5.12.2014

Tratamento com corrente elétrica pode retardar o Alzheimer


Em estudo inicial, pesquisadores observaram que estimulação cerebral profunda ajuda a estabilizar ou melhorar a cognição de pessoas com a doença

Eletricidade no cérebro: estudo mostra que tratamento com corrente elétrica que já é usado para tratar Parkinson pode ajudar pessoas com Alzheimer
Eletricidade no cérebro: estudo mostra que tratamento com corrente elétrica que já é usado para tratar Parkinson pode ajudar pessoas com Alzheimer
Pesquisadores da Alemanha testaram uma nova abordagem para barrar o avanço dos sintomas do Alzheimer – e descobriram que a técnica pode até retardar alguns dos danos causados pela doença. Atualmente, nenhum tratamento disponível contra o Alzheimer faz com que a doença regrida, mas apenas que se estabilize ou que a sua progressão seja mais lenta.
O estudo, ainda inicial – incluiu apenas seis pacientes —, fez uso da estimulação cerebral profunda para tratar essas pessoas, todas diagnosticadas com Alzheimer. Na técnica, os médicos realizam uma cirurgia pouco invasiva para implantar, na cabeça do paciente, um eletrodo que fica conectado a um dispositivo semelhante a um marca-passo. O aparelho, então, emite impulsos elétricos e estimula o funcionamento da região cerebral na qual o eletrodo foi inserido.
A estimulação cerebral profunda já é aprovada no Brasil para controlar tremores de pacientes com doença de Parkinson, mas estudos indicam que o tratamento também pode ajudar pessoas com epilepsia, anorexia, TOC e depressão.
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Região estratégica — Na nova pesquisa, feita na Universidade de Colônia, Alemanha, os autores optaram por usar a técnica para estimular uma área específica do cérebro dos pacientes chamada núcleo basal de Menyert. De acordo com os especialistas, essa é uma das regiões nas quais o Alzheimer provoca a perda de neurônios.
Os seis participantes do estudo foram submetidos ao tratamento durante um ano. Os pesquisadores avaliaram a função cognitiva – como memória, raciocínio e capacidade de tomar decisões — dos pacientes uma semana antes do início da estimulação e durante todo o ano.
Os resultados, publicados nesta terça-feira na revista Molecular Psychiatry, mostraram que a função cognitiva de quatro dos seus pacientes permaneceu estável ou melhorou — os outros dois participantes apresentaram um declínio cognitivo. O tratamento demonstrou ser seguro, sem efeitos adversos graves. 
Os autores concluíram que a estimulação cerebral profunda pode ser uma alternativa segura para barrar a doença de Alzheimer na maioria dos pacientes. Estudos maiores precisam ser feitos para que os resultados sejam confirmados.
Eletricidade — O conjunto de técnicas que usam corrente elétrica para interferir na atividade cerebral e tratar doenças, como a estimulação cerebral profunda, é conhecido como neuromodulação. Hoje, diferentes tipos dessa abordagem são aprovados no Brasil para o tratamento de males como depressão, Parkinson e epilepsia. A terapia parte do princípio de que o cérebro é plástico – e, portanto, capaz de ser moldado –, e visa estimular os neurônios a atingirem o efeito desejado.
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Estimulação magnética transcraniana (EMT)

Como funciona: Não exige anestesia ou cirurgia. Um equipamento cria um campo magnético que estimula a produção de corrente elétrica dentro do cérebro do paciente, aumentando ou inibindo a atividade neural em regiões específicas do órgão. Essas áreas estimuladas dependem da condição que está sendo tratada. O aparelho custa até 120 mil reais e pode ser manuseado somente por médicos. Um tratamento com a técnica costuma levar de dez a quinze sessões feitas diariamente.
Indicações: Seu uso clínico é aprovado desde 2012 no Brasil para o tratamento de depressão e alucinações auditivas de esquizofrenia que não responderam aos medicamentos tradicionais. 
Efeitos colaterais: São praticamente nulos: 0,1% das aplicações registraram crises convulsivas.
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Anorexia

Uma pesquisa publicada no início deste ano testou, pela primeira vez, a estimulação cerebral profunda para tratar seis mulheres com anorexia grave que não haviam respondido aos tratamentos convencionais. No estudo, a equipe da Universidade Health Network, no Canadá, buscou estimular regiões do cérebro associadas a ansiedade, depressão e a imagem do próprio corpo. Nove meses depois do tratamento, com a exceção de uma participante, todas as outras voltaram a ganhar peso ou apresentaram uma melhora significativa da condição.

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