Trazer um espetáculo com 120 pessoas para o Rio, no mês da Copa do Mundo, é coisa de uma pessoa que sofre de insanidade mental como eu. Hotel é difícil, alimentar 120 pessoas também não é fácil. É um espetáculo imenso, o maior que eu já fiz, sem dúvida nenhuma.
Mas esses pequenos detalhes, como alimentação e hotel, passam por você?
Tenho uma equipe maravilhosa, mas tudo passa por mim. Eu sei até o canapé que vai ser servido no coquetel no dia da estreia. Sou operária da arte, sei de todos os detalhes, porque produção é isso.
Qual a diferença da Claudia Raia, que produziu aquele primeiro musical ‘Não fuja da Raia’, para a Claudia de hoje, 10 musicais depois?
Mais experiência, mais ‘safa’ e conseguindo lidar melhor com as dificuldades. Até porque tenho um problema de megalomania grave. E eu só venho aumentando isso. Em ‘Cabaret’, que foi o último espetáculo, havia 80 pessoas, e agora eu aumentei para 120. Algum probleminha eu tenho (risos). Nesses anos todos, fui aprendendo a trazer o conteúdo americano, que eles sabem fazer como ninguém, e executar da maneira brasileira. Aí é que está o pulo do gato. Nós não temos ainda autores, compositores, coreógrafos, letristas que façam uma obra musical genuinamente brasileira. Nosso conteúdo ainda é embrionário.
Por que vocês irão fazer só seis semanas no Rio?
É questão de patrocínio. Nosso musical não sobrevive em cartaz só com a bilheteria. E depois, a gente vai fazer seis cidades, porque ninguém viaja com um musical desse tamanho com cinco carretas por seis capitais. Voltamos para São Paulo em setembro, e a temporada acaba com preços populares.
Me conta sobre o seu papel na próxima novela das sete, ‘Búu’?
Então, eu não paro, né? Vou fazer uma vilã cômica, pelas mãos do Jorge Fernando.
E você faz vilã muito bem, certo?
E uma vilã cômica, que tem aquilo, de tudo pode,tem mais brincadeira.
Os vilões têm caído no gosto das pessoas.
Exatamente. E essa mulher é uma charlatona, que tinha poderes paranormais. Por ser tão gananciosa e charlatona, ela foi perdendo esse dom. Hoje, ela finge tudo para enganar as pessoas, é uma louca, uma delícia.
E como foi sua viagem para o Havaí?
Foi incrível. Uma viagem a trabalho, na verdade.Eles queriam uma brasileira com imagem saudável, que representasse bem-estar.
Você já conhecia o guru Sri Prem Baba?
Não conhecia e adorei, ele é uma pessoa especial. Estive na sala dele e adorei o que ele defende, que é bem parecido com o que penso. Sou budista, que tem praticamente a mesma linhagem dele. Soube ali muita coisa também para uma vida mais saudável.
Você já tem uma vida muito regrada, certo?
Sim, sim. Eu já estou acostumada.
Qual foi a última estripulia que você fez? Quando foi seu
último porre?
Não tenho esse momento, querido. Sou megacareta. Eu comecei a beber depois dos 40. A cada duas semanas, bebo uma taça de vinho, e olhe lá! Sou um fracasso nesse aspecto.
Seus filhos cresceram diante das câmeras, e hoje, principalmente o Enzo. Que tipo de conselhos você dá e que preocupação isso lhe traz?
Digo para ele: “Meu filho, vá atrás dos seus sonhos”. Esse tipo de fama, de celebridade não interessa a ele. Na verdade, esse sucesso não é sobre algo que ele já fez. Até porque, ele nem tem idade para ter conseguido fazer. Ele é estudante, um cara inteligente, engajado, mas não pode se apoiar em nada mais além disso. Ele corre atrás, está estudando e escolhendo em que área quer trabalhar. Eu aconselho que ouça o coração na hora de escolher a profissão.
Você seria tão feliz se ele fosse economista ou artista?
Não faz diferença nenhuma, imagina. Se ele for bem-sucedido, melhor ainda. Claro, do tamanho que ele quiser. Eu quero que ele vá atrás dos sonhos dele. A única coisa que uma mãe pode esperar é que o filho se realize.
Na época da novela ‘A Favorita’, lembro que você declarou que tinha vontade de ter mais um filho. Esse desejo ainda existe?
Trabalho tanto e com esses dois filhos maravilhosos que tenho… Não penso nisso agora, não. Agora, não dá. Não sei daqui a pouco.
Você não deve ter muita hora vaga, mas quero saber o que você faz quando está com a agenda livre.
Não tenho hora vaga. Isso não existe. Ter hora vaga e dormir são coisas que não existem na minha vida (Risos). Estou lendo Gabriel García Márquez, ‘Memórias de minhas Putas Tristes’. Estou adorando ficar agarrada nesse espanhol.
Você assiste televisão?
Pouquíssimo. Não tenho hábito mesmo, desde criança. Geralmente, na hora das novelas, estou no teatro, mas sempre atenta aos meus colegas. Tem muita gente para criticar e pouca para aplaudir.
Você não assiste nem quando você está no ar?
Ah, quando estou no ar, tenho que assistir, óbvio.
Você é uma das artistas que dizemos ser completa: canta, dança e interpreta. Você acompanha o quadro do ‘Domingão do Faustão’, que é sobre artista completão?
Conheço sim. Sou amiga pessoal do Fausto, e ele já falou várias vezes comigo sobre esse quadro. Ele pediu que eu fizesse parte do júri, mas eu estava viajando. Provavelmente, em algum momento, vou participar, sim. Acho uma iniciativa maravilhosa. É um mercado que existe e tem espaço. Quem nunca dançou ou cantou que comece agora. Acho que todo mundo pode crescer fazendo as três coisas.
Estive pensando sobre um assunto que foi destaque recentemente: a separação de Cauã Reymond e Grazi Massafera. Inevitavelmente, comparei com a sua, que quase não foi repercutida.
Então, não quero falar sobre isso. Já me separei tem quatro anos, esse assunto é velho.
Mas, não quero falar deles. Quero saber como você conseguiu lidar de forma tão serena.
Tudo na minha vida é sereno. Não só a minha separação. Você já viu algum escândalo com meu nome?
Nunca ouvi mesmo. Como você consegue?
Todas as coisas que fiz foram da maneira certa. Não gosto de fazer escândalo com a minha vida. Eu me precavi. Talvez tenha tido uma maturidade, que devido a idade, eles não tenham. Dei essa nota para um jornalista, numa segunda-feira, quando as revistas já estavam fechadas, preparei meus filhos, que estavam de férias, para eles não sofrerem nenhum tipo de chacota na escola.
Nossa, então foi tudo muito pensado.
Claro. Estávamos falando de um casamento maduro, com uma decisão tomada a dois. Isso é passado, não quero falar mais sobre isso.
O que a fama te trouxe de melhor e pior?
A fama só me trouxe benefícios. Gosto da vida pública, de ser abordada com carinho e atender meus fãs. Tem gente que não tem paciência para isso, eu tenho. Gosto de gente. Faço questão de atender cada um depois do teatro, de ouvir o que eles acham e sentir como o meu trabalho está chegando a eles. A fama me deu alguns limites como: não ir ao shopping domingo.
Você consegue ir ao shopping?
Numa segunda-feira sim, mas mesmo assim ainda é tumultuado. Amo supermercado, mas, se vou, é de madrugada. Se me largar com uma lista, vou linda, imagina. Adoro comprar. Nos Estados Unidos, amo farmácia também.
Você e Jarbas moram juntos?
A gente está junto sempre. Jarbas, na verdade, mora em São Paulo, e lá a gente mora junto. Quando ele está aqui, a gente mora na mesma casa também. Não existe uma casa nova para nós dois. Moro aqui com meus filhos e um pouco lá com ele. Aí você vai me pergunta qual estado civil.
Pois é. Qual é?
Juntos. Por que tem que ter esse formato: namorado, casado, noivo? Somos seres livres que escolhemos ficar juntos.
Pretende mudar?
Tá ótimo assim, não pretendo mudar. Não se mexe no que está dando certo. Estamos juntos para tudo, na vida, na arte e em todos os momentos. Se isso é estar casado, estamos casados.
Quero saber o que você ainda sonha para a sua vida.
Menino, mas a gente não vai acabar essa entrevista nunca mais. Tem tanta coisa. Ah, Claudia, você já tem tudo.
É verdade tenho tudo, mas o que tenho para conquistar ainda, meu amor… A minha idade física e mental é de 14 para 15 anos. Imagina a Claudia nos anos 80? É a mesma pessoa. Outro dia, estava lendo sobre entusiasmo. E eu sou assim. Sou alegria para mim e para as pessoas. E olha que nem tomo remédio para isso. Gosto de falar com você porque não é todo mundo que entende meu humor.
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