A origem da popularíssima locução adverbial “tintim por tintim” – que, como se sabe, significa “nos mínimos detalhes, com minúcias” – está provavelmente ligada, como a da interjeição tintim que Carlos Henrique menciona, a uma imitação sonora. No caso, não de copos batendo, mas de moedas tilintando.
“Aprendi que a palavra tintim, usada nos brindes, é uma onomatopeia de copos batendo, o que faz todo sentido para mim. O que não consigo entender é o que a expressão ‘tintim por tintim’ tem a ver com isso.” (Carlos Henrique Monteiro)
E o que moedas têm a ver com o sentido de “nos mínimos detalhes”? No século XIX, em seu livro “Origens de anexins”, o latinista Castro Lopes expôs a seguinte tese, que seria acolhida por João Ribeiro, Antenor Nascentes e a maioria dos estudiosos de expressões populares (releve-se a grafia tentim, que caiu em desuso):
Quem conta uma história ou narra um acontecimento tentim por tentim, faz como o que conta dinheiro de ouro ou prata, moeda por moeda; as quais, à medida que vão caindo umas sobre as outras, vão produzindo um som semelhante a estes monossílabos tim, tim; tim tim.Ou seja: quem conta uma história “tintim por tintim” o faz com vagar e cuidado, como se contasse moedas, sem deixar escapar nenhuma minúcia, por menor que seja. Trata-se, é bom deixar claro, de uma tese – provável, mas não comprovada acima de qualquer dúvida.
O Houaiss registra que há quem derive a interjeição tintim de tsing-tsing, expressão do inglês pidgin falado na China – o que soa, convenhamos, um tanto viajante. E o próprio Castro Lopes oferece a seguinte explicação alternativa para “tintim por tintim”, deixando no ar algumas pistas de que é por esta que se inclinam suas simpatias: a de que tudo teria começado com o advérbio latino pedetentim (“pé ante pé, de mansinho”).
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