5.15.2014

The New York Times': Eficácia de antibióticos está diminuindo

Uso excessivo e falta de novos recursos podem comprometer eficiência de antibióticos

Segundo uma matéria publicada na última segunda-feira (12) pelo jornal The New York Times, deveria haver mais incentivos ao desenvolvimento por parte da indústria farmacêutica de novas drogas para suprir os antibióticos que estariam perdendo eficácia. De acordo com a matéria, a Organização Mundial de Saúde (OMS) teria examinado o crescimento de germes resistentes a antibióticos em todo o mundo e chegado a conclusões perturbadoras.
O jornal aborda um relatório divulgado em abril, onde a OMS teria descoberto que a resistência de bactérias, fungos, vírus e parasitas tem se tornado uma ameaça cada vez mais grave nas mais diversas partes do mundo. A organização teria ido mais além e dito que se trata de um problema tão grave que ameaçaria as conquistas da medicina moderna.
A matéria explica que o aumento de patógenos resistentes aos antibióticos significa cada vez mais casos de doenças, fim do funcionamento de tratamentos convencionais, infecções mais difíceis de serem controladas, maior risco de propagação de infecções, prolongamento de internações hospitalares.
Além disso, o jornal diz que os custos das doenças e os riscos de morte ficariam mais elevados. A pesquisa procurou determinar a extensão do problema analisando os mais recentes dados de vigilância de 114 países.
Entre os exemplos apresentados pelo jornal, foi citado o caso dos antibióticos carbapenêmicos, uma classe de drogas usadas como último recurso para o tratamento de infecções causadas por bactérias intestinais comuns. A bactéria é uma das principais causas de infecções hospitalares, tais como pneumonia, infecções da corrente sanguínea e infecções em recém-nascidos e pacientes de terapia intensiva. A aplicação deste antibiótico não obteve resultados em mais da metade das pessoas tratadas em alguns países.
Outro exemplo semelhante que a matéria apresenta é a ineficiência confirmada em 10 países de um tratamento de último recurso para gonorreia, incluindo muitos países que possuem sistemas de saúde avançados, como a Austrália, Canadá, França, Suécia e Grã-Bretanha.
O jornal explica que o relatório da OMS tem a intenção de criar uma campanha global para desenvolver ferramentas de controle dessa resistência aos medicamentos, medir o impacto sanitário e econômico dela, entre outros.
De acordo com o New York Times, a necessidade mais urgente seria a de  minimizar o uso excessivo de antibióticos na medicina e na agricultura, o que acelera o processo de  desenvolvimento de espécies resistentes. O jornal conta que, nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration emitiu diretrizes voluntárias pedindo que empresas farmacêuticas, produtores e veterinários impeçam o uso indiscriminado de antibióticos. As empresas farmacêuticas disseram que irão cumprir.
Para o jornal, a indústria farmacêutica precisaria ser incentivada a desenvolver novos antibióticos para complementar aqueles que estão perdendo eficácia. A Royal Pharmaceutical Society, que representa os farmacêuticos na Grã-Bretanha, disse que nenhuma nova classe de antibióticos foi descoberta desde 1987, e diz que grande parte da responsabilidade disso está no fato de que os retornos financeiros para a descoberta de novas classes de antibióticos são muito baixos, ao contrário das drogas lucrativas para o tratamento de doenças crônicas como o câncer e doenças cardiovasculares.
O jornal diz ainda que os antibióticos têm transformado a medicina e salvado inúmeras vidas ao longo das últimas sete décadas . Contudo, o uso excessivo deles somado à falta de novos medicamentos podem comprometer definitivamente sua eficácia.

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