Uma criança de nove meses recebe alimento, após ser salva por membros da equipe de resgate. Qinghai, 15/04/2010. Foto: Reuters
PEQUIM - Equipes de resgate lutavam ontem contra a altitude, a dificuldade de acesso e o frio para tentar salvar vítimas soterradas pelo terremoto de 7,1 graus na escala Richter que atingiu a Província de Qinghai, no noroeste da China, e deixou pelo menos 760 mortos e mais 11 mil feridos, sendo alguns em estado grave.
O epicentro do tremor localizou-se na cidade de Yushu, próxima da fronteira com o Tibete, que fica a 4.000 metros de altitude e a 800 quilômetros da capital da província, Xining. Quase todos os habitantes do local são tibetanos, que vivem em casas típicas de barro e madeira.
As construções são frágeis e cederam facilmente ao terremoto, o que explica o alto número de feridos.
Segundo a agência oficial de notícias Nova China, 85% das casas e 70% das escolas de Yushu foram destruídas pelo tremor, que ocorreu às 7h49 locais de ontem (noite de terça-feira em Brasília). Em uma das escolas havia entre 30 e 40 pessoas soterradas, que equipes de resgate tentavam com dificuldade retirar dos escombros.
"Nós temos de usar principalmente nossas mãos para tirar os escombros, já que não temos grandes máquinas escavadeiras", disse um policial da equipe de resgate chamado Shi Huajie. O terremoto também derrubou templos, provocou deslizamentos de terra, interrompeu estradas e afetou o fornecimento de energia. A operação de resgate foi comprometida por 18 tremores secundários que ocorreram ao longo do dia, o mais forte dos quais atingiu 6,3 graus na escala Richter.
O número de mortos pode subir em razão do grande número de pessoas ainda soterradas sob os escombros de casas, escolas, lojas e templos. Até a noite de ontem, 40 corpos haviam sido retirados de locais que desabaram.
"Vejo pessoas feridas em todos os lugares. O maior problema agora é que nós temos falta de tendas, equipamento médico, remédios e médicos", afirmou um funcionário da prefeitura de Yushu. "As ruas estão tomadas por pessoas em pânico e feridas, muitas das quais sangrando na cabeça", acrescentou.
Os hospitais da região eram incapazes de atender à demanda de milhares de feridos que precisavam de socorro. Na noite de ontem, 3.600 feridos estavam recebendo tratamento, de acordo com as autoridades locais. A organização Médicos Sem Fronteiras anunciou o envio de três médicos para avaliar a situação em Yushu, mas eles só conseguirão chegar ao local no sábado.
Dificuldades. Os que sobreviveram enfrentaram o drama de passar a noite desabrigados, com temperaturas abaixo de zero e vento intenso. O governo despachou para o local 10 mil tendas e 100 mil cobertores e casacos, quantidade insuficiente para atender todos os que perderam suas casas.
Durante o dia de ontem, 700 soldados participavam das operações de resgate, enquanto outros 4.600 estavam a caminho da região. Além de buscar sobreviventes, eles tinham de reparar a estrada que serve o aeroporto local e abrir caminho para a chegada de socorro. O vice-primeiro-ministro Hui Liangyu chegou a Yushu na noite de ontem para coordenar os trabalhos.
A Província de Qinghai é vizinha à de Sichuan, onde há quase dois anos um terremoto de 8 graus provocou a morte de 87 mil pessoas, das quais pelo menos 5.300 eram alunos que estavam nas escolas no momento do tremor. "Nossa prioridade é salvar os estudantes. Escolas sempre são lugares onde há muitas pessoas", afirmou Kang Zifu, militar que participa das operações de resgate.
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