São Paulo – O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, depõe nesta quinta-feira na CPI da Petrobras.
Vaccari afirmou à CPI que nunca tratou das finanças do PT com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, tampouco com o ex-diretor Renato Duque ou com o ex-gerente da estatal Pedro Barusco.
Também negou ter tratado dos recursos do partido com o doleiro Alberto Youssef ou com o lobista Fernando Baiano. Todos eles estão envolvidos no esquema de corrupção na Petrobras, investigados pela Operação Lava Jato. Vaccari disse, no entanto, que conheceu todos essas pessoas, sendo que com algumas delas encontrou-se apenas uma vez.
Em relação a Pedro Barusco, Vaccari diz que o conheceu quando Barusco já estava aposentado e reiterou que nunca falou das finanças do PT com o ex-gerente da Petrobras. "As declarações do senhor Pedro Barusco, nos termos que está na delação premiada, no que se refere a minha pessoa, não são verdadeiras", afirmou.
Questionado pelo relator, o deputado Luiz Sérgio, Vaccari disse que teve contato com alguns executivos de empresas investigadas na Operação Lava Jato. “Como tesoureiro, é comum que façamos visitas a empresas na busca de captação de recursos para atividades partidárias”, afirmou.
Ele admitiu ter tido contato com Gerson Almada, ex-vice-presidente da Engevix, Eduardo Leite, da Camargo Corrêa, e Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia.  
O tesoureiro também negou que tenha contas no exterior. "Não tenho conta no exterior. Tenho apenas uma conta corrente e um cartão de crédito aqui no Brasil", disse. 
Doações partidárias
Vaccari começou seu depoimento fazendo uma comparação entre os valores doados pelas empresas investigadas na Operação Lava Jato para diferentes partidos.
A intenção do tesoureiro é mostrar que as doações recebidas pelo PT são equivalentes às recebidas por PMDB e PSDB. “Embora os partidos tenham características diferentes, a equivalência de arrecadação se mantém”, afirmou. O tesoureiro levou à CPI gráficos que mostram as doações recebidas pelos principais partidos do país.
João Vaccari Neto afirmou ainda que todas as doações recebidas pelo PT são declaradas à Justiça Eleitoral. “Todas as doações que recebemos são através de transações bancárias com a emissão de recibos, e são contabilizadas e declaradas à Justiça Eleitoral”, afirmou.
Questionado pelo relator sobre a existência de Caixa 2, Vaccari reafirmou que, de 2010, quando ele se tornou tesoureiro do partido, as doações são todas declaradas.
Ratos
A sessão da CPI que ouve o tesoureiro do PT começou por volta das 10h e seu depoimento teve início por volta das 11h.
A entrada de Vaccari na sessão foi tumultuada. Assim que o tesoureiro chegou, uma caixa de ratos foi solta na sala, gerando confusão. De acordo com a Folha de S.Paulo, a ação foi orquestrada pela oposição.
O presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), determinou que a polícia legislativa identifique os responsáveis pelo ato. Deputados governistas acusaram a oposição de tentar tranformar a CPI num "circo".
O tesoureiro presta depoimento na condição de acusado, e não como testemunha. Com isso, ele poderia permanecer calado durante a sessão, mas até agora responde às questões feitas pelo relator.
Segundo o Ministério Público Federal, o tesoureiro do PT tinha conhecimento da origem ilícita das doações ao partido feitas por empreiteiras ligadas ao esquema de corrupção.
Vaccari e o PT negam as acusações. O partido tem afirmado que todas as doações que recebe são legais e devidamente declaradas à Justiça Eleitoral.