Cerca de 200 pessoas se manifestaram contra movimentação estudantil marcada para esta sexta
França - Uma campanha estudantil apoiada pelo
governo em que alunos de 27 institutos de Nantes, a noroeste da França,
irão vestidos nesta sexta-feira, de saia para conscientizar sobre o
sexismo gerou polêmica na França. Diversas associações e partidos
políticos mostraram sua rejeição a essa iniciativa, batizada por seus
impulsores como "Ce que soulève la jupe" (O que a saia esconde), peça de
roupa que, segundo eles, é ideológica e nega a diversidade de ideias no
plano sexual.
"Quando vamos explicar a nossos jovens que a tolerância não é sermos todos iguais, mas sermos diferentes e nos respeitarmos como tais?" perguntou o líder da oposição conservadora na prefeitura de Nantes, Laurence Garnier.
O coletivo "Manif pour tous", conhecido por sua forte oposição ao casamento homossexual, se mostrou contrário à iniciativa e convocou uma manifestação à qual foram cerca de 200 pessoas diante do instituto Clemenceau de Nantes. "Todas as discriminações devem ser combatidas, mas não podemos aceitar qualquer coisa", afirmou a presidente do coletivo, Ludovine da Rochère, que pediu ao ministro da Educação, Benoît Hamon, que anulasse a iniciativa.
Hamon minimizou a importância do assunto e lembrou que nenhum aluno é obrigado a participar do que qualificou como um ato "colegial" e afirmou que ele "utiliza o humor para lutar contra os preconceitos sexistas".
Para a presidente da Federação de Pais de Alunos de Nantes, Élisabeth Costagliola, a proposta não tem "nenhum efeito negativo" e pode apresentar ideias positivas, segundo declarou ao jornal Le Figaro . A campanha aconteceu no ano passado em 20 colégios da região de Nantes e obteve a participação de 40% dos estudantes, segundo os dados oficiais.
"Ce que soulève a jupe" deve seu nome ao livro publicado em 2010 pela historiadora francesa Christine Bard, no qual se faz um percurso histórico sobre o mundo feminino e se questionam os valores associados à feminilidade. A iniciativa, cujo lema é "Mulheres, homens, vistamos a igualdade", foi premiada no concurso nacional "Experithèque" de "estímulo a inovações e experimentações pedagógicas".
Sexismo é termo que se refere ao conjunto de ações e ideias que privilegiam determinado gênero ou orientação sexual em detrimento de outro gênero (ou orientação sexual). Embora seja constantemente usado como sinônimo de machismo é na verdade um hiperônimo deste, já que é possível identificar diversas posturas e ideias sexistas (muitas delas bastante disseminadas) que privilegiam um gênero em detrimento a outro.
De maneira geral, o termo é usado como exclusão ou rebaixamento do gênero feminino. Trata de uma posição, que pode ser praticada tanto por homens quanto por mulheres; portanto, o sexismo está presente intragêneros tanto quanto entre gêneros. De acordo com Karin Ellen von Smigay, culturas falocráticas possuem: "um vasto conjunto de representações socialmente partilhadas, de opiniões e de tendência a práticas que desprezam, desqualificam, desautorizam e violentam as mulheres, tomadas como seres de menor prestígio social". 1 Assim, de acordo com esta autora, o sexismo acaba "legitimando a violência contra mulheres e todos aqueles que, em determinadas circunstâncias, são reconhecidos como tendo uma posição feminilizada. Mantido por um pensamento essencialista, atribui qualidades e defeitos que seriam inerentes e específicos de cada sexo".2 De acordo com esta análise, sexismo e homofobia estão estreitamente relacionados.
Ações sexistas podem partir de diversos pressupostos, destacando-se os de que:
Para Daniel Borrillo, tanto o sexismo quanto a homofobia devem ser pensados a partir da ordem pela qual as relações sociais entre os sexos e sexualidades se estruturam: "A ordem (dita natural) dos sexos determina uma ordem social na qual o feminino deve complementar o masculino, o que se realiza com base em uma subordinação psicológica e cultural". Assim, o sexismo, portanto, poderia ser definido como "a ideologia organizadora das relações entre os sexos, no seio da qual o masculino se caracteriza por seu pertencimento ao universo exterior e político, ao passo que o feminino denota intimidade e ligação com o ambiente doméstico". 3
É comum que indivíduos promovam atitudes sexistas contra seu próprio gênero. A forma como a cultura age no imaginário coletivo permite que seja possível encontrar mulheres que defendam que "lugar de mulher é na cozinha" ou homens afirmando que "marido que não procura trabalho é vagabundo", assim como há mulheres e homens que se contrapõem a tais ideários, indistintamente.
Como princípio político, o sexismo utiliza o discurso da diferença natural entre os sexos para justificar e legitimar as desigualdades em matéria de direitos políticos. 4
Lista de algumas ideias de caráter sexista e de problemas de ordem comportamental, sócio-econômica ou jurídica relacionadas a elas:
"Quando vamos explicar a nossos jovens que a tolerância não é sermos todos iguais, mas sermos diferentes e nos respeitarmos como tais?" perguntou o líder da oposição conservadora na prefeitura de Nantes, Laurence Garnier.
O coletivo "Manif pour tous", conhecido por sua forte oposição ao casamento homossexual, se mostrou contrário à iniciativa e convocou uma manifestação à qual foram cerca de 200 pessoas diante do instituto Clemenceau de Nantes. "Todas as discriminações devem ser combatidas, mas não podemos aceitar qualquer coisa", afirmou a presidente do coletivo, Ludovine da Rochère, que pediu ao ministro da Educação, Benoît Hamon, que anulasse a iniciativa.
Hamon minimizou a importância do assunto e lembrou que nenhum aluno é obrigado a participar do que qualificou como um ato "colegial" e afirmou que ele "utiliza o humor para lutar contra os preconceitos sexistas".
Para a presidente da Federação de Pais de Alunos de Nantes, Élisabeth Costagliola, a proposta não tem "nenhum efeito negativo" e pode apresentar ideias positivas, segundo declarou ao jornal Le Figaro . A campanha aconteceu no ano passado em 20 colégios da região de Nantes e obteve a participação de 40% dos estudantes, segundo os dados oficiais.
"Ce que soulève a jupe" deve seu nome ao livro publicado em 2010 pela historiadora francesa Christine Bard, no qual se faz um percurso histórico sobre o mundo feminino e se questionam os valores associados à feminilidade. A iniciativa, cujo lema é "Mulheres, homens, vistamos a igualdade", foi premiada no concurso nacional "Experithèque" de "estímulo a inovações e experimentações pedagógicas".
Sexismo é termo que se refere ao conjunto de ações e ideias que privilegiam determinado gênero ou orientação sexual em detrimento de outro gênero (ou orientação sexual). Embora seja constantemente usado como sinônimo de machismo é na verdade um hiperônimo deste, já que é possível identificar diversas posturas e ideias sexistas (muitas delas bastante disseminadas) que privilegiam um gênero em detrimento a outro.
De maneira geral, o termo é usado como exclusão ou rebaixamento do gênero feminino. Trata de uma posição, que pode ser praticada tanto por homens quanto por mulheres; portanto, o sexismo está presente intragêneros tanto quanto entre gêneros. De acordo com Karin Ellen von Smigay, culturas falocráticas possuem: "um vasto conjunto de representações socialmente partilhadas, de opiniões e de tendência a práticas que desprezam, desqualificam, desautorizam e violentam as mulheres, tomadas como seres de menor prestígio social". 1 Assim, de acordo com esta autora, o sexismo acaba "legitimando a violência contra mulheres e todos aqueles que, em determinadas circunstâncias, são reconhecidos como tendo uma posição feminilizada. Mantido por um pensamento essencialista, atribui qualidades e defeitos que seriam inerentes e específicos de cada sexo".2 De acordo com esta análise, sexismo e homofobia estão estreitamente relacionados.
Ações sexistas podem partir de diversos pressupostos, destacando-se os de que:
- Um gênero (ou uma identidade sexual) é superior a outro.
- Mulher e homem são profundamente diferentes (mesmo além de diferenças biológicas), e essas diferenças devem se refletir em aspectos sociais como o direito e a linguagem.
- Existem características comportamentais que são intrínsecas a determinado gênero, de modo que todas as pessoas deste gênero as possuem (visto em generalizações como "todo homem é mulherengo" ou "toda mulher é delicada" ou "todo homossexual é promíscuo").
Para Daniel Borrillo, tanto o sexismo quanto a homofobia devem ser pensados a partir da ordem pela qual as relações sociais entre os sexos e sexualidades se estruturam: "A ordem (dita natural) dos sexos determina uma ordem social na qual o feminino deve complementar o masculino, o que se realiza com base em uma subordinação psicológica e cultural". Assim, o sexismo, portanto, poderia ser definido como "a ideologia organizadora das relações entre os sexos, no seio da qual o masculino se caracteriza por seu pertencimento ao universo exterior e político, ao passo que o feminino denota intimidade e ligação com o ambiente doméstico". 3
É comum que indivíduos promovam atitudes sexistas contra seu próprio gênero. A forma como a cultura age no imaginário coletivo permite que seja possível encontrar mulheres que defendam que "lugar de mulher é na cozinha" ou homens afirmando que "marido que não procura trabalho é vagabundo", assim como há mulheres e homens que se contrapõem a tais ideários, indistintamente.
Como princípio político, o sexismo utiliza o discurso da diferença natural entre os sexos para justificar e legitimar as desigualdades em matéria de direitos políticos. 4
Exemplos de ideias sexistas
Apesar das discussões políticas, midiáticas e acadêmicas sobre igualdade de gênero travadas nas últimas décadas, muitas ideias sexistas ainda permeiam a cultura brasileira e explicam parte das diferenças sociais, econômicas, ocupacionais e comportamentais entre os gêneros.Lista de algumas ideias de caráter sexista e de problemas de ordem comportamental, sócio-econômica ou jurídica relacionadas a elas:
- É dever natural do homem o sustento da família
- Evasão escolar precoce de grande parte dos homens, sobretudo nas classes mais pobres, que se veem pressionados a trabalhar para sustentar suas famílias enquanto suas irmãs ou esposas têm maior liberdade para escolherem entre trabalhar ou estudar. Consequente inversão no desequilíbrio educacional relativo a gênero, com as mulheres alçando níveis educacionais mais altos que os homens, em média. 5 6
- Sobrecarga ocupacional masculina (25% dos homens brasileiros economicamente ativos trabalham mais que 49 horas semanais contra apenas 12% das mulheres na mesma condição 7 )
- Mulheres devem ser responsáveis pela casa
- Alto percentual de mulheres sem ocupação econômica, embora já se concentrem neste gênero os mais altos índices de formação educacional e profissional 8
- As mães são mais importantes na formação dos filhos que os pais
- Baixíssimo índice de decisões judiciais favoráveis a que a guarda de filhos de casais separados seja dada aos pais ou seja compartilhada entre pai e mãe 9
- Homens não choram/ homens devem ser fortes / homem que apanha de mulher é frouxo (e variações destes raciocínios)
- Trair é da natureza masculina (mas não da feminina)
- Atitudes masculinas violentas, muitas vezes originando crimes de agressão ou contra a vida, quando de suspeita ou constatação de infidelidade conjugal
- Rejeição social percebida por mulheres que traem seus companheiros, ao contrário do que ocorre aos homens infiéis.
- Contaminação de mulheres casadas por doenças sexualmente transmissíveis contraídas por seus maridos.
- As mulheres são mais frágeis (ou inocentes)
- Predisposição do judiciário a minimizar o papel de mulheres criminosas e a aplicar sobre elas penas mais brandas.
- Exclusão "a priori" das mulheres de determinados campos profissionais.
- Gays são promíscuos/não conseguem controlar seus impulsos sexuais
- Associação errônea entre AIDS e homossexuais, pelo preconceito generalista com origem em estatísticas do Ministério da Saúde 15
- Discriminação contra homossexuais.
- Heterossexuais que acreditam nesta crença não dão tanta importância à prevenção de DSTs.
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