São Paulo -  Uma associação formada por 12 empresas brasileiras foi oficializada nesta terça-feira, com o objetivo de reduzir a obesidade, controlar o colesterol e melhorar a pressão arterial dos funcionários.
O grupo, batizado de Aliança para a Saúde Populacional (ASAP), vai mapear os fatores de risco entre os trabalhadores e criar políticas preventivas de doenças crônicas, como diabetes , câncer , infarto , acidente vascular cerebral , depressão e dependência química .
Até o final do ano, a meta é envolver outras 30 empresas nacionais, totalizando 42 associadas. O diagnóstico inicial, feito por médicos do trabalho que já atuam no meio corporativo e são também idealizadores da ASAP, é de que o excesso de peso e o colesterol alto são as demandas mais emergenciais a serem atacadas.
Isso porque, além de numerosas entre os trabalhadores de todos os setores, essas condições de saúde estão entre os principais gatilhos das doenças que mais afastam os funcionários dos postos de trabalho.
Cenário doente
No último levantamento feito pelo Ministério da Saúde, o cenário encontrado com a população adulta do País é preocupante. Os pesquisadores constataram que 90% da mão-de-obra brasileira é de sedentários, 48% convivem com excesso de peso e só 15% consomem a quantidade ideal de frutas, legumes e hortaliças. Além disso, 22% dos maiores de 18 anos são fumantes e 16% ingerem bebida alcoólica de forma nociva.
“As pesquisas empresarias já existentes dão conta de que 20% dos riscos de doença dos trabalhadores advêm do ambiente profissional e 50% são provocados por hábitos de risco”, afirmou Marília Ehl Barbosa, administradora de empresas especializada em qualidade de vida, presidente da União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde e uma das fundadoras da ASAP.
“Por isso, o primeiro passo da associação será mapear os indicadores de saúde dos funcionários, dividir os trabalhadores em grupos de risco e mensurar a efetividade dos programas das empresas na redução de faltas, na diminuição dos custos e na melhora do ambiente corporativo”, completou Marília que já foi consultora da Agência de Saúde Suplementar (ANS) e do Conselho Nacional de Saúde.
“Este conceito chamado de saúde populacional nasceu nos Estados Unidos e foi motivado porque os empresários não tinham mais condições de arcar com os custos das doenças dos funcionários”, explica Paulo Marcos Senra Souza, vice-presidente da ASAP e assessor da presidência da Amil, outra empresa envolvida.
“A origem desta carga financeira detectada era a ausência de políticas preventivas. O que queremos no Brasil é conseguir indicadores que comprovem que o investimento preventivo, de fato, é revertido em redução de custos e o aumento da produtividade. São planos de ação que podem ser estendidos do meio empresarial para as escolas e clubes”, exemplifica Senra.
Fábio de Souza Abreu, diretor da Axismed e eleito presidente da ASAP, avalia que o perfil de cada empresa exige atuação diferente dos empregadores. Uma empresa de telemarketing, em que a maior parte dos funcionários é jovem e mulher terá indicadores e demandas distintas de uma fábrica onde atuam homens de meia-idade, exemplificou Abreu.
“Mas em todas as circunstâncias, conforme já definiu em 2006 o Fórum Econômico Mundial de Davos, o ambiente de trabalho é o mais indicado para promover saúde, não só por uma questão financeira mas por uma questão de responsabilidade social.”
Restaurantes e escadas
Além de montar um banco de dados com as informações de saúde dos trabalhadores e criar índices de custo/benefício dos programas de saúde no trabalho, outra meta da Aliança é disseminar, por meio de workshops, estratégias exitosas de programas corporativos de bem-estar.
Melhorar a qualidade nutricional dos refeitórios empresariais, incentivar o uso das escadas em vez dos elevadores e reservar tempo no expediente para a prática de exercícios estão entre as diretrizes já elencadas pelo grupo como táticas para emagrecer os funcionários e melhorar a saúde.
“Nós fizemos um trabalho com 1.500 funcionários, por meio de avaliação nutricional, e conseguimos 78% de adesão e 16% de emagrecimento”, diz o diretor-médico da Vivo, Michel Daud Filho, secretário da ASAP.
“Negociamos com os restaurantes localizados no entorno da empresa e ajudamos a elaborar um prato saudável, light e que foi incorporado nas redes. O cardápio é divulgado aos funcionários, que ganham saúde. Os restaurantes lucram ao vender o produto. Todo mundo sai ganhando”, disse Daud Filho, que é especializado em Promoção de Saúde pela American University.


As informações são de Fernanda Aranda do iG