Após acidente de carro, Isis Valverde encontrou força em textos hindus, filosofia, filmes, amigos e está pronta para recomeçar
Bianca Portugal
Três meses depois, Isis está sem o colar cervical e com uma ótima vibe
Foto: Gerard Giaume
Foto: Gerard Giaume
O sorriso e a animação estão mais radiantes do que nunca. Ficar por um
fio graças a um acidente e 100 dias depois ter de volta o que achou que
havia perdido fez Isis Valverde, 27 anos, repensar a vida e ressurgir
com um astral renovado. Foi um período inicial em que praticamente não
fez nada sozinha, precisava de ajuda para tomar banho, comer na boca e
aproveitou para retomar suas aulas de filosofia e mergulhar nos textos
sagrados hindus do Bhagavad Gita. Era o que restava. "Também vi todos os
filmes do mundo!", brinca. Ela se sente abençoada, pois na verdade
"todos nós somos", diz, respaldada pelas escrituras épicas da Índia, que
ela agora adora citar. "Não fiquei em casa chorando. Não fiquei
deprimida", continua. É a primeira longa entrevista após o capotamento
de seu carro na Estrada da Barra da Tijuca, conduzido pela prima, Mayara
Nable, 25, em 31 de janeiro. A atriz até tatuou a data na perna, para
não esquecer jamais o que passou. Parte de seu programa de recuperação
foi voltar a Aiuruoca, cidade natal no interior de Minas Gerais,
frequentando rodas de amigos, aproveitando o fogão a lenha da família,
período em que escreveu o primeiro livro, Dedo de Prosa. Prestes a
encarar a personagem Sandra, de Boogie Woogie, próxima novela das 6,
está no Rio de Janeiro espantando a solidão cercada de amigos, como o
ator e modelo mexicano Uriel del Toro, 35, que conheceu em uma viagem e
está hospedado em sua casa. No papo com a CONTIGO!, Isis também fala abertamente sobre Cauã Reymond, 33.
Como foi o acidente?
Não lembro de nada. Antes do acidente eu estava radiante. Tinha ficado
umas cinco horas em uma reunião, porque tinha fechado muitos trabalhos.
Depois fui para um bar com minha prima, Mayara (25), e amigos. Não
estava em uma festa, era um bar. Por volta das 2h fomos embora. Minha
prima tinha pedido para dirigir. Não lembro de mais nada. Só oito horas
depois. O médico disse que isso é normal, porque essa fratura nas
vértebras C1 e C2 mexe diretamente na memória.
E oito horas depois onde você estava?
Chegando ao hospital. Primeiro me levaram pra casa e me deitaram, mas
não lembro disso. Como acordava e apagava de novo, me levaram para o
hospital. E quando me lembro já estava em uma maca com muita dor e
sangue no braço. Não conseguia andar.
O que fizeram no hospital?
Eu estava ainda acordando e apagando. Eles me deram muitos remédios e
me enfiaram naquelas máquinas que giram. Não entendia nada. Só ficava
muito nervosa querendo ligar pra minha mãe (Rosalba Nable Valverde, 49).
Se outra pessoa ligasse para dizer que eu estava no hospital, ela ia
ter um ataque cardíaco. Mas consegui ligar para ela e para o meu pai
(Rubens Valverde, 60), que são muito importantes na minha vida. Sei a
preocupação deles comigo.
Quanto tempo você ficou no hospital?
Dois dias. Deitada, sem levantar para nada.
Como foi o processo de recuperação?
Meus pais ficavam com pena, porque sempre fui muito independente e, no
início, não fazia nada. Tinha de ter alguém para me dar banho, me dar
comida na boca... Nos primeiros dias sentia muita dor. Tomava morfina.
Foi um mês e pouquinho com alguém tendo de me ajudar. Mas busquei fugas.
Vi todos os filmes que existem no mundo (risos).
E o lado psicológico?
Eu me perguntava: Como vou lidar com isso, vendo meus trabalhos irem
embora e eu aqui? Não vou ser hipócrita de dizer que não foi
frustrante. Então vi muito filme, li muito, tive aula de filosofia e
terminei de escrever meu livro.
"Acho que eu renasci. Estou mais centrada, mais objetiva. Fiquei mais forte mesmo"
Foto: Gerard Giaume
Foto: Gerard Giaume
Escreveu um livro?
Está praticamente pronto. É um livro de prosa. Até o momento o título é
Dedo de Prosa. Foi lindo porque fui para o mato (Aiuruoca, cidade de
Minas Gerais onde ela nasceu) por um mês e meio, em março e abril.
Repesquei a minha mineirice, meu jeito de ser, as minhas lembranças. Com
quase dez anos de carreira eu nunca tinha voltado a Aiuruoca e ficado
tanto tempo como dessa vez. Vi que ali é o meu lugar, que ali é onde me
reenergizo. Pela primeira vez na vida tive um ócio criativo. E aí
surgiram textos maravilhosos.
Então o acidente teve um saldo positivo?
Teve bastante. Eu acho que o ser humano vem para evoluir. E a evolução
está dentro de você. Nada está fora. É meio idiota falar isso, mas é a
verdade. Isso me ajudou a descobrir minha força. E se eu colocasse mais
lenha nesse fogo, que é a minha força, ela aumentaria. Claro que cada
vez que o médico dizia que eu ainda não ia tirar o colar cervical era
mais uma perda, mais um trabalho que ia embora.
Em algum momento achou que não iria ficar 100% recuperada?
Não, porque o médico sempre falou que eu iria me recuperar. Ele só
teria de operar se eu não usasse o colar. Se operasse, ficaria mais seis
meses parada com um pino na cabeça. Mas a minha sorte foi que a
vértebra quebrou ao meio, mas não se moveu. Foi como se tivessem passado
uma navalha na coluna e tudo continuou no mesmo lugar! A medula ficou
intacta. Quando tirei o colar fiquei assustada, porque o braço esquerdo
ficou dormente umas três vezes. Mas era normal.
Ficou com trauma de carro?
Já dirigi três vezes. Foi tranquilo. Hoje fico tensa com outra pessoa dirigindo, mas estou melhorando.
E você apareceu na praia com um corpaço. Como conseguiu se manter nesse período?
Ai, como muito doce de leite (rindo). Muito mesmo. Estava seca por
causa da Antonia, de Amores Roubados. Achei interessante colocar o amor
bem em voga naquela minissérie. Porque o personagem do Cauã gostava de
mulheres mais velhas. Então por que gostaria daquela menina magrinha sem
nada? Por amor. Aí fiz muito esporte para secar. Fazia circuito. Esse
corpo que me segurou.
Em meio a isso tudo, cresceu a notícia de que você estava namorando com o Cauã Reymond. Está?
Não.
Mas vocês ficaram juntos alguma vez?
Não nesse sentido. Ficamos todos os atores da série Amores Roubados
juntos por três meses. Viramos uma grande família. Só isso.
Você e Cauã então são amigos?
Somos colegas de trabalho. Amigos, amigos: não. Por exemplo: Patrícia
Pillar virou minha amiga mesmo. Já João Miguel é colega de trabalho. Eu o
adoro. Divido momentos com ele, conversamos muito, mas é colega de
trabalho. Patrícia é minha confidente.
E como você encarou a primeira vez que viu a notícia de que estava com o Cauã?
Hoje é muito tênue a linha entre a sua vida pessoal e a sua vida
profissional. E eu sempre tentei ser muito elegante na minha vida
pessoal. É o jeito que eu fui criada. Fiquei um pouco chocada. Assustada
com a dimensão que isso tomou. Porque sempre criaram confusões comigo.
Jogador de futebol, na época da Suellen (sua personagem em Avenida
Brasil, em 2012), que eu nem sabia quem era. Essas coisas sempre
existiram. Mas tomei um susto com o tamanho da coisa. Eu me perguntava:
O que está acontecendo?
Você conversou com o Cauã sobre isso?
Nós conversamos, sim. Falamos sobre o que poderíamos fazer, mas
naquele momento também vi que era uma situação muito dele com outra
pessoa. Uma situação de família dele. Então achei melhor ficar afastada e
deixar que eles se resolvessem. Porque chegou uma hora em que o disse
que disse ficou tão grande que foi melhor deixar baixar a bola antes de
se colocar.
E com a Grazi, você conversou? Vocês eram amigas?
Nunca conversei. Não éramos. Vi a Grazi duas vezes na minha vida no
Projac. Então nem cabia eu ligar para ela porque ela ia dizer: Por
favor, é minha vida, dá licença?
Viu o vídeo onde ela fala que o Cauã estava com você?
Vi. Voltando ao que já disse, acho que as pessoas hoje confundem muito
trabalho com ficção. E tudo isso começou a surgir em um momento muito
delicado deles. Eu fiquei quieta, acho que não cabia a mim entrar nisso.
Ele também ficou quieto. Cheguei a ler algumas coisas que eles estavam
conversando e se acertando e torci muito para ser verdade. Aí, no fim do
ano, viajei com meus amigos. Fiquei 12 dias fora (foi quando conheceu o
ator e modelo mexicano Uriel del Toro, 35). Quando voltei, já estava
tudo mais calmo. As coisas entrando nos eixos. Isso me deixou mais
tranquila e mais aberta para poder conversar sobre esse assunto.
Esse episódio abalou a sua relação com o Cauã?
Não.
Vocês mantiveram contato nos últimos meses?
Não. Ele foi a minha casa no meu aniversário (dia 17 de fevereiro).
Fiz uma festa e chamei vários atores, meu diretor, meu roteirista...
Então, como estava chamando todos os meus amigos, pensei; Por que não?
Não devo nada, então não tinha por que não chamar o Cauã.
Mas quem ficou com a imagem prejudicada foi você...
Dentro de qualquer história desse tipo existe a mocinha, a vilã e o
mocinho, certo? Sobrou pra mim esse lado da vilã, mas isso foi se
diluindo. Porque eu soube me recolher na hora certa. Mandei um
comunicado pela minha assessoria superbacana e depois tirei meu time de
campo. E hoje o que escuto na rua é só carinho. Disseram que eu fui
xingada na rua, mas é mentira. Adoro falar isso, porque foi uma das
maiores mentiras que ouvi. Na rua só me abraçaram. Mas acho que essa
história já está mais do que finalizada.
Você está solteira?
Sim. Desde que terminei com o Tom (Rezende, com quem terminou em outubro de 2013).
Pronta para retornar ao trabalho?
Sim, mas estou um pouco tensa (rindo). Está sendo ótimo, mas é um
recomeço. Acho que eu renasci. Estou mais centrada, mais objetiva.
Fiquei mais forte mesmo. Mas confesso que estou assim ó (mostrando as
mãos tremendo).
Isis mostra que manteve a boa forma. "Minha sorte foi que estava bem seca antes de sofrer o acidente"
Foto: Gerard Giaume
Foto: Gerard Giaume
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