4.27.2010

Creatina e cafeína liberada para atletas

Anvisa libera uso de suplementos de creatina e de cafeína para atletas

Substâncias não estavam na legislação e eram vendidas irregularmente.

Atletas de fim de semana não devem usar suplementos, recomenda agência.

Uma dieta balanceada, diversificada é suficiente para atender as necessidades nutricionais destas pessoas"

A Anvisa, no entanto, não recomenda o uso desses suplementos por praticantes de exercícios físicos para recreação, estética e promoção da saúde.

Os chamados atletas de fim de semana não necessitam de grande explosão física. “Uma dieta balanceada, diversificada é suficiente para atender as necessidades nutricionais destas pessoas”.

A diretoria da Anvisa justificou a liberação argumentando que a proibição vigorava até hoje por conta da falta de estudos sobre o efeito dessas substâncias na saúde do atleta.

“Não se tinha segurança sobre o uso dessas substâncias. Até hoje, os produtos que tinham no mercado eram todos clandestinos. A partir de agora, com os estudos que foram feitos, eles podem ser comercializados.

O rótulo das embalagens de suplementos de creatina terão que apresentar duas mensagens: “O consumo de creatina acima de 3g ao dia pode ser prejudicial à saúde” e “Este produto não deve ser consumido por crianças, gestantes, idosos e portadores de enfermidades”.

As empresas também terão que imprimir a mensagem: “Este produto não substitui uma alimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionista ou médico”.

Pelas novas regras, foram retirados da classe de alimentos destinados a esportistas de alto rendimento os aminoácidos de cadeia ramificada – conhecidos como o suplemento BCAA, por exemplo.

A justificativa para o veto aos aminoácidos da cadeia ramificada é a constatação da Anvisa de que, apesar de não representar risco à saúde, esse composto não cumpria o efeito prometido do fornecimento de energia. As empresas terão 18 meses para se adequar às novas regras.

Novas aplicações no futuro
O Brasil era o último país do mundo que ainda não havia liberado a comercialização de suplementos de creatina,

Não é uma substância salvadora, mas seus efeitos terapêuticos são extremamente promissores, por mais que a creatina tenha sido ‘maltratada’ nos últimos anos

A liberação anunciada pela Anvisa é “extremamente positiva” e abre caminho para, algum dia, a substância ser usada pela população em geral, e por idosos especialmente, até mesmo mais do que em atletas.

Ela não é uma substância salvadora, mas seus efeitos terapêuticos são extremamente promissores, por mais que a creatina tenha sido ‘maltratada’ nos últimos anos.”

Nada a ver com doping

“É preciso deixar claro que creatina não tem nada a ver com doping. Ela é encontrada em alimentos tão comuns quanto carne, e o ser humano possui enzimas que processam essa substância. Em uma população como a brasileira, que consome muita carne, todos seriam tecnicamente dopados”, que pesquisa o tema há nove anos.

Não há risco adverso. O maior efeito é ganho de peso corporal. Tudo mais, podemos dizer, é lenda.

“A creatina tem um potencial terapêutico imenso e não há risco adverso. O maior efeito é ganho de peso corporal. Tudo mais, podemos dizer, é lenda.

”A principal objeção que alguns especialistas apontam em relação ao consumo de creatina é um suposto efeito prejudicial sobre as funções renais. “Nós já elaboramos uma série de trabalhos apontando que a creatina não prejudica a função renal”.

“Mesmo em alguns casos de distrofia muscular já pesquisados há efeitos benéficos comprovados.”

Diabetes e memória
Pesquisas atuais avaliam o uso de creatina no tratamento de diabéticos. “Ela melhora o controle metabólico em caso de diabetes. Aumenta proteína para colocar açúcar do sangue para dentro do músculo.

É similar à metformina, o medicamento antidiabetes mais empregado.” Há estudos também, para aferir efeitos da creatina no campo da cognição em geral, melhorando memória e aprendizagem.

Há preconceito contra o substrato energético porque a creatina é barata e não patenteável, o que desestimula a proliferação de pesquisas sobre seus efeitos.

“A proibição que vigorava até hoje agravava essa situação, porque os comitês de ética das universidades não se sentiam confortáveis em autorizar pesquisas.

O Brasil era o único que proibia. A França chegou a proibir por algum tempo com base em argumentos de baixa qualidade científica.”

Ricardo Muniz
G1.com

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