Tropas de elite da Polícia Militar do Rio intensificam preparo para Copa
- Só o quartel do Bope recebeu mais de 12 mil policiais desde 2008 para treinamento de atuação no evento
Elenilce Bottari
RIO — Segunda-feira, 8h. Começa mais um dia de treinamentos nos
quartéis do Bope e do Choque, no Rio de Janeiro, com vistas para Copa do
Mundo. Nos últimos quatro anos, só a sede de Laranjeiras da tropa de
elite do Rio recebeu mais 12 mil policiais que estão sendo treinados
para atuar nos dias do mundial, em atividades como policiamento
preventivo dentro e fora do estádio, patrulhamento de ruas, controle de
distúrbios urbanos em multidões, resgate de reféns, atendimento e
evacuação em grandes acidentes e até antiterrorismo.
Nesta segunda-feira, enquanto uma nova turma com 70 policiais iniciava curso para tropa, atiradores de elite da Polícia Federal e da Polícia de Brasília participavam de uma palestra sobre estudo de casos. Entre os exemplos abordados, o resgate da estudante Raphaella Lobo Barbosa de Jezus, de 17 anos, mantida refém por cerca de três horas, durante o sequestro de um ônibus na Avenida Brasil, em Guadalupe, no fim da tarde de sábado:
— O Bope passou por uma profunda restrutuação com a criação de núcleos de comunicação, projetos de logística e resgate e pronto socorrismo. Também a partir de 2008 iniciamos processos de aquisição de equipamentos que recebemos agora, entre eles, o Carro de Comando e Controle, os caminhões de transporte tático, de transporte de carga, coletes, metralhadoras, fuzis, lunetas. A partir da experiência com as manifestações que tomaram conta do Rio desde junho do ano passado, também introduzimos o treinamento de lutas marciais, para o enfrentamento de distúrbios civis urbanos — explicou o major Marcelo Corbage.
Segundo ele, outra matéria que passou a fazer parte do treinamento dos policiais é o da abordagem e legislação, com o aprendizado do uso gradual da força.
— Utilizamos lutas como greco-romana e jiu-jitsu para melhorar o condicionamento físico dos nossos policiais e também para que eles aprendam a raciocinar sobre pressão. No jiu-jitsu, a pressão é física, mas a atividade serve para aliviar o stress e ajudar o policial a manter o controle em momentos de grande tensão — explica o orientador e campeão brasileiro de jiu-jitsu, aspirante Paulo Araújo.
Nesta segunda-feira, também teve início, no pátio da Guarda Municipal, o curso FBI Controle de Distúrbios Civis, desenvolvido pelo FBI em parceria com o Departamento de Polícia de Los Angeles e o Departamento de Polícia de Chicago com o objetivo de fornecer uma visão geral sobre a doutrina de Força Tática Móvel e o Controle de Distúrbios Civis para o Brasil. O curso abordará as diferenças entre a gestão e o controle de multidões, distúrbios civis, estratégias de gestão, planejamento operacional, uso da força, tomada de decisões, relação com a mídia, e o uso da inteligência e de informações que possam auxiliar na identificação de possíveis atos/atores de vandalismo. Haverá ainda exercícios práticos e debates sobre os temas abordados.
Embora o Brasil não tenha cultura de ações terroristas, os policiais vêm recebendo também orientações para trabalhar de forma integrada com as forças federais em suspeitas de atentados:
— No combate ao terrorismo, além das forças policiais, é muito importante a participação da população. Por isto, também vamos realizar palestras para funcionários de hotéis e outros setores onde possa haver aglomerações. — orienta o capitão Novo, que fez cursos em Israel e Colômbia.
Para auxiliar a população, a Secretaria de Segurança também está lançando o Guia de Segurança Pública Rio de Janeiro Grandes Eventos (clique para consultá-lo), em três idiomas com orientações aos turistas e moradores e contatos de diversos órgãos de segurança.
— A ideia é que o guia permaneça, porque é uma excelente ferramenta para a população —explicou o coordenador de Grandes Eventos da Seseg, delegado Roberto Alzir.
Segundo ele, a experiência vivida durante a Copa das Confederações permitiu o ajuste de procedimentos e melhoria da segurança para a Copa:
— O fato de a gente ter passado pela Copa das Confederações, que foi considerada um sucesso, serviu para aprimorar imperfeições. Haverá reforço de infraestrutura, o Centro Integrado de Comando e Controle estará operando com mais ferramentas e vai atingir um patamar muito maior agora e ainda mais elevado para as Olimpíadas, com ajustes necessários — afirmou Alzir.
A maior preocupação das autoridades está na mobilidade urbana, mas Alzir crê que, até o início dos jogos, o problema esteja equacionado:
— Confiamos no staff da Prefeitura, que está empenhado em um plano de mobilidade bastante consistente para a Copa, com medidas de contingência para eventurais problemas.
O novo Batalhão de Grandes Eventos, que funciona junto ao Batalhão de Choque, conta com 600 homens que também vêm recebendo treinamento em lutas. Mas ali, o princípio é outro:
— O objetivo da Polícia Militar nas manifestações é garantir o direito das pessoas de se manifestarem sem, no entanto, impedir o direito de ir e vir do restante da população ou depredações de patrimônio público ou privado. Então, no caso de manifestantes violentos, como ocorreu no ano passado, o objetivo é a imobilização. Não queremos um policial responda a provocação, mas se necessário, ele estará pronto para imobilizar e prender o oponente — explicou o comandante do BPGE, coronel Wagner Villares.
Com uma estrutura diária que compreende 40 quarteis operacionais, 137 viaturas de incêndio e salvamento, 60 ambulâncias, 12 embarcações, dois helicopteros, 819 bombeiros de serviço e 183 guardas-vidas, o Corpo de Bombeiros será ampliado durante os dias de jogos:
— Durante a Copa teremos mais 10 grupamentos táticos avançados, aumentando para 50 o número de unidades operacionais. Esses grupamentos estarão situados nas rotas protocolares, próximo ao Maracanã, no Centro de Midia, nas áreas de Fanfest. Também aumentaremos a tropa para 1200 homens por dia e 273 guardas-vidas — explicou o superintendente de Grandes Eventos da Secretaria de Estado de Defesa Civil, coronel-bombeiro Wanius de Amorim.
A superintendência ajudou no treinamento no estádio do Maracanã, dos 1500 voluntários que vão trabalhar na Copa. Em convênio com o governo federal, o Corpo de Bombeiros do Rio também treinou nos últimos dois anos 500 militares bombeiros em todo o país em especializações de incêncios especiais, atendimento a montanhistas, salvamento e resgate de turístas e curso específico de salvamento em estádios.
— O Rio é o único estado da federação com Superintendência Extraordinária para Grandes Eventos. Fazemos a interface de planejamento com as diversas agências. Nunca trabalhamos com tanta integração. Aliás, acredito que o sucesso da segurança durante a Copa será devido à integração de todos os órgãos de segurança em todas as esferas. Foi através desse trabalho em conjunto que elaboramos os quatro planos de contingência para o enfrentamento de qualquer crise — explicou o comandante.
Entre os planos que deverão ser divulgados até o fim do mês para a população estão, o plano de contingência de distúrbios civis, o plano de contingência QBRNE (químico, biológico, radiológico, nuclear e explosivos), o plano de contingência de eventos com múltiplas vítimas e um plano específico de evacuação do Maracanã.
Nesta segunda-feira, enquanto uma nova turma com 70 policiais iniciava curso para tropa, atiradores de elite da Polícia Federal e da Polícia de Brasília participavam de uma palestra sobre estudo de casos. Entre os exemplos abordados, o resgate da estudante Raphaella Lobo Barbosa de Jezus, de 17 anos, mantida refém por cerca de três horas, durante o sequestro de um ônibus na Avenida Brasil, em Guadalupe, no fim da tarde de sábado:
— O Bope passou por uma profunda restrutuação com a criação de núcleos de comunicação, projetos de logística e resgate e pronto socorrismo. Também a partir de 2008 iniciamos processos de aquisição de equipamentos que recebemos agora, entre eles, o Carro de Comando e Controle, os caminhões de transporte tático, de transporte de carga, coletes, metralhadoras, fuzis, lunetas. A partir da experiência com as manifestações que tomaram conta do Rio desde junho do ano passado, também introduzimos o treinamento de lutas marciais, para o enfrentamento de distúrbios civis urbanos — explicou o major Marcelo Corbage.
Segundo ele, outra matéria que passou a fazer parte do treinamento dos policiais é o da abordagem e legislação, com o aprendizado do uso gradual da força.
— Utilizamos lutas como greco-romana e jiu-jitsu para melhorar o condicionamento físico dos nossos policiais e também para que eles aprendam a raciocinar sobre pressão. No jiu-jitsu, a pressão é física, mas a atividade serve para aliviar o stress e ajudar o policial a manter o controle em momentos de grande tensão — explica o orientador e campeão brasileiro de jiu-jitsu, aspirante Paulo Araújo.
Nesta segunda-feira, também teve início, no pátio da Guarda Municipal, o curso FBI Controle de Distúrbios Civis, desenvolvido pelo FBI em parceria com o Departamento de Polícia de Los Angeles e o Departamento de Polícia de Chicago com o objetivo de fornecer uma visão geral sobre a doutrina de Força Tática Móvel e o Controle de Distúrbios Civis para o Brasil. O curso abordará as diferenças entre a gestão e o controle de multidões, distúrbios civis, estratégias de gestão, planejamento operacional, uso da força, tomada de decisões, relação com a mídia, e o uso da inteligência e de informações que possam auxiliar na identificação de possíveis atos/atores de vandalismo. Haverá ainda exercícios práticos e debates sobre os temas abordados.
Embora o Brasil não tenha cultura de ações terroristas, os policiais vêm recebendo também orientações para trabalhar de forma integrada com as forças federais em suspeitas de atentados:
— No combate ao terrorismo, além das forças policiais, é muito importante a participação da população. Por isto, também vamos realizar palestras para funcionários de hotéis e outros setores onde possa haver aglomerações. — orienta o capitão Novo, que fez cursos em Israel e Colômbia.
Para auxiliar a população, a Secretaria de Segurança também está lançando o Guia de Segurança Pública Rio de Janeiro Grandes Eventos (clique para consultá-lo), em três idiomas com orientações aos turistas e moradores e contatos de diversos órgãos de segurança.
— A ideia é que o guia permaneça, porque é uma excelente ferramenta para a população —explicou o coordenador de Grandes Eventos da Seseg, delegado Roberto Alzir.
Segundo ele, a experiência vivida durante a Copa das Confederações permitiu o ajuste de procedimentos e melhoria da segurança para a Copa:
— O fato de a gente ter passado pela Copa das Confederações, que foi considerada um sucesso, serviu para aprimorar imperfeições. Haverá reforço de infraestrutura, o Centro Integrado de Comando e Controle estará operando com mais ferramentas e vai atingir um patamar muito maior agora e ainda mais elevado para as Olimpíadas, com ajustes necessários — afirmou Alzir.
A maior preocupação das autoridades está na mobilidade urbana, mas Alzir crê que, até o início dos jogos, o problema esteja equacionado:
— Confiamos no staff da Prefeitura, que está empenhado em um plano de mobilidade bastante consistente para a Copa, com medidas de contingência para eventurais problemas.
O novo Batalhão de Grandes Eventos, que funciona junto ao Batalhão de Choque, conta com 600 homens que também vêm recebendo treinamento em lutas. Mas ali, o princípio é outro:
— O objetivo da Polícia Militar nas manifestações é garantir o direito das pessoas de se manifestarem sem, no entanto, impedir o direito de ir e vir do restante da população ou depredações de patrimônio público ou privado. Então, no caso de manifestantes violentos, como ocorreu no ano passado, o objetivo é a imobilização. Não queremos um policial responda a provocação, mas se necessário, ele estará pronto para imobilizar e prender o oponente — explicou o comandante do BPGE, coronel Wagner Villares.
Com uma estrutura diária que compreende 40 quarteis operacionais, 137 viaturas de incêndio e salvamento, 60 ambulâncias, 12 embarcações, dois helicopteros, 819 bombeiros de serviço e 183 guardas-vidas, o Corpo de Bombeiros será ampliado durante os dias de jogos:
— Durante a Copa teremos mais 10 grupamentos táticos avançados, aumentando para 50 o número de unidades operacionais. Esses grupamentos estarão situados nas rotas protocolares, próximo ao Maracanã, no Centro de Midia, nas áreas de Fanfest. Também aumentaremos a tropa para 1200 homens por dia e 273 guardas-vidas — explicou o superintendente de Grandes Eventos da Secretaria de Estado de Defesa Civil, coronel-bombeiro Wanius de Amorim.
A superintendência ajudou no treinamento no estádio do Maracanã, dos 1500 voluntários que vão trabalhar na Copa. Em convênio com o governo federal, o Corpo de Bombeiros do Rio também treinou nos últimos dois anos 500 militares bombeiros em todo o país em especializações de incêncios especiais, atendimento a montanhistas, salvamento e resgate de turístas e curso específico de salvamento em estádios.
— O Rio é o único estado da federação com Superintendência Extraordinária para Grandes Eventos. Fazemos a interface de planejamento com as diversas agências. Nunca trabalhamos com tanta integração. Aliás, acredito que o sucesso da segurança durante a Copa será devido à integração de todos os órgãos de segurança em todas as esferas. Foi através desse trabalho em conjunto que elaboramos os quatro planos de contingência para o enfrentamento de qualquer crise — explicou o comandante.
Entre os planos que deverão ser divulgados até o fim do mês para a população estão, o plano de contingência de distúrbios civis, o plano de contingência QBRNE (químico, biológico, radiológico, nuclear e explosivos), o plano de contingência de eventos com múltiplas vítimas e um plano específico de evacuação do Maracanã.
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