Não estranhe se por acaso o seu coquetel pintar na mesa dentro de uma xícara, numa canequinha de porcelana ou até mesmo num vidro de geleia. Despojados e criativos, bons drinques que abrilhantam a vida noturna fogem do convencional. No visual e no paladar. Mérito de bares e restaurantes que têm investido em cartas elaboradas para conquistar o paladar de clientes — sejam eles iniciantes ou já experientes na arte de beber. Nessa tendência, bartenders têm ganhado mais evidência por aqui e se tornado figurinhas carimbadas da noite carioca.
Mas, com o avanço da criatividade em forma de drinques, o mercado viu, além de aumentar a disputa por bartenders, bebidas como o gim conquistarem território.
Para traçar o mapa da mina da nova coquetelaria carioca, o Rio Show pediu a dez craques dos balcões uma lista de criações com gim, uísque, cachaça, cerveja... Contrabalançando isso tudo, frutas, especiarias, sementes, licores e bitters artesanais se juntam à mistura. O resultado é de levantar a taça.
Astor
“Se acomode no balcão e puxe um papo comigo, posso te mostrar que a vida é mais leve". O convite simpático vem de Barão, barman do Astor, em Ipanema. Aos 26 anos, ele já tem no currículo passagens pelo balcão de casas famosas. Ele aposta na mistura do destilado com a semente de cumaru ralado, morango e tangerina macerados. Bem perfumado, o coquetel foi batizado de Aromatick (R$ 28).
Meza Bar
A canção “Penny Lane", dos Beatles, inspirou o mixólogo carioca Fernando Blower a inventar um drinque que, segundo ele, pode servir como porta de entrada para curiosos a fim de descobrirem o maravilhoso mundo dos destilados. Tudo indica que a ideia deu supercerto. Feito com água de coco, tomilho e gim, o Penny Lane (R$ 22) é muito pedido pela turma mais jovem no Meza Bar.
Escobar
Às vésperas da Copa do Mundo, é natural que a cidade se vista de verde e amarelo. Nos bares e restaurantes, não poderia ser diferente. O barman Bruno Lima, do Escobar, foi um dos que entraram no clima. Ele criou o gim da Copa, um drinque lindíssimo feito com limão-siciliano, pepino e tônica. Resultado? Caiu no gosto até mesmo dos clientes mais exigentes do gastrobar latino
Paris Bar
Influenciado pelo filme “Cocktail”, de 1988, com o galã Tom Cruise, o jovem Alex Mesquita decidiu que este seria seu destino: fazer bebidas incríveis para melhorar os ânimos até mesmo dos mais abatidos. Na casa, há mais de cinco rótulos disponíveis de gim. Entre as receitas preparadas com o destilado, destaque para o Hendrick’s Fantastic, que leva óleo essencial de tangerina com camomila, água de flor de laranjeira e água tônica peruana.
Mixing: Bar is cool
Escondida dentro de uma simpática vila no Largo do Machado, a Mixing: Bar Is cool encanta quem a visita pela primeira vez com o visual retrô moderninho. Nas prateleiras, só o melhor dos destilados, com variedades de perder a conta. Os sócios e amigos Lelo Forti e Alex Miranda rodam o mundo para abastecer a casa com rótulos inusitados. Recomenda-se assistir à preparação de qualquer coquetel feito na casa, o que faz lembrar uma performance alquimista, com direito a fogo e fumaça. "Gosto de pensar que estou fazendo obras de arte únicas, como o Monalisa, que leva na fórmula gim beefeater, xarope de abóbora, grapefruit, água tônica carbonatada e defumação de especiarias".
Teto solar
“Balcão de bar não é exclusividade para homens". Palavra da paulistana radicada no Rio Sandra Mendes, que, mesmo tendo fama de durona, surpreende pela simpatia que imprime ao atendimento. Atualmente, Sandra comanda o bar do Teto Solar, em Botafogo, e conta que um dos desafios de ser chefe é manter a equipe atualizada com as novas tendências. Ela criou o drinque Jardim Botânico (R$ 28), que ganhou o terceiro lugar num concurso famoso em 2012. "É um gostosão maravilhoso".
El Born
Depois de rodar diversas casas cariocas dando consultorias e ajudando a montar os bares, atualmente Gustavo Stemler se dedica à arte de envelhecer coquetéis em barris de carvalho. Dando expediente no El Born — bar de Copacabana com ares da Catalunha. Ele criou o drinque Yanegroni, variação do clássico feito com gim, na versão dele é feito com cachaça Yaguara. Na carta oficial da casa, é fácil encontrar ingredientes da culinária indo parar nos copos, influência declarada de Stemler. Um exemplo é o Belly Guava Jely, feito com gim, melancia macerada e aipo.
Tupac
Inaugurado há poucas semanas em Ipanema, o Tupac — da mesma turma do Lima Restobar, em Botafogo — aposta na fusão das culinárias peruana, argentina e brasileira para conquistar o paladar dos cariocas. A criatividade também tem sotaque latino no balcão do simpático argentino Agostin Montes, de 27 anos, há três meses no Rio. Na carta, ele destaca o drinque cítrico Romerito (R$ 24), que mistura vermute, suco de grapefruit, folhas de alecrim e limão e é servido numa canequinha de porcelana com charmoso rabo de baleia no lugar da alça.
Mr Lam
Inspirado em Jim Morrisson, vocalista do The Doors e um homem que cantou, compôs e bebeu em excesso, o drinque do Mr. Lam Morrisson (R$ 38) é um dos mais pedidos por lá. Quem garante é o chefe do bar, Carlinhos Aragão, que apresenta a composição da bebida de notas cítricas mantendo um ar de certeza inabalável e brilho nos olhos.
Crustô
Catalunha e Andorra foram os lugares onde o argentino Gabriel Monti construiu sua história no ramo da gastronomia. Depois de ter dois restaurantes na Espanha, em agosto passado ele se mudou para o Rio e abriu em Ipanema o Crustô gastrobar, cujo menu busca um equilíbrio de sabores entre as culturas brasileira, francesa e catalã. A carta de drinques tem forte inspiração na Espanha, onde o gim tônica é uma bebida digna de um ritual quase litúrgico.
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