Esse estudo, combinado com outros, sugere que a invasão de minhocas pode mudar direta ou indiretamente a forma como o carbono é armazenado nos solos, além de danificar plantas nativas e a biodiversidade animal, e causar problemas de erosão", explicou o pesquisador.
Adaptação
Na floresta amazônica, no entanto, a invasão da espécie Pontoscolex corethrurus está modificando o comportamento do solo em regiões desmatadas e protegendo da erosão áreas expostas.
Essa espécie pode se reproduzir rapidamente, com cada adulto produzindo cerca de 80 casulos (ou ovos) por ano, em comparação com um número bem inferior gerado pela maioria das minhocas.
De acordo com o professor Patrick Lavelle, das academias Francesa e Europeia de Ciências, "esse verme é adaptado às novas condições criadas pelo desmatamento e pelo cultivo, o que não era o caso das espécies nativas".
Lavelle acaba de publicar um estudo sobre o impacto dessa minhoca nos solos desmatados da Amazônia.
Os pesquisadores descobriram que esses animais podem aumentar os níveis de minerais no solo e estimular o crescimento de plantas, mas há um preço a pagar.
"O problema é que as espécies nativas provavelmente não voltarão. E é sempre ruim perder espécies", disse Lavelle à BBC.
A perda de espécies é especialmente negativa porque as minhocas "invasoras" podem estar dizimando espécies que os cientistas ainda não conseguiram identificar.
Para ler mais notícias do Globo Natureza, clique em g1.com.br/natureza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário