5.14.2014

Novos neurônios podem substituir antigos e 'limpar' a memória

  • Pesquisa pode explicar por que humanos e outros mamíferos têm poucas lembranças da infância
O GLOBO
COM AGÊNCIAS
Conforme envelhecemos, novos neurônios substituem os antigos, que retinham as memórias mais remotas de nossa infância Foto: Agência O Globo
Conforme envelhecemos, novos neurônios substituem os antigos, que retinham as memórias mais remotas de nossa infância Agência O Globo
RIO - Você tem dificuldades de lembrar os primeiros anos de sua infância? Não se preocupe, pois isso é normal e, agora, cientificamente explicado. Um casal de pesquisadores do Hospital Para Crianças Doentes em Toronto, no Canadá, descobriu que novos neurônios produzidos pelo cérebro ao longo da vida humana substituem os antigos, e com esses últimos vão embora também as memórias mais remotas.


O resultado pode ser um divisor de águas na neurociência. Até então, acreditava-se que novas células nervosas poderiam reforçar tudo aquilo que uma pessoa já tinha aprendido e guardado ao longo da vida. Na verdade, o estudo recente do casal Sheena Josselyn e Paul Frankland, publicado na revista Science, mostrou que os novos neurônios tomam o lugar dos antigos.
De todas as regiões cerebrais dos mamíferos, a única onde ocorre uma regeneração de células é a conhecida como "hipocampo". E segundo estudos, é justamente lá onde registros de eventos e fatos do cotidiano são guardados.
Portanto, com novos neurônios substituindo os antigos, nós vamos esquecendo cada vez mais do nosso passado. A regeneração, contudo, desacelera com o passar dos anos. Ou seja, conforme envelhecemos, somos mais capazes de reter memórias de longo prazo.
Para chegar a essa conclusão, a pesquisa observou os carmundongos, outros mamíferos com sistesmas nervosos parecidos com os nossos. Josselyn percebeu o declínio na formação de novas células ao longo do tempo na mesma proporção de aumento da capacidade de absorver memórias mais recentes:
- Mais neurônios aumentam nossa capacidade de guardar novas lembranças no futuro. Mas memória é igual a um circuito de computado sobrecarregado: se você adiciona algum arquivo, necessariamente outro registro terá de sair - disse Josselyn ao jornal inglês The Telegraph.
Casados há anos, Sheena Josselyn e Paul Frankland decidiram estudar a memória humana quando viram que seu filho esquecia cada vez mais da infância conforme crescia.

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