Ex-presidente afirmou que evento virou 'objeto de feroz luta política eleitoral'
No artigo intitulado “O mundo se
encontra no Brasil”, Lula acusou “determinados setores” de desejar o
fracasso da Copa, “como se disso dependessem as suas chances
eleitorais”. “E não hesitam em disseminar informações falsas que às
vezes são reproduzidas pela própria imprensa internacional sem o cuidado
de checar a sua veracidade.O país, no entanto, está preparado, dentro e
fora de campo, para realizar uma boa Copa do Mundo - e vai fazê-lo”,
afirmou.
Ao lembrar que “trabalhou intensamente” para a
realização da Copa no Brasil , Lula disse que a decisão de trazer o
evento para o país não foi econômica nem política, e sim pelo o que o
futebol representa para o povo brasileiro. “A nossa população apoiou com
entusiasmo a ideia, rejeitando o preconceito elitista dos que dizem que
um evento desse porte é coisa de país rico”, disse. “Onde houver uma
área disponível, por menor que seja, ali se improvisa uma partida de
futebol. Se não tem bola de couro, joga-se com bola de plástico, de
borracha ou de pano. Em último caso, até com uma latinha vazia”,
escreveu Lula.Protestos em 12 capitais
As manifestações contra a Copa do Mundo ocorreram ontem nas 12 capitais que vão receber jogos do torneio, mas a adesão ao movimento no Rio, em Brasília e em Belo Horizonte foi baixa. Nessas cidades, os protestos contaram com 600 a 1,3 mil pessoas. A exceção foi São Paulo, cidade que irá sediar a abertura dos jogos da Copa, onde cerca de cinco mil pessoas participaram das manifestações, que terminaram com violência.
A capital paulista foi palco de muito tumulto e depredações. Vinte manifestantes foram detidos na região da Avenida Paulista e da rua da Consolação, no início da noite. Segundo a Polícia Militar, o grupo estava com coquetel molotov e martelos.
No auge da confusão, um grupo destruiu os vidros de uma concessionária de carros e depredou alguns veículos. Manifestantes atearam fogo em sacos de lixo e destruíram lixeiras, depois que a PM reagiu a um princípio de tumulto disparando balas de borracha e bombas de efeito moral.
O protesto em São Paulo foi organizado pelo Comitê Popular da Copa, que reúne vários movimentos sociais. Segundo a PM, cerca de 1,2 mil pessoas participaram da manifestação no início da noite. Muitas delas cobriram o rosto com roupas pretas, como fazem os adeptos da tática black bloc.
Em São Paulo, as manifestações aconteceram durante todo o dia. Pela manhã, uma onda de protestos fechou vias e complicou o trânsito em vários pontos. Os protestos foram organizados pelos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que pediram a criação de novas políticas habitacionais e a regularização de todas as áreas invadidas na capital paulista até a Copa.
De acordo com a PM, essas manifestações ao longo do dia reuniram em toda a cidade cerca de cinco mil pessoas. “A contagem é regressiva. Tem 28 dias para resolver não só a Copa do Povo [ocupação na zona leste], mas todas as ocupações que estão em luta”, afirmou Guilherme Boulos, coordenador do MTST. “Estamos aqui hoje manifestando contra as contradições dessa Copa do Mundo. Contra o gasto absurdo, sendo que nenhuma das reivindicações sociais de junho do ano passado foi atendida”, afirmou Thiago Aguiar, do Junto, da juventude do PSol.
Ruas e vias próximas à Arena de São Paulo foram fechadas, com queima de pneus. Torcedores do clube foram para o local afim de evitar vandalismo.
No início da noite de ontem, um protesto contra a Copa reuniu cerca de duas mil pessoas no centro de Belo Horizonte. Empunhando faixas com críticas ao evento e demandas relacionadas ao transporte público, entre outros temas, os manifestantes fizeram passeata pelas ruas do centro.
Em Brasília, grupos identificados como sendo do MTST, do Comitê Popular da Copa, do Junto e do PSTU fizeram manifestação na capital federal. Eles realizaram um ato pelos mortos na construção dos estádios e obras da Copa do Mundo, com a colocação de 12 cruzes em um canteiro em frente ao estádio.
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